À filha a cada 11 de Setembro
Cultura

À filha a cada 11 de Setembro

E teu nome — Irina —

verde azul de hialina

transparência,

que nem é mistura

que se ensina,

alquimia de que se conhece

a exacta ciência —

           //

apenas esse riso de menina,

semovente correnteza,

água pura da mina

que lava as angústias

do pai rezinga.

       //

Pomba de alvura

que ao tiro da matina adeja,

céu de boa sina seja a estrela

que te ilumina, tu mesma

primavera alevantada no fluxo

em que toda a vida se anima.

             //

E vai e deixa sobre a terra

o lume de ser lava; e tenhas

sombra e paz ao calor do dia a pino,

ou nos nevoeiros em que por vezes

a vida finda.

           //

E a mão da honra te seja

cajado na subida, e ainda que pela

selva do mundo deambulando,

como grão catado na algibeira

a alegria tenhas por medida,

que o que o arrojo furta à sina

é sal de toda a humana aventura.

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