Porquê instalar uma incineradora no meio da população? O governo quer esconder o quê?
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Porquê instalar uma incineradora no meio da população? O governo quer esconder o quê?

É preciso alertar para a necessidade de se clarificar, se se trata de facto de uma incineradora, propriamente dito, ou de um simples forno para a queima de lixo e que não oferece total segurança, nem para os trabalhadores, nem para a população em geral, nem para o ambiente. Porque razão o Governo não dialoga com a Câmara Municipal da Praia e vai construir a incineradora lá no Aterro Municipal. Esta é uma das perguntas colocadas por um dos descontentes com a situação da construção da incineradora dentro da Granja de São Filipe. O Governo está a esconder o quê? Ou é tão-somente falta de senso de um Governo, firmada na máxima de que "quem pode mais, pode menos"?

Por estes dias, a população da Praia, mais concretamente da localidade de Achada São Filipe tem vivido atormentada com a decisão do Governo de instalar uma incineradora hospitalar dentro da chamada Granja de São Filipe, uma instituição que já foi bastante dinâmica nos idos anos 80, com espaço para acolhimento de jovens, realização de atividades de formação profissional e, mesmo, prática agrícola.

Os moradores estão revoltados com a escassez de informação e o desconhecimento quanto ao grau de impacto que uma incineradora pode ter ao nível do ambiente em geral, tanto no que se refere à qualidade do ar, como em relação ao solo, uma vez que existem várias parcelas agrícolas nas áreas ao redor.

O mais estranho de todo este processo é que existe um Aterro Sanitário para onde é levado todo o lixo da ilha de Santiago, recolhido junto de todos os municípios da ilha. Pelo que muitos moradores têm questionado por que motivo não foi considerada a hipótese de se construir a incineradora lá no Aterro Sanitário que fica na localidade de Monte dos Bodes, próximo de Ribeirão Chiqueiro, no concelho de São Domingos.

Sabemos que em tempos a Câmara Municipal da Praia fazia também a recolha do lixo hospitalar no Hospital Agostinho Neto. Todavia, esse hospital passou a contratar uma nova empresa para esse trabalho. Como é sabido também, o Aterro Sanitário é pertença da Associação dos Municípios de Santiago, mas, na prática quem arca com todos os custos e faz a gestão direta do Aterro é a Câmara Municipal da Praia. Por isso, um dos nossos interlocutores levantou a hipótese muito grave de a construção da incineradora na Granja de São Filipe, evitando o Aterro, ser parte da postura adotada pelo Governo de tudo fazer para excluir a Câmara Municipal da Praia de toda e qualquer iniciativa possível promovida pelo Governo como é este caso. É que, de facto, se o Governo tivesse tomado a decisão de construir a incineradora no Aterro, teria necessariamente, de dialogar com a Câmara da capital do país.

Por outro lado, há quem questione quanto à qualidade e segurança do processo de incineração que se pretende implementar. Qual o grau de controlo dos gases que serão resultantes do processo de incineração? Haverá ou não restos de materiais que irão resultar do processo de incineração e qual o destino que será dado a esses materiais?

É preciso alertar para a necessidade de se clarificar, se se trata de facto de uma incineradora, propriamente dito, ou de um simples forno para a queima de lixo e que não oferece total segurança, nem para os trabalhadores, nem para a população em geral, nem para o ambiente. Porque razão o Governo não dialoga com a Câmara Municipal da Praia e vai construir a incineradora lá no Aterro Municipal. Esta é uma das perguntas colocadas por um dos descontentes com a situação da construção da incineradora dentro da Granja de São Filipe. O Governo está a esconder o quê? Ou é tão-somente falta de senso de um Governo, firmada na máxima de que "quem pode mais, pode menos"?

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SOBRE O AUTOR

Domingos Cardoso

Editor, jornalista, cronista, colunista de Santiago Magazine

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