Associação de produtores de café descontente com concessão de terrenos à Fogo Coffee Spirit
Economia

Associação de produtores de café descontente com concessão de terrenos à Fogo Coffee Spirit

A Associação dos produtores do café, Pró-café, estranha o processo da concessão de posse de 11 parcelas de terrenos do Estado nas zonas altas dos Mosteiros à empresa Fogo Coffee Spirit. Empresa diz que processo vem desde 2014, ainda com o anterior Governo.

Em declarações à Radio de Cabo Verde, Sidónio Monteiro, presidente da Associação Pró-café, disse que o processo de concessão dos terrenos está em andamento e que há pertences da própria associação que estão na fábrica e que vão ser passados à empresa Fogo Coffee Spirit sem se ter em conta acordos existentes, no passado, entre o Ministério da Agricultura e a Associação.

Este disse que já falou com o Ministro das Finanças, Olavo Correia, colocando a preocupação em relação a esta matéria porque a associação não está de acordo como as coisas foram feitas.

Sidónio Monteiro questiona se a empresa esteja em condições de assumir e explorar os terrenos do Estado, estranhando que uma empresa que está com problemas de gestão, com situações pendentes no tribunal que dificultam os negócios, como é possível estar em condições de fazer contrato com o Estado para explorar os terrenos e cumprir os compromissos.

“Tanto a associação como os próprios rendeiros do terreno do Estado nas zonas altas dos Mosteiros, poderiam organizar-se e com apoio do Estado e da própria empresa Fogo Coffee Spirit, como foi um dos seus objectivos iniciais, dar outra forma de trabalhar o terreno”, disse Sidónio Monteiro, para quem a concessão dos terrenos foi uma medida que afecta a população, tendo em conta um número grande de rendeiros que passaram a vida inteirar nos terrenos e que de um momento para o outro, com mudança de sistema, põe em causa a vida das famílias.

O presidente da Pró-café indicou que a associação não foi tida no processo de concessão de terreno de estado nas zonas altas dos Mosteiros.

Já o administrador da empresa Fogo Coffee Spirit, Amarildo Baessa reafirmou que o processo decorre desde 2014, que os terrenos foram concedidos pelo anterior Governo, estando numa fase de legalização para ter um suporte jurídico para questão de gestão.

Este salientou que apenas está-se no processo de ratificação e na procura de áreas mais férteis e mais adaptadas para cafeeiro para fazer ajuste com outras árvores e arbustos dentro do perímetro e sob a gestão do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA), sublinhando que a empresa não pediu terreno ocupado pelos agricultores, porque não faz sentido entrar em conflitos com agricultores e produtores.

Segundo o mesmo, o Governo anterior não fez isso e nem este o vai fazer, e mesmo que venha a fazer não interessa a empresa porque o objectivo da Fogo Coffee Spirit é ter uma parceria com agricultores, já que a sua actividade não é agrícola, mas a transformação de café para ter um produto como exigido pelo mercado.

O interesse em ter terreno para cultivo de café, explicou, veio na sequência do posicionamento dos próprios agricultores, logo nos primeiros anos, em recursar vender os seus produtos à empresa que, segundo Amarildo Baessa “não pode ficar refém dos agricultores”, sublinhando que existe alguma tentativa de aproveitamento político deste caso.

O presidente da Câmara Municipal dos Mosteiros, Carlos Fernandinho Teixeira, disse que técnicos da direcção do Património do Estado deslocaram-se ao município dos Mosteiros na sequência do posicionamento dos rendeiros.

Com Inforpress

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