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MpD refuta acusações de desvalorizar Amílcar Cabral e condena politização do centenário
Política

MpD refuta acusações de desvalorizar Amílcar Cabral e condena politização do centenário

O líder do grupo parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD) reagiu hoje às recentes afirmações do deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Démis Lobo Almeida, acerca das celebrações do centenário de Amílcar Cabral. Paulo Veiga esclareceu a posição do seu partido acerca do assunto e criticou a postura do partido opositor.

Veiga, que falava em conferência de imprensa, destacou que, embora haja respeito pelas opiniões divergentes em virtude do estado democrático, há discordância quanto às vozes críticas dirigidas aos deputados do MpD que se opuseram à "forma" como se propõe celebrar o centenário.

"O PAICV está a querer brincar com a inteligência e a memória dos cabo-verdianos," afirmou Paulo Veiga, reforçando que tal postura reflete uma oposição "vazia, oca e sem conteúdo".

O líder parlamentar do MpD frisou que os deputados do partido votam conscientemente, alinhados às políticas e ideologias do MpD e sempre com os interesses nacionais em mente. "Somos o partido da liberdade e da democracia, e na democracia, o consenso constrói-se nas diferenças", salientou.

A respeito de Amílcar Cabral, Veiga reconheceu os feitos históricos do líder pela independência de Cabo Verde, mas ressaltou que a luta deve ser enquadrada na resistência secular do povo das ilhas, mencionando as revoltas populares e a Revolução de Abril de 1974 em Portugal como eventos importantes para a história de Cabo Verde.

Este parlamentar também criticou o que considera ser uma tentativa de apropriação da figura de Cabral pelo PAICV, que, segundo disse, busca transformá-lo em um ícone de veneração e instrumento de campanha política, práticas que segundo estudiosos, seriam rejeitadas pelo próprio Cabral.

Veiga ainda questionou a ausência de homenagens significativas ao histórico líder por parte do PAICV durante seu tempo no poder e atribuiu ao MpD a iniciativa de erigir estátuas em sua homenagem.

Concluindo, o parlamentar defendeu a posição do MpD como “coerente” com os princípios do Estado de Direito Democrático, repudiando qualquer tentativa de impor, através de resolução parlamentar, uma vinculação do Estado que não seja alinhada às leis da República.

"Defendemos a igualdade moral de todos os cabo-verdianos, sem culto de personalidade," afirmou Veiga, reiterando o compromisso do MpD com a legalidade democrática.

A conferência de imprensa terminou com Veiga enfatizando que o partido continuará a agir em conformidade com a Constituição, assegurando as liberdades e direitos de todos os cidadãos cabo-verdianos.

Refira-se que o PAICV expressou esta quinta-feira, 02, profunda estupefacção após o MpD ter vetado, na última sessão da Assembleia Nacional,  a proposta de declarar 2024 como "Ano do Centenário de Amílcar Cabral", uma medida que visava homenagear o ícone da luta pela independência do país.

O deputado Lobo Almeida não poupou críticas, afirmando que "o MpD mostrou a sua profunda má-fé e desrespeito pela memória e o legado universal de Amílcar Cabral".

Almeida apontou directamente para o Presidente do MpD e Primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, por permitir que a reprovação ocorresse, alegando uma clara contradição com o apoio previamente expresso à celebração do centenário.

A postura do governo também foi criticada quando, segundo Almeida, a Ministra dos Assuntos Parlamentares, Janine Lélis, abandonou a sessão durante a votação, "numa clara demonstração de desrespeito".

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