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José Luiz Tavares ao DN: “O ministro da Cultura me chamou racista, um termo feio e violento”
Entrevista

José Luiz Tavares ao DN: “O ministro da Cultura me chamou racista, um termo feio e violento”

O poeta nascido em Chão Bom, no Tarrafal - ilha de Santiago - faz as contas aos 50 anos de vida no novo livro, Rua Antes do Céu, já premiado pela Academia Cabo-Verdiana de Letras. Pelo seu interesse, publicamos na íntegra a entrevista de José Luiz Tavares ao Diário de Notícias, de Portugal.

 

Queria ser escritor e por isso sentiu que tinha de sair da ilha onde nasceu. Veio para Lisboa estudar Literatura e Filosofia e por cá ficou, sempre a pensar que um dia há de voltar definitivamente. Escreve sempre à mão, e se precisar de enviar um email mais longo faz rascunho antes no papel. O corpo reage quando ouve a música da sua terra, o funaná, e nas mornas reencontra também os poemas de Eugénio Tavares. A língua, a história e a literatura de Cabo Verde são temas de que fala com fervor.  

Fez 50 anos há pouco tempo e esse aniversário teve um papel na sua escrita.

Esses 50 anos que comemorei há uns meses são uma coisa estranha para mim, porque ainda não dei por ter vivido 50 anos. Aliás, ninguém dá pelo tempo que vive, a não ser quando a idade começa a pesar. Fiz dois livros, [Rua Antes do Céu e] Polaroids de Distintos Naufrágios, escrito propositadamente. Ester último tem a ver com a circunstância de durante alguns anos, pelo meu aniversário, eu dar prendas em vez de receber. Oferecia poemas que têm a ver com esse sujeito que supostamente serei eu. Depois isso passou a projeto de um livro composto por 50 poemas, para celebrar os 50 anos.

Esses 50 poemas já tinham sido enviados aos amigos ou são todos deste ano?

Nem todos. Para o aniversário deste ano ofereci o livro todo. No início não pensei em reuni-los, até porque os meus livros são sempre projetos muito orgânicos, muito pensados, e começam já por um título que depois não muda. Os poemas são sempre referenciais a esse título.

Tem consigo um caderno azul e uma caneta. Escreve poesia nesse caderno?

Escrevo em todos os cadernos, em tudo o que estiver à mão. Como sou pouco dado às tecnologias, uso ainda métodos um bocadinho rupestres ou arcaicos, se assim me posso exprimir.

A poesia é sempre escrita à mão?

Sempre.

Porquê?

Acho que o meu cérebro está ligado a uma certa manualidade. Eu até para escrever um email mais longo ou mais formal tenho de usar a caneta e o papel, leva-me muito tempo.

Faz um rascunho?

Faço vários rascunhos. Na poesia os rascunhos são imensos. Há um amigo meu que, não sei se a sério ou a brincar, diz que eu estou a pensar na minha futura casa-museu, por escrever em tantos papéis. Não é assim, mas essa forma de escrever, essa artesania, essa manualidade, é a forma como a poesia surge e é trabalhada por mim.

Mas utiliza computadores?

Utilizo, e há uma coisa que faço diretamente ao computador, as traduções. Não são tão boas como aquelas que faço à mão porque as coisas feitas à mão têm essa vantagem: quando vamos passá-las a limpo estamos a fazer uma nova versão. Quando fazemos diretamente ao computador não temos tanta vontade ou tanto tempo para voltar a revê-las.

Como surgem os poemas?

Os meus livros não são coletâneas de poemas mas livros orgânicos. Parece que é um bocadinho mais difícil escrever um livro sobre um tema que depois vai tendo variações, mas torna o trabalho criativo - pelo menos no meu caso - um pouco mais facilitado, porque a cada manhã, tarde, ou noite, quando quero escrever um poema não vou à procura de um assunto, sei sobre o que vou escrever. O poema pode sair bem, pode sair mal, pode sair assim-assim, mas não há aquele tempo de espera de "vou escrever sobre isto ou sobre aquilo". Os meus livros são sempre um tema e variações, ou então são livros compostos por ciclos muito longos, como o meu segundo livro, Agreste Matéria Mundo, que tem mais de 200 páginas, uma coisa que já não se usa.

