Certamente, todos se lembram como eram as Festas de Nha Santa Catarina! Corrida de cavalo, atividades desportivas diversas, desde atletismo, ciclismo, corrida de bote, natação, futebol, etc., passando por feiras de gastronomia e agropecuária. Por várias comunidades, eram inauguradas obras realizadas pela Câmara Municipal e o Governo, abrilhantando a Festa por todo o município. Todos se lembram, por certo, de passeios, postes, árvores, todos pintados de branco e com ramos de coqueiro a embelezar a Cidade, com grandes impactos no fomento da pequena economia! O que se passa com Santa Catarina? É isto que merecemos? Alguém está satisfeito com isto?
Este ano, completa 188 anos, da criação do Concelho de Santa Catarina. Desde sempre, foi e é um dos maiores do país. Do ponto de vista económica, também, é dos municípios com maiores potencialidades e diversidades. No entanto, temos de reconhecer que a sua governação, ao longo da sua história, não tem sido a melhor. Apesar de ter sido o município mais populoso de Cabo Verde, até 1970, nunca teve a atenção que deveria. Basta ver que o primeiro Liceu, para dar acesso ao ensino secundário às pessoas de Santa Catarina e de toda a Região Norte de Santiago, só começou a funcionar em 1985, portanto, 68 anos depois da ilha de São vicente e 29 anos, depois da Praia.
Claro que esta demora criou um profundo e estruturante embaraço no processo de desenvolvimento social, cultural e económico de Santa Catarina e de toda a Região. Por outro lado, se recuarmos mais na análise da história do país, havemos de perceber que Santa Catarina foi um dos concelhos que mais sofreu com o regime de morgadio, instituído em Cabo Verde, durante o período colonial. E não é, por caso, que o município foi o palco das maiores revoltas sociais ocorridas em Cabo Verde (a Revolta dos Engenhos – 1822; a Revolta de Achada Falcão – 1841 e a Revolta de Ribeirão Manuel – 1910). Mas, também, e como consequência das revoltas sociais, foi o município onde tiveram lugar as primeiras manifestações de luta contra a colonização portuguesa.
Todos esses factos são importantes e aguardam por atenção dos poderes públicos para entrarem para a galeria de preservação da nossa memória história e, assim, contribuírem, por um lado, para uma melhor compreensão das várias realidades marcantes da nossa vida coletiva atual e, por outro, contribuírem para a economia local e nacional. Razão para se perguntar, por onde andam a Câmara Municipal e o Ministério da Cultura?
Julgo que essas questões alicerçantes do nosso município devem ser muito bem conhecidas, tratadas e valorizadas, para melhor se compreender, em detalhe, a idiossincrasia dos santa-catarinenses, os sonhos e as frustrações e, a partir daí, projetar o seu desenvolvimento. Tenho por mim que há uma dívida antiga dos poderes públicos para com Santa Catarina. Esta é terra de gente muito batalhador, ou seja, “buscador de bida”. Tendo dificuldades cá, procuram-na no estrangeiro, mas a pensar, com muito amor, no seu Santa Catarina e na sua Assomada.
Hoje, sem qualquer sombra de dúvidas, os emigrantes de Santa Catarina são dos que mais remessas enviam para a nossa terra e são dos que mais investem no país, contribuindo, significativamente, para a economia local e para o reforço da divisa estrangeira para as transações internacionais.
Lamentavelmente, os poderes públicos, mais concretamente o poder local não tem sido capaz de corresponder e, nos últimos 14 anos, então, a situação de Santa Catarina, tornou-se mesmo numa vergonha, ganhando, contudo, o seu esplendor máximo, nos últimos anos. Agora, nem se sabe bem quem é, efetivamente, a cara que representa o poder local e a Câmara Municipal. As inações e omissões tornaram-se, demasiadamente, graves! É nesse ambiente nublado do poder local que a Festa de Santa Catarina, uma dupla Festa, vem se degradando, de ano para ano, para se resumir apenas ao festival. Que tristeza!
Certamente, todos se lembram como eram as Festas de Nha Santa Catarina! Corrida de cavalo, atividades desportivas diversas, desde atletismo, ciclismo, corrida de bote, natação, futebol, etc., passando por feiras de gastronomia e agropecuária. Por várias comunidades, eram inauguradas obras realizadas pela Câmara Municipal e o Governo, abrilhantando a Festa por todo o município. Todos se lembram, por certo, de passeios, postes, árvores, todos pintados de branco e com ramos de coqueiro a embelezar a Cidade, com grandes impactos no fomento da pequena economia! O que se passa com Santa Catarina? É isto que merecemos? Alguém está satisfeito com isto?
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