“Partido que executa contragolpes e acusa sem factos não tem moral para mandar pedir desculpas” – vice-primeiro-ministro
Política

“Partido que executa contragolpes e acusa sem factos não tem moral para mandar pedir desculpas” – vice-primeiro-ministro

O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças disse hoje que um partido como o PAICV, “que executa contragolpes, acusa sem factos e usa palavra duras” na sua comunicação política “não tem moral” para exigir pedidos de desculpas.

Olavo Correia reagia às declarações do líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Rui Semedo, que na passada quarta-feira, 30, informou que o PAICV não vai sentar-se à mesa para discutir com o Governo qualquer assunto, e exigiu um pedido de desculpas por parte do primeiro-ministro, por considerar que o partido foi “ofendido e menosprezado”.

Olavo Correia sublinhou que não se pode exigir um pedido de desculpas quando o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, só falou a verdade quando disse que as propostas apresentadas pelo partido em sede da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2023 (OE’2023) eram “mais para complicar do que resolver”, salientando que, “feitas as contas”, se constatou que pelos menos “as mais relevantes custam a volta de 10 milhões de contos”.

“Quando se fala a verdade não há razões nenhumas para pedir desculpas”, disse, adiantando que o PAICV foi convidado apresentar as propostas pelo ministro das Finanças no quadro da elaboração do OE’2023, tendo o partido apresentado “zero propostas”

“Estive eu próprio e toda minha equipa, a todo o tempo disponível, e o PAICV apresentou zero propostas. Fomos à comissão especializada também o PAICV apresentou zero propostas. O PAICV aparece na plenária com propostas em cima da hora, propostas não quantificadas. Quando nós perguntamos qual é o valor, quais são as consequências, qual é o impacto o PAICV diz para o Governo analisar e avaliar. Na plenária? isso não é responsável”, considerou.

O vice-primeiro-ministro afirmou que o PAICV queria apenas apresentar as propostas para serem rejeitadas e ter a glória de ter o direito à declaração de voto para fazer demagogia e populismo.

“Parece que nem sequer o PAICV tem a noção da dimensão em custos das propostas que apresentou. Portanto, 10 milhões de contos significa quase que triplicar o défice orçamental. Seria uma destruição completa do quadro macroeconómico, da estabilidade macroeconómico que são activos importantes   para contribuição de um futuro melhor”, explicou

Por isso, mesmo esclareceu que essas propostas não poderiam ser aceites porque seria de todo inaceitável e irresponsável a assunção   de qualquer de uma das propostas que foram apresentadas.

Uma das propostas do PAICV e que foi destacada pelo vice-primeiro-ministro é a redução do Governo, que o principal partido da oposição classifica de “gordo”.

O governante esclareceu que em impacto das despesas do Governo em relação às despesas totais da administração representam a volta dos 5% e chamou atenção para o facto de a avaliação “de gordo” ir além dos custos.

“Olhar apenas para os custos é para os alunos de quarta classe. Quando se fala de custos temos de ver também os benefícios. Não deve ser analisar apenas do ponto de vista de quanto gastamos, mas qual é o resultado da governação”, disse o vice-primeiro-ministro, adiantando que os resultados têm sido “altamente positivos e reconhecidos” pelas entidades nacionais e internacionais.

Em relação ao convite formulado ao PAICV para a discussão do PEDS II, e que Rui Semedo considera que chegou tarde, Olavo Correia explicou que há uma metodologia que tinha de ser seguida, adiantando que o convite chegou “na hora certa”.

Isto porque, precisou, o Governo tinha que realizar um debate técnico, antes de se avançar para o debate político institucional do documento e que houve “vários debates abertos” que o PAICV foi convidado e podia participar.

“Portanto há um quadro metodológico que tem de ser observado porque nós não começamos pelo debate político antes de termos um debate técnico sereno, tranquilo e termos uma visão clara para podermos então discutir e confrontar com a visão que eventualmente o PAICV possa ter”, sustentou.

Neste sentido, adiantou que o documento foi analisado em sede do Conselho de Ministros na quinta-feira, 01, e vai ser também apresentado no parlamento para um debate em que o PAICV pode também avaliar e apresentar a sua visão.

O vice-primeiro-ministro reconheceu que o confronto político “é duro”, mas disse esperar que esta situação venha a ser ultrapassada e sejam criadas as condições “de parte a parte” para que o e cooperação e diálogo sobre as diversas questões transversais continuem.

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