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Paul precisa de uma nova esperança e acredito que eu e a minha equipa seremos a melhor solução
Entrevista

Paul precisa de uma nova esperança e acredito que eu e a minha equipa seremos a melhor solução

Palavras de Hilarino da Luz, candidato do PAICV à Câmara Municipal do Paul nas eleições autárquicas de 1 de dezembro próximo. Neste exclusivo ao Santiago Magazine, este candidato afirma que, caso for eleito, fará uma “governação centralizada nas pessoas, sem, obviamente descurarmos os animais e o ambiente, conforme uma verdadeira política de esquerda”, apostando seriamente em resgatar o Paul, “já que todos os setores precisam de uma nova dinâmica”.

Santiago Magazine - O Doutor concorre nas listas do PAICV para Presidente da Câmara Municipal do Paul. Quais são as suas principais motivações políticas, profissionais e pessoais para entrar nesta aventura?

Hilarino da Luz - Esta candidatura é  baseada no meu amor pelo Paul -  terra onde nasci e vivi até aos meus 19 anos - e no meu desejo assumido, desde tenra idade, em dar uma contribuição no seu desenvolvimento, além de responder a um desafio assumido e defendido pelos organismos científicos internacionais que consiste em os académicos procurarem fazer extensão à sociedade. Ou seja, procurarem ter um papel de capital importância na mudança das políticas públicas visando a promoção do desenvolvimento de um município, região ou país. Ademais, ela é sustentada por um projeto inovador e futurista que o PAICV, partido que sustenta esta candidatura, tem para Cabo Verde. Neste sentido, estando habituado a trabalhar com projetos, senti que deveria aceitar este desafio, já que vencendo, será uma forma de me associar e dar a minha contribuição ao novo rumo que Cabo Verde tomará nos próximos anos. Em suma, esta minha candidatura representa um objetivo do partido em apresentar e apoiar um novo projeto para o Paul, e, do meu ponto de vista pessoal, uma oportunidade de me desafiar a mim mesmo para novas funções. Confesso que este convite surgiu com naturalidade, já que me sinto totalmente preparado para este e outros desafios.

Quando eu e minha equipa ganharmos, o Paul será verdadeiramente de todos. Faremos uma governação centralizada nas pessoas, sem, obviamente descurarmos os animais e o ambiente, conforme uma verdadeira política de esquerda. Também devo dizer que é o meu propósito manter todas as minhas ambições e projetos académicos em Portugal, já que também serão uma mais-valia para o Paul. Tenho compromissos com Portugal, o meu segundo país, dos quais, obviamente, jamais abdicarei…   

O que o leva a acreditar que o Paul precisa de outra liderança?

O Paul precisa de uma mudança urgente. Porquê? Porque o modelo de governação instalado há mais de 12 anos no município já mostrou várias fragilidades, pelo que ele precisa da dita mudança urgente para que possa ter novas ideias e novas experiências. Para o efeito, tudo deve começar pela mudança de visão do seu desenvolvimento e de algumas pessoas que, mesmo estando a ocupar cargos previlegiados há muitos anos, na minha opinião não contribuíram verdadeiramente para o seu progresso. Essas pessoas já tiveram várias oportunidades, portanto agora é hora de mudança. Ou melhor, de uma verdadeira mudança.  O Paul precisa de uma nova esperança e acredito que eu e a minha equipa seremos a melhor solução.

Se for eleito, o que é que faria de diferente daquilo que tem sido feito até agora no seu concelho?

Quando for eleito, eu e a minha equipa iremos apostar seriamente em resgatar o Paul, já que todos os setores precisam de uma nova dinâmica. Neste sentido, acreditamos que os paulenses, independemente do seu local de residência, merecem encontrar na governação local um parceiro empenhado na sua melhoria de vida, através da materialização de novos projetos e ideias de desenvolvimento, além de procurar reter e fazer regressar quadros paulenses que estejam a viver no país ou na diáspora. Sublinho a diáspora. Ela tem tido um papel importante na formação de quadros e na economia do país, pelo que tudo faremos para que determinados quadros possam regressar à sua terra natal. Pretendemos também integrar todos os não paulenses de nascimento que optaram por viver no município. Para nós será um orgulho podermos perceber que outras pessoas de outras ilhas, municípios e países também gostam do Paul.

O Paul é de todos e deve ser visto desta forma, caso contrário corre-se o risco de se entrar num desconhecimento da sua história, em particular, e do país, no geral, o que, certamente, não abonará a favor de quem defende que um paulsense/cabo-verdiano a viver fora é um estrangeiro. Eu não me contento com esta iliteracia histórica, económica e política, mas cabe ao povo paulense estar atento ao que é notadamente estranho e inadmissível. Nunca me esqueço do Sr. Alcidio Tavares. Não é natural do Paul, mas fez um trabalho extraordinário e claramente que, ao seu devido tempo, ele será homenageado, de forma a que os jovens o possam conhecer ou o relembrar, já que ele se enquadra na história da boa governaça do Paul.

Já agora, quem é Hilarino Luz?

Caro jornalista, o meu nome completo é Hilarino Carlos Rodrigues da Luz e sou mais conhecido por Hilário ou Hilar. No Paul, tenho amigos e familiares por todo lado, segundo a linguagem da terra. Bom, nasci no Paul no dia 23 de novembro de 1983. Estudei na Escola de Passagem, Cabo de Ribeira, ambas no Paul, e Suzete Delgado, em Ribeira Grande. Atualmente, sou Investigador Doutorado da NOVA FCSH e Investigador Doutorado Integrado do CHAM, Centro de Humanidades, onde fui Bolseiro de Pós-Doutoramento (2015-2018). Sou, ainda, Doutor em Estudos Portugueses, especialização em Literaturas e Culturas em Língua Portuguesa (2013), Mestre em Estudos Portugueses, especialização em Estudos Literários (2008), Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, Variante de Estudos Portugueses, com um Minor em Formação Educacional Geral e Didática do Português (2006), pela NOVA FCSH.

