O primeiro-ministro disse esta quarta-feira, 13, que a epidemia de dengue no arquipélago está em fase descendente, numa altura em que há cerca de 14 mil casos acumulados e cinco óbitos, um ano após a primeira infeção detetada.
“Estamos na fase descendente da dengue: esta é uma boa notícia, mas é também uma grande responsabilidade para todos, para juntos intensificarmos o combate ao mosquito transmissor”, referiu Ulisses Correia e Silva, numa comunicação à nação, no Palácio do Governo, na Praia.
Além das medidas de prevenção, Cabo Verde prepara-se para receber, em breve, uma vacina contra a dengue: “há uma oferta por parte do Brasil, 50 mil doses e podemos estar em condições de começar a fazer a vacinação”, acrescentou.
Mas o primeiro-ministro disse que a vacina não pode desacelerar a prevenção, assente em ações de limpeza e saneamento, por parte de cidadãos e instituições.
“Não podemos baixar as armas, são precisas as duas coisas”, realçou.
“Devemos fazer um combate musculado, agora, mas a prevenção tem de ser permanente, até por causa das alterações climáticas, em Cabo Verde e noutros países”, disse.
No início de outubro, o Governo cabo-verdiano declarou situação de contingência em todo o país até ao fim de novembro, devido ao risco de aumento de casos, na época das chuvas, propícia à multiplicação de mosquitos que disseminam o vírus da dengue.
A declaração permitiu desbloquear 15 milhões de escudos (136 mil euros) do Fundo Nacional de Emergência, a par dos recursos de parceiros e Ulisses Correia e Silva referiu que vão ser reforçadas ações para eliminação de viveiros de mosquitos, campanhas de pulverização, recolha de escombros e resíduos e alargadas as campanhas de informação.
As ações vão incidir na cidade da Praia, capital, onde se localizam 65% dos casos, embora a doença já tenha sido registada em todas as ilhas e municípios.
David Matern, representante das Nações Unidas, contextualizou a luta de Cabo Verde no seio de um combate global, face ao avanço da dengue em todo o mundo - num cenário de risco agravado relativamente a arboviroses, espalhadas por mosquitos que prosperam com temperaturas mais altas -, garantindo às autoridades cabo-verdianas a mobilização necessária para enfrentar o desafio.
A epidemia de dengue tem causado receios em Cabo Verde.
O Grupo de Apoio Orçamental (GAO) disse, na sexta-feira, que acompanha “com apreensão o evoluir da epidemia de dengue” com “limitações estruturais” no setor da saúde, recomendando melhor “planeamento, orçamentação e implementação” de medidas.
O grupo é composto por Espanha, Luxemburgo, Portugal, União Europeia, Banco Africano de Desenvolvimento e Banco Mundial.
O surto mais grave de dengue em Cabo Verde foi registado em 2009, com 21.000 casos e seis óbitos, todos na ilha de Santiago.
A dengue é uma doença curável, mas que requer atenção médica.
Febre, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, a par de inflamações na pele, fazem parte dos sintomas da infeção que, nos casos mais graves, pode evoluir para dengue hemorrágica e, no limite, causar a morte.
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