A União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) posicionou-se esta quarta-feira, 8 de maio, contra a venda da escola da Várzea à Embaixada dos Estados Unidos da América, por considerar que “vender uma escola é vender a alma de um povo”.
Em conferência de imprensa, no Mindelo, o presidente do partido, António Monteiro, deu conta da “indignação” da força política da oposição, num processo “mal conduzido”, porque dever-se-ia, primeiro, ajuntou, construir uma escola, o que “não aconteceu”.
“A atitude do Governo foi pouco pensada e sem uma reflexão profunda sobre os seus impactos sociais à comunidade da Várzea e da Cidade da Praia”, elucidou Monteiro, já que se trata da Escola Secundária Cónego Jacinto, que alberga 1800 alunos, 110 professores e 20 funcionários, sem contar, ajuntou, com as “muitas mulheres chefes de família” que ao redor da escola conseguem o seu ganha-pão diário.
Ademais, o líder da UCID questiona a utilidade a ser dada “aos cerca de 12 mil metros quadrados de terreno”, onde está localizada a escola, para ali nascer “paredes-meias” com o Palácio do Governo, uma embaixada de um país terceiro.
Questionou, por isso, se as normas de segurança interna foram todas tidas em atenção e se o Governo “estará a tomar a medida” pesando todas as consequências.
É que, para a UCID, a justificação constante da Portaria 14/2019 de 06 de Maio “não convenceu” porque “fugiu do teor e essência da questão, com subterfúgios” para a justificar.
“Foi vender por vender e fica a ideia de que a Educação não tem valor para este Governo”, precisou António Monteiro, para quem “um Governo que se preze” não lida desta “forma facilitista” com um sector como a educação.
Estando o mal feito, di-lo o presidente da UCID, o que se deve fazer agora “rapidamente”, e antes da retirada da escola daquele sítio, é construir um novo edifício para albergar os alunos e, assim, “minimizar o mal”.
Na portaria que autoriza a venda à Embaixada dos EUA do prédio urbano onde se localiza a Escola Secundária Cónego Jacinto, na Várzea (Cidade da Praia), o Governo justifica que, com as “necessidades futuras e a nova dinâmica” para o ensino em Cabo Verde, a actual instalação não se adequa às necessidades futuras, devido ao crescimento populacional na área abrangida e à integração de ensino do 1º ao 12º ano de escolaridade.
Mais, justifica-se na portaria, assinada pelos ministros das Finanças e dos Negócios Estrangeiros, que é do interesse do Estado de Cabo Verde a realização, no local, do projecto apresentado pela Embaixada dos EUA, tendo em atenção “os impactos na geração de emprego, na dinamização económica e na relação protocolar existente” entre os dois Estados.
Com Inforpress
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