Este título, Rua Antes do Céu, como apareceu?

Este é um dos dois livros que têm a ver com esse percurso biográfico ou autobiográfico e aparece como uma segunda face. São títulos muito decetivos, sombrios, mas os livros não são sombrios, são alegres, com uma certa melancolia porque aos 50 anos damo-nos conta de que somos mortais. Não aos 20, mas aos 50, porque estamos a pensar que o tempo que já vivemos é mais do que aquele que nos falta viver, sem que esta tomada de consciência seja uma fonte de angústia.

Mas há sempre alguma angústia na nossa vida, não é?

Sim, alguma nostalgia, alguma melancolia, mas quem estuda filosofia tem uma certa paz a encarar estas coisas do mundo.

Percebe-se na sua poesia que há aqui por trás uma pessoa que tem que ver com a filosofia. Como acha que se articulam?

A poesia e a filosofia são quase para mim uma única coisa, são modos de acesso ao mundo sem que na poesia haja uma excessiva conceptualização, para que a arte não morra sob a armadura que a filosofia às vezes impõe. Comecei pela literatura, o que eu queria ser era escritor, mas senti a necessidade de tornar as coisas um pouco mais claras para mim, para ter mais consciência dos processos do ato da criação.

Mas são diferentes a poesia que escreve agora e a que escrevia antes?

A exigência é a mesma. Eu acho que os grandes livros são os primeiros livros. As pessoas acham que os grandes livros são quando o autor já fez um certo percurso e eu não sinto isso. Os primeiros livros têm uma força, uma vitalidade, uma inocência e uma frescura... Espero não perder essa inocência e essa frescura nas obras que vou escrevendo, mas isso perde-se durante a caminhada. O que se ganha em termos de armadura, de técnica, não sei se chega para compensar essa vitalidade das primeiras obras.

Não se ganha sabedoria?

Se eu quisesse ser como o meu professor de Ética, diria o que ele disse certa vez e que tomei como uma provocação: a sabedoria da idade é o cinismo. Mas eu não quero tornar-me cínico.

Um seu livro anterior - Coração de Lava - tem que ver com um vulcão. Como apareceu?

Esse projeto é com o fotógrafo Duarte Belo.

Com quem tinha colaborado antes.

Sim, já tinha feito um livro anterior sobre a Cidade Velha, a primeira capital de Cabo Verde, a primeira cidade fundada pelos europeus nos trópicos, que depois entrou em declínio.

E que hoje é Património da Humanidade.

E nem sempre bem tratada, mas esperemos que as autoridades façam por conservar aquela marca distinta da nossa identidade. Fiz com o Duarte Belo o livro Cidade do Mais Antigo Nome, sobre a Cidade Velha, em 2009. Durante alguns anos acalentámos o projeto de fazer um livro sobre a região de Chã das Caldeiras e o vulcão do Fogo. Este livro tem poemas acompanhados de fotografias e escrevi os poemas de duas formas. A primeira foi imaginar o vulcão, a região de Chã das Caldeiras, onde eu nunca tinha estado, e escrever os poemas. Houve uma segunda parte, escrita depois da visita ao vulcão e à região. No final, misturei os poemas anteriores à visita e os posteriores para ver se conseguia discernir a marca de uma vivência. E não encontrei nada de diferente. O que me leva a pensar que qualquer ato de criação sobrepõe-se sempre ao real empírico que está na origem da obra.

Estava lá quando o vulcão esteve em erupção?

Nós recebemos o livro da gráfica no dia em que o vulcão do Fogo entrou em erupção [23 de novembro de 2014]. Um amigo meu americano que é muito brincalhão disse-me que se fosse num outro país de África, que não Cabo Verde, seríamos mortos por superstição, diriam que tínhamos sido nós a desencadear a fúria do vulcão que é tido como algo sagrado, inclusive em Cabo Verde.

