Parlamento. PAICV afirma que "Política Social do MpD são manobras para compra de votos e promoção da pobreza"
Política

Parlamento. PAICV afirma que "Política Social do MpD são manobras para compra de votos e promoção da pobreza"

A afirmação é da deputada do PAICV, Carla Carvalho, durante uma intervenção, esta manhã, no âmbito do debate com o ministro da Familia e Solidariedade Social, Fernando Elísio Freire, segundo a qual o governo do MpD “inaugurou o maior estado de compra de votos e de consciência da história deste país, implementou o maior estado de assistencialismo da história desta nação e produziu o maior estado de propaganda e marketing que este povo tem memória.”

“Na verdade, só se pode falar de maior estado social de um país, quando há um governo que cria empregos dignos; onde as famílias conseguem viver com dignidade, levar a panela ao lume, educar os seus filhos e cuidar dos seus idosos. Um estado social é um estado onde o país é de todos e para todos e ninguém é deixado para trás”, observa a deputada do PAICV eleita pelo círculo eleitoral de Santiago Norte, a segunda maior região política do país.

Carvalho fez questão de esclarecer, no início do seu discurso, que “um Estado Social é um Estado que cria empregos e rendimentos, promove oportunidades para os cidadãos, garante formação e inclusão dos jovens na vida económica da nação, investe na infraestruturação do país, protege os ativos competitivos nacionais, promove a ascensão social e reduz a dependência das pessoas e das famílias”, acusando o governo e o partido que o sustenta, o MpD, de terem capturado o país, que neste momento, segundo as suas palavras, vive tempos sombrios.

“Cabo Verde é, nestes tempos sombrios, um Estado capturado por um partido político que governa focado numa empreitada desenfreada de engordar a máquina do Estado, ignorando o setor privado e esquecendo-se de mais de 170 mil cabo-verdianos que vivem na pobreza”, observa a deputada, para quem, em consequência, o país está sendo vitima de vários problemas sociais, como a violência urbana, o abandono escolar, o desemprego, “empurrando milhares de jovens para as filas nos corredores das embaixadas à procura, desesperadamente, de uma saída para o exílio.”

Bastante contundente nas suas críticas, Carla Carvalho não mede as palavras quando afirma que “os discursos já não convencem”, e que Cabo Verde está perante “um governo e um partido que inauguraram o maior estado de compra de votos e de consciência da história deste país, um governo e um partido que implementaram o maior estado de assistencialismo da história desta nação, um governo e um partido que produziram o maior estado de propaganda e marketing que este povo tem memória.”

Carvalho ilustra as suas acusações trazendo as viagens do ministro do Estado, Fernando Elísio Feire, em missão de distribuição de fundos de apoios sociais, como rendimento social de inclusão e apoios para pequenos negócios um pouco por todos os concelhos do arquipélago, viagens essas vistas pela deputada como dispensáveis, porque apenas expõem as pessoas e as fragilizam na sua autoestima.

“Nos últimos tempos, tornou-se natural ver o Ministro do Estado, Fernando Elísio Freire, a passear pelos municípios do país, expondo a população mais vulnerável, vendendo uma imagem de bem feitor, quando pende sobre ele o dever de explicar a todos que as prestações sociais são direitos e não ajudas e que os encontros envoltos numa campanha mediática são de todo dispensáveis, na medida em que ferem a dignidade humana e fragilizam as pessoas na sua autoestima”, regista.

Ainda no mesmo tom de acusações, a deputada e presidente da Comissão Política do PAICV em Santiago Norte, lembrou que os instrumentos de política social do MpD só são utilizados em momentos eleitorais, quando questiona: “quem não se lembra do Cadastro Social Único, que esteve engavetado desde 2017 e só foi implementado, massivamente, pós-outubro de 2020, quando perderam um número expressivo de Câmaras Municipais e sentiram que o poder estaria a fugir-lhes das mãos.”

Nesta mesma perspetiva, Carvalho alerta que o Fundo Mais vai seguir o mesmo caminho, ou seja, vai estar ao serviço dos ciclos eleitorais, sobretudo com o aumento de mais de 600% que vai receber em 2024, ano de eleições autárquicas.

“Como eventualmente o Cadastro Social já deu o que tinha para dar, o governo acaba de puxar da cartola uma nova manobra, a que deu o nome de Fundo Mais. Previsto em 95 mil contos em 2023, vai ter um aumento no valor de 560 mil contos em 2024, um aumento de quase 600% em ano eleitoral”, constata da deputada que conclui: “não há, pois, qualquer compromisso com o desenvolvimento pessoal e familiar dos cabo-verdianos, mas sim a promoção e perpetuação da pobreza, o aumento das desigualdades e da dependência às vontades de políticos e governantes em momentos bem determinados.”

Antes de terminar a sua alocução Carla Carvalho chamaria ainda os parceiros do desenvolvimento de Cabo Verde no sentido de estar alerta ao que está a acontecer com a gestão das ajudas que estes têm dado aos cabo-verdianos, nestes termos: "daqui desta tribuna, alertamos a nação e os parceiros de desenvolvimento de Cabo Verde, de que a política social que este governo está a implementar, não combate a pobreza, não promove a qualidade de vida das pessoas, e muito menos, o desenvolvimento social e económico. O governo está a utilizar as ajudas internacionais para condicionar as pessoas e obter dividendos eleitorais."

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