Putin anuncia oferta de 25.000 a 50.000 toneladas de cereais a seis países africanos
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Putin anuncia oferta de 25.000 a 50.000 toneladas de cereais a seis países africanos

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse hoje que a Rússia poderá enviar gratuitamente entre 25.000 e 50.000 toneladas de cereais a seis países africanos nos próximos quatro meses. Cabo Verde não enviou qualquer representante para a Cimeira Rússia-África, justificando a sua ausência como protesto pela "invasão à Ucrânia".

"Nos próximos três a quatro meses estaremos prontos para fornecer gratuitamente entre 25.000 e 50.000 toneladas de cereais ao Burkina Faso, Zimbabué, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreia", afirmou o líder russo na sessão de abertura da cimeira Rússia-África, em São Petersburgo.

Putin acrescentou que a Rússia também irá suportar o custo do transporte dos grãos.

As palavras do chefe de Estado russo, transmitidas pela televisão russa, surgem num contexto de preocupação entre os países africanos, na sequência da recente rescisão do acordo sobre a exportação de cereais ucranianos para o Mar Negro.

Cabo Verde é o único país lusófono a não estar presente na Cimeira Rússia/África, que decorre esta quinta e sexta-feira, em São Petersburgo. O primeiro-ministro ignorou Moscovo e justificou aos jornalistas que Praia não quer ser interpretada como apoiante da “invasão à Ucrânia”.

“Cabo Verde não vai participar”, disse Ulisses Correia e Silva, ao ser questionado pelos jornalistas. O chefe do Governo disse que a não participação do país na cimeira não terá implicações, uma vez que Cabo Verde faz as suas escolhas e já fez a sua escolha neste contexto de guerra.

“Nós somos e fomos coerentes desde o primeiro momento, nós condenamos a invasão da Rússia à Ucrânia nos fóruns próprios a nível das resoluções da Nações Unidas e continuamos com a mesma opção de até esta guerra terminar não termos nenhuma ação que possa ser interpretada como apoio a esta invasão”, explicou Correia e Silva.

A cimeira Rússia/África tem confirmada a presença apenas de dois chefes de estado lusófonos (Moçambique e Guiné-Bissau) e Cabo Verde não envia representação à cimeira que junta a Rússia e os países africanos.

O Presidente russo recebe entre hoje e sexta-feira os representantes de 49 dos 54 países africanos, incluindo 17 chefes de Estado, depois de criticar aquilo que chamou de "pressões sem precedentes" por parte dos Estados Unidos e da França para os países africanos não participarem.

Espera-se desta segunda cimeira que a Rússia e os países africanos assinem um "plano de ação até 2026" e uma série de documentos bilaterais, como anunciou o Kremlin, tentando que a relação vá além dos acordos na área da defesa e venda de armas, que resumem, na maioria dos casos, até hoje a relação de Moscovo com África.

Contudo, para Moscovo o mais importante, segundo analistas internacionais ouvidos pela Lusa, é mostrar um entendimento com os Estados africanos, apesar do conflito na Ucrânia, que alguns condenaram nas Nações Unidas, e o fim do acordo dos cereais.

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