Olavo Correia regressa aos quadros do Banco de Cabo Verde
Política

Olavo Correia regressa aos quadros do Banco de Cabo Verde

A decisão foi tomada na sessão do Conselho de Administração do Banco de Cabo Verde (BCV) do passado dia 11 de Agosto. Olavo Correia, ministro das Finanças e da Administração Pública reintegra no quadro do BCV, treze anos após ter deixado a casa para trabalhar no sector privado.

Hoje ministro das Finanças e da Administração Pública de Cabo Verde e deputado da nação com mandato suspenso, no Banco Central esta deliberação é vista como uma sentença de um “juiz em causa própria”. Porquê? "Porque sendo Olavo Correia ministro das Finanças e tutela do BCV, dificilmente o governador do Banco Central, João Serra, e seus pares do conselho, teriam coragem para decidir em contrário", diz a nossa fonte proxima do BCV.

"É, pois, um processo complexo, onde impera uma relação de jogo desigual entre tutela e tutelado. Na verdade, o tutelado dificilmente toma decisões contrárias à vontade da tutela, sendo certo que nas relações deste tipo normalmente a lei do mais forte fala mais alto". Este é o sentimento das fontes de Santiago Magazine sobre o assunto, para quem é uma questão ética e transparência, "tão propalada pelo actual governo, e sobretudo pelo próprio Olavo Correia".

“Não é uma questão de legalidade. O ministro das Finanças é quadro do BCV. O que se coloca aqui é a questão ética, de transparência”, questionam, sob anonimato, tecnicos do Banco Central, observando que Olavo Correia “nem sequer vai ocupar o seu cargo no banco agora, porque continua como membro do Governo”.

Com efeito, as nossas fontes avançam que o BCV havia adoptado uma política de não reintegração, recusando várias solicitações de antigos quadros que se encontravam em licenças de longa duração. Ao Santiago Magazine foram avançados os exemplos de Abrãao Lima, Almerindo Fonseca, Péricles Silva, Rui Valentim Pinto”, embora este diário digital tenha informações de que cada caso possua o seu enquadramento específico.

Olavo Correia, da sua parte, deixou o BCV em 2004, quando terminou o seu mandato como Governador. Desde então trabalhou no privado (administrador da Tecnicil, administrador delegado do Montepio Geral, presidente da Câmara do Turismo), mas nunca numa instituição de carácter financeiro, facto que lhe confere algum conforto no quadro dos estatutos do BCV em vigor. Isto porque, segundo as nossas fontes, existem casos de reintegração que foram negados porque violavam o estatuto do BCV, sobretudo em relação aos quadros que pediram licença e foram trabalhar em instituições financeiras.

No entanto, o facto deste processo de reintegração não resultar na assunção imediata do visado ao seu cargo na instituição – Correia vai continuar a ser ministro das Finanças – é visto por muitos como um acto que circula na contramão das justificativas do BCV para recusar alguns pedidos anteriores.

“A política de não reintegração do BCV é justificada essencialmente pela necessidade de o banco contratar técnicos para cobrir as lacunas criadas com a saída dos quadros da casa”, diz uma fonte acrescentado que, “por forma a evitar excedentes num cenário onde seria obrigado a reintegração de quadros quando novos técnicos haviam sido contratados, o BCV optou por congelar as reintegrações.”   

Santiago Magazine tentou ouvir as posições de Olavo Correia e do governador do BCV, João Serra, sobre este assunto, mas ainda não nos foi possível.

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