O antigo primeiro-ministro cabo-verdiano Carlos Veiga admitiu à Lusa repetir a candidatura a Presidente da República, em 2021, mas apostando na “ligação estratégica” com os emigrantes, quando está a cessar as funções de embaixador nos Estados Unidos.
“Eu penso que hoje conheço muito mais [a diáspora] e estaria em posição de advogar para soluções para uma comunidade que já está muito ligada a Cabo Verde, mas que precisa de estar ligada estrategicamente”, afirmou Carlos Veiga, quando questionado se o serviço como embaixador podia fazer diferença numa eventual candidatura às eleições presidenciais de 2021.
Candidato em 2001, em que teve 49,95% dos votos e em 2006, quando obteve 49,02%, Carlos Veiga perdeu as duas eleições presidenciais contra Pedro Pires, com dados a mostrarem que o círculo eleitoral de estrangeiro marcou uma importante diferença, em favor do antigo Presidente.
“A questão é se os emigrantes vão votar”, defendeu o cabo-verdiano, fundador do partido Movimento para a Democracia (MpD), que terminou o serviço como embaixador nos Estados Unidos em 31 de janeiro.
Primeiro-ministro de Cabo Verde entre 1991 e 2001, Carlos Veiga não fez comentários acerca de outros possíveis concorrentes que poderá vir a enfrentar, como José Maria Neves, que lhe sucedeu como chefe de Governo em 2001, pelo partido PAICV e também tem sido indicado como possível candidato.
“Cabo Verde tem muita gente com capacidade para ser Presidente da República, é normal que haja candidatos e eu respeito a todos. (…) Não quero ser o único candidato, quero que haja outros candidatos e o povo que decida”, disse.
O cabo-verdiano explicou que nos últimos três anos, a fortalecer as relações com os Estados Unidos, passou a “conhecer muito melhor” a comunidade de emigrantes e “estar muito mais consciente dos problemas que essa comunidade tem, mas também aquilo que é necessário fazer para aproveitar o potencial”.
“Penso que adquiri esse conhecimento e isso vai poder ajudar a estabelecer as minhas ideias e a fazer as minhas propostas”, afirmou à Lusa.
O advogado e político também é, desde fim de 2018, embaixador não permanente em Israel e recordou que em Cabo Verde existe uma “comunidade de judeus muito importante, bem colocada e muito considerada” num país insular com uma “importante herança judaica” e que tem “muito a aprender de Israel”.
Já aposentado, Carlos Veiga admitiu que tem “muito a dar ao país” e que está “bem de saúde”, mas a decisão “ainda está em suspenso”.
O advogado considerou que “é normal” que se criem expectativas sobre a sua possível candidatura: “Há muita gente em Cabo Verde que pensa que sim e eu digo que não rejeito a hipótese. Considero que posso ainda dar a Cabo Verde muito do que o país me deu”, afirmou.
O que deu por certo, quando voltar ao país de origem, é voltar à advocacia e dedicar-se mais ao serviço privado, como consultor jurídico.
Carlos Veiga não referiu uma data para tomar uma decisão sobre uma terceira candidatura a Presidente da República, porque considera que “ainda falta muito tempo”, mas referiu ainda a sua “capacidade de ver os problemas e de ajudar a encontrar soluções” para chegar a esse cargo.
Com Lusa
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