Que a TACV tinha problemas, não é novidade para ninguém. Mas o que se passa atualmente com a companhia é de bradar aos céus. A situação é atabalhoada, com tropeções difíceis de disfarçar.
Os chavões pomposos, como o hub, não conseguem esconder a triste realidade de uma companhia que foi amputada, e que caminha para o futuro incerto, claramente a mancar.
Primeiro a TACV fecha a operação doméstica, entregando os voos internos a Binter, em regime de monopólio privado. E também é retirada dos voos regionais, deixando para engrossar a lista de desempregados mais de duas centenas de pessoas.
Do negócio com Binter pouco se conhece, pois, o governo não coloca todas as cartas na mesa e a aparição recente, paradoxalmente, na ilha de São Nicolau, de um dos aviões ATR do extinto voo doméstico dos TACV levanta questionamentos legítimos sobre a garantia de satisfação das necessidades de transportes domésticos ou os meandros do acordo firmado.
Fez-se um acordo de gestão com Icelandair, contratado a peso de ouro, para reestruturar a companhia aérea cabo-verdiana, e com o compromisso deste disponibilizar aviões para as rotas internacionais. E numa altura em que a TACV precisa de aviões, por causa da avaria do seu Boeing, a pergunta que não quer calar: Onde está a Icelandair? Onde estão os aviões prometidos? Porquê que não veio dar uma mãozinha? Que tipo de acordo foi realmente feito com a Icelandair? Um contrato que não previne a nação dessas situações serve o interesse nacional?
O resultado são voos cancelados, prejuízos, descontentamento generalizado, um coro de críticas a aumentar, levando inclusive o Bispo Dom Ildo a manifestar o seu descontentamento, qualificando o cenário de triste e vergonhoso, apelando que ao menos haja um pouco de atenção e respeito pela dignidade das pessoas.
Nãos se consegue resolver questões básicas de organização de transportes aéreos e ainda vende-se a basofaria do hub.
Na aposição o MPD dizia ter todas as contas feitas e todas as soluções escrutinadas. Mas a sensação que há é de um governo sem estratégia consistente para a companhia, se assim se pode chamar a TACV que já foi praticamente destruída.
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