O presidente do PAICV, Rui Semedo, alertou hoje para o “momento extremamente difícil” de Cabo Verde, face à escalada de preços, do desemprego e da queda do poder de compra, pedindo uma “postura” diferente de todos.
“Este é um momento extremamente difícil. E este momento deve exigir de todos os cabo-verdianos, mas também de todos os partidos políticos, atitudes e posturas diferentes”, disse Rui Semedo, no encerramento do congresso do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição desde 2016), que se realizou na Praia.
O líder do partido sublinhou que “Cabo Verde está a braços com grandes desafios”, aludindo à crise económica provocada pela pandemia de covid-19, à “subida extraordinária dos preços dos bens essenciais” nas últimas semanas, devido à guerra na Ucrânia, mas também face à “ausência de políticas ou políticas inadequadas ao momento atual” por parte do Governo.
“Com consequências claras na diminuição do poder de compra dos cabo-verdianos”, apontou, alertando em simultâneo para o “momento de grande desemprego” que o arquipélago, profundamente dependente do turismo, atravessa, com repercussões sociais e na criminalidade.
Para Rui Semedo, neste cenário, é necessário acabar com os “desperdícios”, nomeadamente na administração central, numa crítica ao Governo liderado desde 2016 pelo Movimento para a Democracia (MpD, maioria).
“Uma estrutura do Estado menos custosa, para poupar recursos”, exemplificou, defendendo a “fusão” de serviços públicos.
Apontou que Cabo Verde enfrenta desafios como o da segurança alimentar e energética, dada a escalada de preços atuais e a seca dos últimos três anos, mas também na correção das “assimetrias”, regionais e sociais, assim como na promoção do emprego e do combater o desemprego e a habitação condigna, para os quais o PAICV pretende dar resposta.
Apontou ainda a necessidade de uma “revolução” no sistema de ensino cabo-verdiano, de uma aposta na “saúde de qualidade” e na coesão territorial.
“Temos de gerar mais riqueza em Cabo Verde. Cada cabo-verdiano está desafiado para produzir mais e mais, para recuperar o tempo perdido”, disse ainda, no discurso de encerramento do congresso e que o consagrou como líder.
Rui Semedo pediu igualmente diálogo “dentro” e “entre” os partidos em Cabo Verde, e destes com a sociedade, a pensar no “desenvolvimento” do país.
“E para estes desafios, precisamos de um partido à altura”, afirmou o líder do PAICV.
Pedindo um partido “inovador” e “útil” aos consensos em Cabo Verde, Rui Semedo prometeu “trabalho” para apresentar “resultados” nos próximos três anos.
“O congresso foi tão bom, que dá vontade de pedir para não terminar”, disse, sublinhando a “partilha” de propostas ao longo dos últimos três dias e o “esforço” que foi feito para ter listas “mais integradoras”, representativas das regiões, género e atividades dentro do partido, para assim “dar mais equilibro” aos órgãos nacionais.
O PAICV reuniu-se desde sexta-feira, no edifício da Assembleia Nacional, na Praia, o XVII congresso nacional, durante o qual 381 delegados apreciaram a Moção de Estratégia de Orientação Política Nacional para o triénio 2022-2025 do novo líder, Rui Semedo, eleito em 19 de dezembro.
O congresso do maior partido da oposição em Cabo Verde – inicialmente previsto para janeiro passado e adiado devido à pandemia de covid-19 - envolveu ainda a eleição da Comissão Política e da Comissão Nacional de Jurisdição e Fiscalização, que assim se juntam ao presidente eleito, para conduzir os destinos do PAICV nos próximos três anos.
Cabo Verde encerrou, em 17 de outubro de 2021, com eleições presidenciais – que elegeram à primeira volta o antigo primeiro-ministro e antigo líder do PAICV José Maria Neves como Presidente da República - o ciclo eleitoral iniciado em 25 de outubro de 2020, com eleições autárquicas.
Seguiram-se as eleições legislativas em 18 de abril do ano seguinte, em que o MpD revalidou a maioria absoluta, o que levou a então líder do PAICV, Janira Hopffer Almada, a apresentar a demissão, antecipando a escolha de um novo presidente e dos novos órgãos do partido.
O próximo ciclo eleitoral em Cabo Verde deverá iniciar-se em finais de 2024, com eleições autárquicas, prosseguindo dois anos depois com a realização de legislativas e
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