Erros graves nos manuais. Que educação é esta?
Entrelinhas

Erros graves nos manuais. Que educação é esta?

Alunos ainda sem começar as aulas por falta de salas e outras demandas logísticas; manuais de 1º e 2º anos com erros graves (os anos subsequentes também apresentam falhas, 3º e 4º Anos), demonstrando amadorismo e muita irresponsabilidade em lidar com assuntos importantes como a educação de um país.

O Ministério da Educação precisa estudar. Estudar o seu conteúdo, a sua missão, os seus objectivos, os seus programas e metas. Para educar. Para ensinar. Para avaliar. Porque é este o seu papel, a sua razão de ser e de existir.

O percurso de um país e das suas instituições deve ser, sim, tributário de lutas, de lágrimas, mas também de satisfações e vitórias, que orgulham a nação e promovem a sua identidade e auto-estima.

As dificuldades existem. Sobretudo num ambiente de escassez de recursos. Ou seja, quando os recursos disponíveis quedam muito aquém das demandas, das necessidades.

É neste ambiente que Cabo Verde nasceu e tem vivido até aqui. Foi assim na temível época colonial. Foi assim na luta pela independência e tem sido assim na conquista do país, nesta saga contra as adversidades naturais, a pobreza, o analfabetismo, a ditadura, a corrupção e os seus tentáculos.

Com mais ou menos poder e autoridade, Cabo Verde tem sido vencedor, porque, sempre ousado e corajoso, não cruza os braços e nem se esquiva às suas obrigações e responsabilidades. Por isso se diz que somos uma nação vencedora.

O país não pode parar e muito menos regredir. Não!

O ano lectivo 2017/2018 chegou carregado de problemas de ordem organizacional, logística e pedagógica.

Em muitos concelhos, os alunos ainda não começaram as aulas. Por deficiência na organização das diferentes classes, na arrumação das turmas e até na disponibilização das salas de aula.

Por exemplo, na cidade de Pedra Badejo, os alunos do 5ºAno ainda não começaram as aulas, porque o espaço onde vão estudar este ano ainda se encontra em obras. E não há ainda uma data provável para começarem as aulas.

Existem outros lugares com o mesmo problema. Pais e encarregados da educação de Chã das Caldeiras, na ilha do Fogo, ainda não sabem qual vai ser o destino dos seus filhos neste ano lectivo.

São situações que espelham bem a falta de visão e a desorganização que campeiam no Ministério da Educação. Não tem outra explicação. Há um orçamento, as estruturas estão montadas – existem delegações em todos os concelhos do país - portanto o que falta aqui é trabalho, planificação, organização, estudo.

E como se isso tudo não fosse suficiente, surgem agora manuais carregados de erros. E logo manuais do 1º e 2º Anos. E nos anos subsequentes também. Uma lástima! Como é que vamos educar os nossos meninos, para serem homens de amanhã, se o próprio Ministério da Educação não está a fazer o seu trabalho como deve ser?

Que explicação a ministra da Educação vai apresentar ao país? Quanto custou aos cabo-verdianos a confecção destes manuais? E aos pais e encarregados da educação? Quem vai ser responsabilizado?

Será que a culpa vai morrer solteira e os nossos impostos mais uma vez lançados fora como coisa inútil?

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