Mas não assistiu?

Não estava lá. Quando fui a Cabo Verde para o lançamento do livro, o vulcão ainda estava em erupção, demorou muito [77 dias]. Não fizemos o lançamento na ilha do Fogo porque não havia condições para ir lá de avião, só de barco, e eu de barco teria chegado à ilha do Fogo meio morto.

Não gosta de andar de barco?

O canal entre a ilha de Santiago a ilha do Fogo é uma coisa tremenda, é preciso ter-se um estômago de ferro que eu não tenho.

Cabo Verde é uma África diferente da África continental?

Quando se faz essa pergunta a um cabo-verdiano, ele tem tendência sempre a pensar que Cabo Verde é uma África diferente. Todos os países são diferentes, também Portugal é diferente da Alemanha, da Finlândia. O cabo-verdiano é um híbrido mas tem tendência a valorizar apenas uma parte da sua hibridez, valoriza mais a sua herança europeia do que a sua parte africana, o que é compreensível dado que durante o período da colonização incutiu-se nos cabo-verdianos, sobretudo na elite pensante, que eram uma espécie de europeu de segunda. Temos essa componente europeia, essa mescla de Europa e de África. Na minha ilha, a presença africana é muito forte porque foi a primeira a ser povoada, sobretudo por escravos. Gostaria de que o cabo-verdiano pensasse na sua singularidade não para se achar mais do que o africano do continente - porque a antropologia já provou que não há culturas nem povos superiores - mas que fosse uma forma de o ligar quer à Europa quer à África, fazendo a ponte no meio do Atlântico.

Cabo Verde não foi apenas povoado por escravos como foi também um ponto de passagem dos barcos negreiros para a América. Há algum sinal disso na maneira como as pessoas vivem em Cabo Verde?

Na minha ilha esteve o entreposto negreiro da Cidade Velha, para onde os escravos eram levados, latinizados porque assim valiam mais dinheiro, eram considerados mais valiosos do que os escravos ditos boçais - que termo, meu Deus! Essa marca está presente na cultura da ilha de Santiago, também na ilha do Fogo, e sobretudo na língua cabo-verdiana. Lembro-me sempre daquele dito do Vergílio Ferreira - "Da minha língua vê-se o mar". Da minha língua, que é a língua cabo-verdiana ou, se quisermos, do crioulo de Cabo Verde, vê-se séculos de escravidão e dor. Aquela língua é fruto de tudo o que se viveu ali naquele entreposto, naquela cidade, que é berço de todos os cabo-verdianos.

Escreve em crioulo ou em português?

Escrevo em português e em crioulo. Tenho mais facilidade em escrever em português porque o crioulo é uma língua semi-ágrafa, não é ensinada nas escolas. Durante muito tempo foi até uma língua proibida. Hoje já há alguns avanços. Mas aprendi a escrever em português, o alfabeto, as sílabas, as palavras. Todo esse arsenal que adquiri formalmente não o adquiri em relação ao crioulo. Passados 42 anos da independência, ainda não conseguimos oficializar a língua cabo-verdiana nem ensiná-la às nossas crianças nas nossas escolas, o que é uma forma de preservar o português duradouramente. Enquanto as crianças cabo-verdianas não dominarem formalmente os dois sistemas, haverá sempre interferências do português no crioulo de Cabo Verde, como haverá interferências do crioulo de Cabo Verde no português.

Mas é em crioulo que as pessoas se entendem?

Só em situações formais as pessoas falam o português em Cabo Verde. Escrevem o português, porque têm o domínio formal, mas no dia-a-dia as pessoas comunicam em crioulo de Cabo Verde. O que está a tentar fazer-se, ou o que se deve fazer, é levar o português para os lugares da informalidade e subir o crioulo, ou a língua cabo-verdiana, para os patamares da formalidade. Só assim teremos um verdadeiro bilinguismo em Cabo Verde, porque nós vivemos uma situação de diglossia em que há uma língua dominante socialmente com mais prestígio, e há uma língua que durante muito tempo se dizia que não era língua. A definição de língua é uma coisa política, a língua é aquilo que um estado define como sua.

