Grupo português ETE reforça interesse na Cabnave com aposta na construção naval
Economia

Grupo português ETE reforça interesse na Cabnave com aposta na construção naval

 

 A  ideia do grupo, dono de dois estaleiros navais no porto de Lisboa, é transferir todo o seu know-how em reparação naval à Cabnave, e, num futuro próximo, desenvolver a própria construção naval a partir de Cabo Verde.  

O grupo ETE, considerado o maior player português no sector marítimo e portuário e que este ano marca presença na Feira Internacional de Cabo Verde, FIC, está interessado em reforçar os investimentos neste arquipélago, com a aposta no reforço das ligações com a Europa e África, nos transporte inter-ilhas de mercadoria e na aquisição da subconcessão do estaleiro naval da Cabnave.

 A informação foi confirmada pelo  responsável da construção e reparação naval da empresa Navaltagus integrante do grupo ETE, Miguel Travão, numa entrevista exclusiva ao Santiago Magazine, nesta sexta-feira, a partir do stand do grupo na FIC.

A empresa Navaltagus concorreu, há cerca de um ano e meio, a uma subconcessão da Cabenave na qual, segundo explica aquele responsável, a sua proposta ficou  classificada em primeiro lugar depois da avaliação técnica, seguindo-se a fase de avaliação financeira que não chegou à conclusão. Porquê? Segundo Miguel Travões, esse período coincidiu com a mudança do Governo e o novo executivo entendeu reavaliar todo o processo de subconcessão, tendo cancelado as negociações anteriores.

“Claro que o grupo ETE compreende este posicionamento do novo Governo e continua a manifestar total interesse nesta negociação, sendo o nosso posicionamento, poder vir a ser um parceiro do Governo cabo-verdiano no sentido de encontrar uma nova solução” afirma Travão.

Transferir know-how e desenvolver a Cabnave

Sem prometer nenhuma solução milagrosa à reparação naval, Miguel Trovão compreende que o Grupo ETE, que já dispõe de dois estaleiros navais localizados no Porto de Lisboas, os quais desenvolvem projectos nacionais e internacionais, poderá transferir à Cabnave todo o seu Know-how acumuldado ao longo de vários anos a operar no sector marítmo, e assim contribuir para o aumento do conhecimento neste sector e desenvolver a empresa cabo-verdiana.

O responsável de reparação naval da Navaltagus esclarece que “uma vez que o processo anterior de subconcessão foi cancelado pelo Governo, neste momento, a ideia é poder ser um parceiro da Cabnave para qualquer solução ou modelo de parceria publico-privada, no qual a sua empresa possa vir a contribuir para o sucesso deste sector fundamental de suporte à afirmação de Cabo Verde na região atlântica.

“O que podemos trazer de concreto é a nossa experiência, o nosso core business, no processo de reparação naval, e uma vez que a Navaltagus e o próprio Grupo ETE iniciou agora o processo de construção naval, poderíamos trazer num futuro próximo esta experiência para Cabo Verde e a própria Cabenave poderia também passar a ser estaleiro de construção naval", augura o empresário, que considera Cabo Verde um mercado com um envolvente geográfica “importante, rodeado de rotas comerciais, fundamentalmente ao nível da pesca e um pouco mais longe da parte do offshore com uma série de embarcações que têm de ser reparadas, daí que, estando presente em Cabo Verde, e com um bom projecto do ponto de vista de eficiência, poderia atrair mais embarcações e clientes da própria empresa.

“Neste momento, o estaleiro naval da Cabnave é mais procurado por embarcações de pesca de armadores chineses e poderíamos alargar esse mercado tanto para os próprios navios da Transinsular como também para outros navios que trabalham no offshore", sintetiza.

 Três décadas de presença em Cabo Verde

O director comercial da Transinsular, José Lino Dores, reforça que o grupo ETE, que no próximo ano completa 30 anos de presença efectiva no mercado cabo-verdiano, através do seu armador Transinsular, está neste momento a responder a uma série de desafios colocados pelo Governo cabo-verdiano e pelas forças publicas e privadas no sentido de melhorar os serviços neste mercado.

“Em termos de transporte marítimo, já reforçamos a nossa aposta nos nossos serviços marítimos internacionais, reduzindo de 15 para 10 dias o tempo de entrega dos produtos da Europa aos comerciantes cabo-verdianos, afirma.  

Além do transporte internacional, o grupo também quer apostar em Cabo Verde no desenvolvimento do transporte inter-ilhas, através da recém criada empresa cabo-verdiana, Transinsular Cabo Verde.

José Lino Dores avança que o navio Ponta de Sol vai ser disponibilizado e embandeirado com tribulação cabo-verdiana para iniciar o serviço de transporte de mercadorias de forma regular entre as ilhas de Cabo Verde, com forte presença nos portos da Praia, Mindelo, Palmeira, no Sal  e Sal Rei, na Boavista.

"A aposta no serviço de transporte de passageiros inter-ilhas é também uma outra proposta que está em análise para, num futuro próximo, efectivar-se", promete.

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