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A Câmara pariu mais um rato   
Ponto de Vista

A Câmara pariu mais um rato  

O transporte público não pode ser visto como um meio de transporte urbano e interurbano , mas sim uma ferramenta para combater as desigualdades sociais e garantir uma melhor justiça social e mais igualdade de oportunidades. Ponham isso em consideração, não tem como não ver que os transportes devem crescer junto com as cidades, isto é qualidade de vida.

A ilha do Sal foi agraciado com um  terminal de hiace, que foi apresentado como um projeto magnífico, uma suposta solução para a desordem da classe e previsto para melhorar a qualidade de vida dos Salenses. Mais uma vez a "montanha pariu um rato", pois este projeto nada vem acrescentar ao problema de mobilidade, muito menos resolver os problemas sociais criados pela falta de uma política de transporte eficaz, por ser, simplesmente,  mais um projeto que não procede um estudo sobre os problemas dos transportes.

Além disso, por ser uma cópia do que acontece na Ilha de Santiago, mais propriamente no terminal da Assomada e no Tarrafal de Santiago. Recentemente vi este desabafo escrito num "post", no qual dizia-se que o terminal é a "sequência  da incapacidade dos nossos governantes em não se  adaptar aos problemas  de cada Ilha" e a seguir a habitual tendência em Cabo Verde, que é, a de copiar tudo o que os outros fazem.

Esta tendência dos executivos é sempre copiar um projeto que teve sucesso numa outra ilha/município ou país, sem ao menos entender se o mesmo se replica no seu município.

No caso da ilha de Santiago, existem muitas câmaras municipais entre Praia e Tarrafal, o que dificulta um consenso para a criação de um sistema de transportes urbanos e interurbanos. Mas no Sal, esse problema não se coloca, por ser uma Ilha pequena, termos um único município e ainda não temos tantos hiaces como na Ilha de Santiago.

O nosso único entrave, na implementação de uma política de transporte,  é a falta de coragem política dos governantes populistas que por um lado, estão sem capacidade de apresentar uma solução que não irá ter alguma popularidade entre a classe e por outro lado, porque fazem uso dessa classe como bengala na época das eleições.  Prova disto é que virou tradição o aumento de licenças nas épocas de eleições.

O correto é pensarmos num bom sistema de transporte público, que possa satisfazer todos os setores sociais, principalmente aqueles que mais precisam de se deslocar, nomeadamente as pessoas de baixa renda, criando assim, condições para melhorar a situação financeira destas com a aquisição de passes sociais ou isenções. Ouvimos muitas pessoas a afirmar que este ou aquele trabalho não compensa por causa dos preços nos transporte e principalmente, porque as empresas não incluem o subsídio de transporte nos salários,  preferindo assim, que muitos fiquem em casa do que arriscar sufocar mais a vida, o que contribui para alimentar mais ainda o assistencialismo atual.

É preciso aceitar e analisar que este fator "má política de transporte" é um grande sustento do assistencialismo atual na nossa sociedade.

Analisemos pois, qual a zona mais populosa dos Espargos e consequentemente a que mais necessita de transporte para ir a Santa Maria? É exatamente a zona norte, que ficará aproximadamente dois quilômetros do local escolhido para localização do projeto. Vamos obrigar as pessoas a andarem , aproximadamente dois quilômetros, pelas ruas da cidade, com péssimos passeios, e dentro de um sol abrasador, já que a arborização ficou esquecida nos planeamentos.

Questiona-se quais os critérios que o atual executivo e o seu gabinete técnico levaram em consideração para a seleção do local, ao em vez de se implementar um  projecto para Espargos, na qual contempla-se um segundo espaço na zona norte?

O transporte público não pode ser visto como um meio de transporte urbano e interurbano , mas sim uma ferramenta para combater as desigualdades sociais e garantir uma melhor justiça social e mais igualdade de oportunidades. Ponham isso em consideração, não tem como não ver que os transportes devem crescer junto com as cidades, isto é qualidade de vida.

O sistema de hiace teve a sua importância, mas acredito que o seu tempo acabou, assim como, no passado, foi o tempo das Juvitas. Com as novas exigências esse tempo chegou ao fim, qualquer investimento que não contribua para preparar a mudança para um outro sistema de transporte coletivo, está unicamente a contribuir para o adiamento do desenvolvimento da ilha, bem como o combate à desigualdade social.

Se queremos falar em justiça social, temos que obrigatoriamente falar dos transportes, problemas financeiros, desigualdades e mais oportunidades, ou seja, num todo é denominado - MELHORAR AS CONDIÇÕES DE VIDA. "

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