Conhece bem a literatura cabo-verdiana. Tem uma identidade própria?

Cabo Verde tem uma literatura enraizada, própria, com mais de um século de existência. O ensino foi introduzido em Cabo Verde muito cedo, um ensino não laico, através do seminário-liceu de São Nicolau que produziu grandes intelectuais.

Por exemplo?

Baltazar Lopes da Silva, José Lopes, para só falarmos desses dois. Ter um liceu permitiu que Cabo Verde tivesse uma elite letrada mais cedo do que as outras colónias, onde o ensino foi introduzido um pouco mais tarde.

Falou-se em si a propósito de um festival literário da Cidade da Praia. Ainda está muito irritado?

Não estive, e se não estive irritado não estou. O ministro da Cultura convidou a Booktailors para organizar um festival. É bom que haja festivais de literatura, de poesia, de livros. Eu achei que as coisas não foram feitas com o devido respeito para com os escritores cabo-verdianos, falei em privado com o ministro da Cultura e com a curadora da Biblioteca Nacional, não me responderam. Como achei que era um assunto que merecia vir a público, falei publicamente do assunto. Isso irritou o ministro da Cultura que me chamou racista, um termo feio e violento. Acho que nesta altura ele já terá reflectido e terá tomado consciência da gravidade do que disse. Eu não estou irritado com o ministro nem com o festival. Estive por lá, não vi, não fui, deve ter corrido bem porque não ouvi nada em contrário. Que o festival continue, que o senhor ministro se acalme, não estou em guerra nem com o ministro nem com ninguém.

Cabo Verde é sobretudo falado por causa da música, que é muito conhecida e divulgada. Cesário Évora foi o nome exponencial e depois dela muitos outros autores e cantores têm sido conhecidos. Gosta da música cabo-verdiana?

Gosto imenso de todo o tipo de música e, obviamente, da cabo-verdiana. Temos grandes cantores e compositores. A música cabo-verdiana já é um produto comunitário. A cada ano aparecem dez ou 20 nomes que se saírem para o estrangeiro serão sempre grandes músicos. As ilhas têm essa magia, tanto podem dar literatura como podem dar música. A literatura exige outros instrumentos, sobretudo o domínio do instrumento que é a escrita, mas a música não. Uma pessoa pode não conhecer uma única nota e cantar maravilhosamente. Não quero que em Cabo Verde a música submirja outros aspetos da cultura, nomeadamente a literatura, porque Cabo Verde antes de ser um país da música foi um país da literatura. A ideia que temos de Cabo Verde foi a literatura que a criou. Que haja música por todos os lados todos os dias, e que haja literatura também, onde se possa refletir sobre aqueles aspetos mais importantes e também divertidos desta coisa que é ser-se cabo-verdiano.

Quando ouve uma morna, uma coladeira, o corpo começa a mexer?

Não é para ser parcial, mas como sou da ilha de Santiago, o funaná é mais natural em mim. Claro que há as mornas, as letras das mornas, e pensamos em Eugénio Tavares, considerado o Camões de Cabo Verde. São poemas de uma intensidade tremenda. Se mais não houvesse para dizer o que é Cabo Verde, o que é o cabo-verdiano, haveria sempre as mornas, as coladeiras, os funanás.

Vive em Portugal. Sente saudades de Cabo Verde?

Estou em Portugal há 30 anos, vim para aqui para estudar mas sabia, no fundo, que vinha para ser escritor. Os cursos foram um pretexto para sair de Cabo Verde. Costumo dizer que a minha vinda para Portugal foi o meu caminho de Damasco. Não seria nunca o escritor que sou se tivesse permanecido em Cabo Verde. Não sei se seria melhor ou pior, mas certamente diferente. O meu primeiro livro, Paraíso Apagado por um Trovão, é quase sobre a mesma matéria do díptico dos 50 anos, sobre a infância, os locais de vivência, a passagem do tempo. É um livro muito celebrado - daí falar da pujança que têm os primeiros livros - e agora retomo essa matéria de uma forma um pouco mais melancólica. Eu vou muito a Cabo Verde, não sinto a melancolia de viver no estrangeiro. E todos os livros que escrevo - isto para mim já não é estranho, nos primeiros tempos foi - começo-os depois de uma viagem a Cabo Verde. Sempre que regresso há uma urgência, uma ideia na cabeça para escrever um livro.

