"Recordar Aristides Pereira é também recordar o homem que teve de suceder Cabral", diz PR
Política

"Recordar Aristides Pereira é também recordar o homem que teve de suceder Cabral", diz PR

O Presidente da República disse esta quinta-feira, 16, que a divulgação de figuras como Aristides Pereira e o seu papel na luta que conduziu à independência de Cabo Verde é um imperativo que dever ser seguido por todos.

Ao presidir a cerimónia de abertura do Simpósio Internacional Aristides Pereira, sob o lema “Recordando o homem, edificando a história”, Jorge Carlos Fonseca disse que a chefia de Aristides Pereira foi o coroar de uma luta que conduziu Cabo Verde à Independência e à edificação do Estado, instrumento fundamental para a afirmação do país no concerto das nações.

“O peso da responsabilidade pelo cargo que a história lhe havia de colocar nas mãos, da ansiedade perante a colossal tarefa que viu diante de si, só a imaginação poderá dar-nos os vagos contornos”, parafraseou.

Neste sentido, salientou que é obrigação daqueles que, enquanto gerações mais velhas, cujo percurso acompanhou de perto como testemunha ou protagonista os acontecimentos que nos últimos 50 anos moldaram a história cabo-verdiana, “manter viva” a memória de um período “tão importante e tão rico”.

Por outro lado, adiantou que é “fundamental estimular o interesse pela história” nas escolas, nas universidades, junto das novas gerações, em Cabo Verde e na diáspora, sobretudo através da investigação de um “período tão rico” como foi período da libertação nacional.

“O conhecimento da história de um país e das suas figuras só enriquece o diálogo entre as gerações, assim como o debate de ideias e o aprofundamento da massa crítica e reforço da cidadania, que todo o Estado democrático deve ter”, disse, saudando essa “importante iniciativa”.

Para Jorge Carlos Fonseca, recordar Aristides Pereira é também recordar os ideais e as convicções do homem que teve a “difícil tarefa” de suceder a Amílcar Cabral, após o assassinato do líder do PAIGC.

Neste particular, realçou o papel que Aristides Pereira teve no processo que conduziu à independência nacional e o prestígio que viera a gozar no pós-independência e que, associada a adequada gestão dos parcos meios mobilizados, permitiram “ganhos importantes” para o país num período “particularmente difícil”.

“Esta trajectória iniciada com da luta pela independência e dignidade nacionais, e prosseguida com a construção do Estado, contou com a participação e liderança de Aristides Pereira. Juntamente com Amílcar Cabral fundou o PAIGC que tinha por objectivo essencial a independência da Guiné e Cabo Verde”, recordou.

Jorge Carlos Fonseca recordou também o facto de Aristides Pereira ter aceitado disputar eleições presidenciais, conformar-se, com tranquilidade, com os resultados desse pleito, de ter concedido posse ao primeiro Governo saído dessas eleições.

“São gestos que, sem dúvida, contribuíram de forma lapidar para que a transição decorresse sem sobressaltos de maior”, frisou o chefe de Estado.

O ex-presidente da República, Pedro Pires, considferou, por seu turno, que com Aristides Pereira o Estado Cabo Verde ganhou “visibilidade internacional” e granjeou “confiança e credibilidade”.

Pedro Pires referiu-se ao percurso político daquele que foi o primeiro chefe de Estado cabo-verdiano, recordando-o como um combatente da liberdade e um estadista. “Aristides Pereira, enquanto PR encabeçou a liderança de um Estado arquipelágico, pequeno, pobre e descapitalizado e ainda desconhecido. Coube-lhe a missão de activar o processo que devia conduzir à sua viabilização, credibilização e apresentação internacional”, disse.

Segundo Pedro Pires, nesse aspecto Aristides Pereira soube “aproveitar e valorizar” o património legado por Amílcar Cabral, um “exemplo de liderança inteligente e conceituada” de uma luta de libertação “vitoriosa e internacionalmente prestigiada”. “Com Aristides Pereira na Presidência o Estado de Cabo Verde ganhou imagem internacional interna de um país credível, confiável, empenhado no seu desenvolvimento e comprometido com a defesa das causas públicas internacionais, porquanto adoptou um discurso político consistente e ponderado”, recordou.

Durante esses três dias, convidados, adicionando ainda professores, estudantes universitários, investigadores, estudiosos e curiosos vão debruçar-se sobre a luta pela independência do país e a criação das condições necessárias para a afirmação do Estado soberano de Cabo Verde e o “papel fulcral” que Aristides Pereira terá tido em todo esse processo.

Para além de conferências proferidas por cientistas e investigadores nacionais e estrangeiros, prevê-se uma exposição sobre o percurso de Aristides Pereira, na Biblioteca Nacional.

Com Inforpress

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