O general angolano de origem cabo-verdiana, Francisco Pereira Furtado, foi nomeado esta segunda-feira, 31 de Maio, ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do presidente da República de Angola
Segundo o Jornal de Angola, Furtado substitui Pedro Sebastião nessas funções para as quais havia sido nomeado a 28 de Setembro de 2017.
Empresário e antigo chefe de Estado-Maior das Forças armadas angolanas, o general Francisco Furtado tem fortes ligações com Cabo Verde, terra dos pais e onde mantém relações próximas com muito dos seus familiares no concelho de Santa Catarina.
Aliás, em 2015, numa altura em que as relações com o ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, já não estavam boas, quis investir no país dos seus progenitores, no sector da comunicação social e ensino, através da aquisição do canal televisivo TIVER, do extinto jornal A Voz e da Universidade de Santiago.
Esses negócios acabaram abortados, também porque na altura José Eduardo dos Santos impediu a saída de qualquer divisa de Angola, que estava a braços com uma profunda crise económico-financeira.
A propósito, o jornal Correio Angolano apresenta outro factor, ao denunciar que Francisco Pereira Furtado perdeu dezenas de milhões de dólares nesse negócio que pretendia realizar em Cabo Verde. Escreve o jornal angolano que o general de exército, agora reformado, tentou a aquisição da primeira estação privada de TV de Cabo Verde, a Televisão Independente de Cabo Verde, TIVER. O negócio começou em 2014, um ano antes de Angola assumir estar em crise devido à baixa do preço do petróleo no mercado internacional. Então, Francisco Furtado pagou, segundo a mesma fonte, parte do valor estabelecido pelo proprietário do canal, o jornalista Rui Pereira, seu fundador e administrador.
O valor total em jogo não foi revelado, nem mesmo o montante entregue como primeira tranche da transacção, mas a fonte do Correio Angolense fala em “dezenas de milhões de dólares”, embora, de acordo com informações do conhecimento de Santiago Magazine, o valor global em causa tenha sido repartido supostamente para a aquisição de outros activos como a Universidade de Santiago (negócio abortado) e o extinto jornal A Voz, semanário lançado em 2015 e encerrado no mesmo ano após oito meses de funcionamento. Com o semanário A Voz, mesmo com reuniões várias para efectivar o negócio, a transacção parou logo no início, precisamente por causa do negócio com a TIVER.
Pois bem, poucos dias após o primeiro desembolso, denuncia o Correio Angolense, Francisco Furtado “ordenou outro pagamento a partir de uma conta domiciliada num banco em Londres para fechar definitivamente o negócio. Mas como foi alertado atempadamente pelo seu advogado sobre o incumprimento de algumas cláusulas pela contraparte, o general mandou cancelar a transferência”.
Na sequência desse cancelamento ordenado por Francisco Furtado, o banco terá bloqueado a operação por suspeitar que ela estaria a ser nutrida com fundos de proveniência duvidosa.
Não se sabe se, volvidos cinco anos após a intenção de Furtado querer investir na terra dos pais, o ordenante da operação que favoreceria a TIVER já teve acesso à conta. “O que se sabe é que o negócio, este, ficou em águas de bacalhau, o mesmo que dizer que o ex-CEMG das FAA ficou sem o pretendido canal de TV. Mais: até agora não tugiu e nem mugiu. Sequer, aliás, ousou cobrar a Rui Pereira a tranche que havia pago!”, revela a publicação.
Francisco Furtado, de ascendência cabo-verdiana, e dono de herdades vinícolas em Angola além de outras participações em empresas de peso nesse país, pretendia investir em Cabo Verde nas áreas de comunicação e educação, mas tudo foi abaixo depois de perder milhares de dólares.
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