E quando vai a Cabo Verde vai ver a família, vai ver os lugares?

Os meus pais estão cá há cerca de 40 anos. Antes de eu vir para Portugal para a universidade vivia com tios. Só aos 20 anos pude juntar-me à minha família, aos pais e irmãos que já cá estavam. Fui o penúltimo a vir para Portugal. Houve um período de dez anos em que estava afincadamente a tentar ser escritor e não soube praticamente nada de Cabo Verde. O meu Cabo Verde era o que estava dentro de mim ou o que tentava recriar nas minhas obras. Mas de há 15 anos a esta parte vou lá com muita frequência e espero um dia destes ir para lá viver.

Sair de Cabo Verde nessa altura era uma necessidade?

Sim, porque não havia universidade. Todo o cabo-verdiano que ambicionasse ter uma formação superior sabia que ia sair da ilha. As pessoas falam muito da insularidade, do ilhamento, do isolamento. Eu nunca senti isso, porque sempre vivi em frente ao mar, sempre tive o horizonte em frente. Todo o horizonte era o meu mundo, não era a ilha que me ficava nas costas. E é uma coisa que se vem refletir muito na minha poesia e que corta com o paradigma dominante na poesia cabo-verdiana de então. Em vez de ser um poeta do mar, sou um poeta da terra, das montanhas, das gentes, embora o mar apareça mas mais nas figuras familiares dos meus tios que são pescadores. Aparece o pescador mas não aparece o mar como aquela coisa que nos vai levar para terra longe, ou que nos separa do mundo. Foi uma novidade que introduzi na poesia cabo-verdiana do meu tempo.

Há grandes escritores em Cabo Verde. Falou dos antigos mas vamos falar dos atuais. Arménio Vieira foi galardoado com...

...o Prémio Camões...

...e há o Mário Lúcio e o José Luiz Tavares. Tem, consciência de que hoje é um dos grandes nomes?

Eu sou conhecido por ser um indivíduo imodesto. A modéstia que importa tenho-a no momento da criação, face àquilo que faço. E estou sempre insatisfeito com o que faço. Esta é a verdadeira modéstia. Quando olho para a paisagem à minha volta não posso negar que estou entre a nata dos escritores cabo-verdianos vivos considerados mais importantes, mas há grandes nomes, nomeadamente o Arménio Vieira, um poeta magistral e um amigo de quem gosto muito. O Mário Lúcio é um ficcionista notável, o José Luís Hopffer Almada também é poeta e sobretudo um grande leitor das obras que vamos publicando, um ensaísta de grande mérito, o Filinto Elísio, também poeta, está a fazer um excelente trabalho enquanto editor.

Da Rosa de Porcelana?

Sim, é meu editor também. O Germano Almeida é um indivíduo de quase dois metros e a brincar diz-se o escritor mais grande de Cabo Verde. É um grande contador de histórias, muito bem-humorado, que faz um corte com o que era a prosa antes do aparecimento dele. Ele vem aligeirar muito os temas clássicos da literatura cabo-verdiana, sem que esse aligeiramento constitua uma concessão ao mercado. É a forma do Germano ver Cabo Verde.

Escreve todos os dias?

Já escrevi todos os dias, agora é sempre que posso, porque às vezes os afazeres profissionais ou familiares não me permitem tempo suficiente para passar as coisas ao papel. Mas a cabeça está sempre a trabalhar. Uso isto como pretexto para não ter carta de condução, porque se tirasse era capaz de ter um acidente porque em vez de olhar para a estrada estou a pensar num poema.

Ou a pegar na caneta?

A pegar na caneta para escrever um poema que está na cabeça.

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