Orlando Dias apresenta “Nova Carta Política para unir o MpD” e que oficializa sua candidatura: “a actual liderança tem dado primazia a questões marginais, pessoais”
Política

Orlando Dias apresenta “Nova Carta Política para unir o MpD” e que oficializa sua candidatura: “a actual liderança tem dado primazia a questões marginais, pessoais”

Orlando Dias volta a apoiar-se no “resgate do MpD”, para oficializar a sua candidatura à liderança do partido, através da apresentação da “Nova Carta Política para unir o MpD e a nação cabo-verdiana”. O acto decorreu esta manhã, 6, num dos hotéis da capital, apinhada de apoiantes do político santacruzense. “O MpD tem que voltar a ser um partido verdadeiramente democrático”, defendeu, para mais à frente propor soluções e caminhos para “um novo ciclo político” dessa força política que governa o país há dois mandatos seguidos.

Cerca de 80 militantes do MpD e apoiantes de Orlando Dias estiveram atentos a ouvir, esta manhã, o discurso do oponente de Ulisses Correia e Silva para a presidência do partido ventoinha, evento que teve direito a transmissão live nas redes sociais da candidatura alternativa encabeçada pelo actual deputado para o Parlamento da CEDEAO.

Logo a abrir, Dias virou a lança directamente para a actual direcção do MpD, concretamente ao seu presidente Ulisses Correia Silva, cujo nome evitou mencionar. “A actual liderança do MpD tem dado primazia a questões marginais de índole pessoal dentro do partido, contribuindo para a redução do protagonismo e da dinâmica da organização, através do empobrecimento do diálogo interno e, consequentemente, com a sociedade”.

No seu entender, os militantes, amigos e simpatizantes do MpD, “devem lutar contra o exercício do poder baseado na tomada de decisões por alguns dos principais dirigentes à porta fechada e nas costas da maioria dos membros do partido”, acrescentando, por isso, que “é necessário que o MpD retome o compromisso político responsável”.

“Não se deve permitir que o MpD seja um partido de classe e de aparelho e, por isso mesmo, é urgente que seja resgatada a ligação estreita entre os órgãos nacionais, as estruturas intermédias e as bases”, enfim, “devolver o partido aos militantes”, que garante estarem abandonadas, à excepção do periodo eleitoral.

Estas são, de resto, as razões que o levaram a decidir se candidatar à liderança do MpD, num processo que, diz, veio na sequência de um processo interno complexo, “que decorre de uma estratégia de poder com condicionalismos à liberdade de opinião, à extinção do debate interno e à imposição do pensamento único”.

Orlando Dias acredita que, com ele, o MpD do futuro será plural, organizado, com acção política junto das bases. Um MpD que “reintroduza a democracia interna”, “promova a valorização do mérito”, “que trabalhe para a estabilidade política”, “para transformar Cabo Verde num país industrializado”, “capaz de produzir riqueza”.

O MpD de Orlando Dias, de acordo com a Nova Carta apresentada hoje, defende a “implementação de mecanismos legais e institucionais de luta contra a corrupção, o nepotismo, o clientelismo, compadrio e o amiguismo”. Dias propõe ainda reformas nos sistemas de Educação, Saúde, Segurança, Economia, Agricultura e Ambiente, Habitação, Energia e Infra-estruturas”, com o objectivo de Cabo Verde poder “erradicar a pobreza’.

Ousado e seguro da sua intenção, o político de Santa Cruz, antigo ministro da Saúde e deputado pelo circulo de África olha muito mais longe e propõe desde já mexer na Constituição da República, através “de uma profunda revisão para permitir mudanças evolucionárias no processo de desenvolvimento de Cabo Verde”.

Por exemplo, Dias considera central a moralização da gestão dos recursos públicos “num país pobre e com grandes desigualdades sociais”. Daí defender a redução do número de deputados na Assembleia nacional de 72 para 52, redução de membros do governo para máximo de 12, cortar no número de vereadores de 9 para 7; 7 para 5; 5 para 3; e ainda nos eleitos municipais, de 21 para 17; 17 para 13; e de 13 para 9.

O candidato à liderança do MpD quer menos institutos públicos, proibição de acumulação de salários no Estado e defende um tecto de 200 contos de salário por mês na administração e em empresas públicas.

Várias vezes interrompido com ovações e vivas dos apoiantes, Orlando Dias prometeu uma liderança forte, tolerante e determinada caso vença Ulisses Correia e Silva nas eleições internas deste ano. ‘É hora da virada, de despertar as consciências e desafiar os limiutes”, rematou.

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