Tenho uma vasta experiência profissional, sobretudo na docência no ensino regular e superior, no setor editorial, na biblioteconomia e na orientação de trabalhos científicos (Pós-Doutoramento, Doutoramento, Mestrado e Licenciatura). Tenho participado em júris de Mestrado, Licenciatura, Bolsas de Mestrado, Bolsas de Apoio à Participação em Encontros Científicos e de Prémios Literários. Em 2021, com as “Cartas com Ciência”, ganhei o segundo lugar do Prémio Go Green Go Social NOVA FCSH / Santander Universidades. Fui, ainda, membro dos projetos CONCHA, financiado pela EU em mais de 750 mil euros e do WomenLit, financiado pela FCT em mais de 240 mil euros.

Além da organização de conferências nacionais e internacionais, conto com participações em países como Angola, Brasil, Cabo Verde, Canadá, Colômbia, Espanha, Itália, Moçambique, Polónia, Portugal, S. Tomé e Príncipe, França, Luxemburgo e Holanda. Tenho várias publicações científicas por peer review e integro várias comissões científicas nacionais e internacionais. Entre outras experiências profissionais, conto com missões de docência e investigação científica em vários países, como Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Colômbia.

Fui Presidente do Núcleo de Estudantes Cabo-Verdianos da NOVA FCSH e, atualmente, por exemplo, sou Presidente da Conferência Internacional sobre Literaturas e Culturas Africanas, Iberoamericanas e Caribenhas, que congrega parceiros de Portugal, Cabo Verde, Angola, Moçambique, EUA, Brasil, Espanha, Colômbia e México. Embora com denominações diferentes, sob a minha Presidência, já foi realizada em Angola (2019), Moçambique (2021), Colômbia (2022), Cabo Verde (2023), e este ano será em Espanha.

Recebi a medalha Honra ao Mérito da Académie des Lettres et Arts Luso-Suisse e vivo em Portugal, país de que também gosto muito e com que tenho boas relações assim como em Cabo Verde, bem como algumas aspirações e projetos totalmente realizáveis. Sou praticante dos desportos de combate e, entre os cursos referidos inicialmente e outros não referidos, fiz o de Segurança Privado. De resto, sou amigo dos amigos e defendo a palavra dada, que só deve ser descumprida por motivos de Causa Maior, como os mais velhos diziam no Paul.  

Quais são os seus grandes projetos para o Paul e para Santo Antão em geral?

O meu projeto de mudança no município e da minha equipa está assente em cincos grandes pilares: (1) Género e Cidadania; (2) Habitação, Ambiente e Saneamento; (3) Juventude e Empreendedorismo; (4) Desenvolvimento Integrado; e (5) Família e Inclusão Social.

Quanto à ilha de Santo Antão, acredito que ela jamais ficará igual com a vitória da minha equipa. O Paul, estando no centro da ilha, será sem dúvida o “pulmão” do seu desenvolvimento em todos os níveis, sobretudo porque pessoalmente falando sou muito rigoroso. Gosto de cumprir o que prometo para poder exigir a voz e a vez para reclamar os meus direitos. Neste sentido, acredito que falar de um aeroporto supraprometido representa repetição. Com esta política de repetição, seremos contra o tempo todo. Ou seja, rejeitamos a repetição… Toda a gente vê e percebe que Santo Antão precisa de presidentes “gladiadores” capazes de a colocarem à frente de qualquer partido. A Câmara Municipal do Paul, sob a minha Presidência, tudo fará para que a ilha tenha todos os investimentos prometidos e apresentados, visando sempre o bem estar coletivo que, obviamente, advém, por exemplo, de infraestruturas urgentes e necessárias, da fixação de quadros e do regresso dos santantonenses no geral. Veja-se que ela é a primeira ilha do mapa do arquipélago, mas, infelizmente, continua a precisar de grandes investimentos. Basta vermos a ausência de um campo de futebol no Paul. A nossa sorte está no facto de, desta vez, o eleitorado estar consciente da atual governação de 12 anos, que foi amparada, a nosso ver, numa falta de visão do que é o verdadeiro progresso. Nesta fase, qualquer inauguração, consignação ou lançamento de pedra significa desconsiderar os paulenses e, confesso, eles já não querem isso. Eles estão atentos…

O que pensa da política em Cabo Verde?

Cabo Verde é um país que tem vindo a ter ganhos políticos significativos, razão que faz com que seja um exemplo mormente em África. Defendo, contudo, o surgimento de novos políticos que possam desempenhar funções que já foram repetidamente desempenhadas pelas mesmas pessoas. Defendo um novo modelo de liderança que tenha como foco a ética e o respeito ao próximo já que, moralmente falando, devemos tratar os outros como queremos ser tratados. Eu, pessoalmente, defendo o princípio da verdade. Prometer e não cumprir significa enganar o próximo. É tudo o que não pretendendo para o Paul.

Sendo ainda jovem, que concelhos daria aos jovens cabo-verdianos no que respeita à participação política?

Eu defendo uma democracia plena. Desta feita, uma vez que Cabo Verde é um país democrático, peço aos jovens para que não tenham medo de mostrar o partido/candidato que apoiam ou que venham apoiar nas próximas eleições autárquicas. No caso do Paul, eu e a minha equipa estamos cientes de que contaremos com o apoio de todos os paulenses, visto que ele é de todos. Aos jovens paulenses, peço-lhes que apoiem a nossa candidatura, uma vez que o Paul precisa de uma nova esperança, ou melhor, de uma mudança urgente.

 

 

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