Regionalização e a hipocrisia de Ulisses Correia e Silva
Entrelinhas

Regionalização e a hipocrisia de Ulisses Correia e Silva

Antes de 16 de Março de 2016 e alguns meses depois – certamente a ressaca da vitória rodopiava ainda na cabeça do homem – Ulisses Correia e Silva era dono e senhor da regionalização em Cabo Verde. A sua marca, a sua palavra, o seu amor. Tanto assim era, que de promessa passou para compromisso!

Tudo pela regionalização. E Ulisses Correia e Silva carregava consigo o slogan, o palavrão, a sina e a marca. Porque dá votos. Porque dava votos.

De repente, ele começou a distanciar-se do seu amor, do seu palavrão, do seu slogan, da sua sina e marca. Sorrateiramente! Na calada da distracção da oposição e do país. Assim de mansinho, como quem já não está mais aqui.

Até que São Vicente resolve desferir a voz do comando, saindo à rua. Para matar o silêncio e cutucar o cinismo do poder. E por duas vezes saiu. E Ulisses Correia e Silva, com aquele sorriso cínico de sempre, sentiu-se forçado a voltar a falar da sua dama. E falou. Disse que a democracia está viva, que a liberdade de expressão é uma conquista irreversível em Cabo Verde, e que Mindelo fez muito bem.

Chavões, para entreter o povo. E este, inconformado, chama-o de mentiroso. Então, sentindo-se encurralado, o homem resolve atirar esta que nem do diabo os cabo-verdianos esperavam: “se fosse da minha vontade a regionalização já era uma realidade”.

Esta afirmação, se contada por terceiros, ninguém acreditaria. Mas Ulisses Correia e Silva a proferiu, em primeira pessoa, e dentro da casa de todos os cabo-verdianos.

Uma total falta de respeito. Entretanto, como se isso não bastasse, hoje ele resolveu escrever na sua página oficial do facebook que afinal tem uma proposta, que já está publicada, e aproveita para pedir uma discussão alargada, com conteúdo.

Porém, não disse qual é o conteúdo que ele prefere ver aqui introduzido. Apresente o conteúdo da sua proposta, senhor primeiro-ministro. Ou o senhor quer viver como os vampiros dos filmes de terror - à coca para, de mansinho, ir sugando o sangue alheio, ou seja, ir bebendo da ideia dos outros.

Que hoje a regionalização deixou de ser a sua amada, a sua sina e marca, todos os cabo-verdianos já viram. Mas, sendo um grande defensor da palavra e da transparência, recomenda o bom senso que ao menos informasse aos cabo-verdianos a quem transferiu os seus direitos de propriedade sobre a regionalização - se à sociedade civil, se à oposição…

É ou não ou é assim senhor Ulisses Correia e Silva. A hipocrisia, como tudo na vida, tem os seus limites! Concorda?...  

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