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Caso dos salários da primeira-dama: PAICV destaca “atitude pedagógica” do PR em repor o dinheiro do Estado
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Caso dos salários da primeira-dama: PAICV destaca “atitude pedagógica” do PR em repor o dinheiro do Estado

O PAICV destacou esta segunda-feira, 26, a “atitude pedagógica” por parte do Presidente da República ao devolver o dinheiro pago à primeira-dama aos cofres do Estado.

“É um facto inédito nesta república, e na altura se houvesse responsabilidade, ele estaria disponível para assumir essa responsabilidade”, afirmou o líder do maior partido da oposição, acrescentando que na época José Maria Neves revelou humildemente que houve falhas, que as coisas não deveriam ter acontecido assim e que não voltaria a acontecer.

Rui Semedo fez essas considerações em conferência de imprensa para falar sobre os 50 anos do acordo de Argel para a independência de Cabo Verde, quando questionado pelos jornalistas sobre o tema.

Lembrou que quando a questão veio a público o próprio chefe do Estado mandou suspender o vínculo contratual e o pagamento dos vencimentos da primeira-dama e assumiu uma posição aberta a uma inspeção à Presidência da República.

Esta atitude, no entender do presidente do PAICV, deve ser valorizada.

O líder do PAICV avançou ainda que o Presidente da República está em condições de continuar à frente da Presidência, uma vez que o facto é “irrelevante”, alegando que existem muitas denúncias e inspeções feitas a instituições e entidades registrando erros e falhas, sem que estes assumissem frontalmente a sua responsabilidade.

Questionado sobre acusações que circulam nas redes sociais sobre documentos de contas aprovadas, mas não homologadas, por três anos consecutivos pelo ex-presidente da Câmara Municipal da Praia, Ulisses Correia e Silva, o presidente do PAICV ressaltou que enquanto primeiro-ministro deveria, à luz do exemplo do PR, pedir uma inspeção à utilização dos recursos ao seu gabinete.

“Não conseguiu fazê-lo com relação à Câmara, por três anos consecutivos, foram registradas falhas graves e ele teria avultados recursos a repor, mas infelizmente não se fez nada, e ao que parece já se prescreveu”, disse.

Questionado sobre a responsabilidade do Tribunal de Contas em deixar prescrever contas, Rui Semedo preferiu não comentar, alegando que enquanto partido político não aponta dedo à instituição, mas que responsabiliza as entidades e os actores políticos, sublinhando que a questão é os outros actores se disponibilizarem para serem controlados.

Neste sentido, afirmou que seria óptimo que o primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro abrissem o seu gabinete para serem descortinados, inspecionados e controlados por forma a garantir ao cidadão que os recursos serão bem utilizados.

“Recorde-se que o Vice-primeiro-ministro guardou no seu gabinete, durante largos meses, os relatórios da inspeção, escondendo irregularidades muito mais graves do que as que estamos a verificar e com prejuízos muito avultados para o Estado”, declarou, apontando exemplos de obras financiadas duas vezes por montantes que ultrapassam 60 mil contos e fundos atribuídos em mais de cem mil contos sem justificação.

O líder do PAICV exemplificou também com o fundo da Covid-19, de mais de 9 milhões de contos, que está ainda por justificar e que nem o Tribunal de Contas conseguiu encontrar uma justificativa.

Quanto ao índice de corrupção a que o país é apontado, Rui Semedo disse não se sente feliz com a classificação atribuida, frisando que Cabo Verde tem condições para ter índices muito baixos de corrupção, acrescentando que o arquipélago é “uma sociedade pequena, em que há um controle social muito forte de conhecimento e de interconhecimento entre as pessoas”.

“Temos legislações boas, falta uma única coisa, que é ter governantes que estejam disponíveis a cumprir todas as legislações e a utilizar de boa forma todos os recursos públicos”, observou, sublinhado que o país, neste momento, tem um governo que não presta informações.

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Comentários

  • Casimiro Centeio, 27 de Ago de 2024

    Dizem que o Mundo é redondo,mas está ficando chato e o nosso Arquipélago esdrúxulo ou quadrúmano. Vivemos no meio da terrível corrupção, cercados por todos os ângulos. Para que Cabo Verde fique bom de novo, é preciso fazer outro Cabo Verde.
    Citando Nietzsche " um líder corrupto e mentiroso divide os seres humanos em duas classes: INSTRUMENTOS e INIMIGOS".