Inabilidade política
Colunista

Inabilidade política

Perante a eminência de uma nova jornada de lutas sindicais com manifestações e greves, ante um Governo insensível e cada dia mais fraco, os potenciais resultados eleitorais desfavoráveis nas autárquicas que já eram previsíveis, provavelmente, serão ainda piores devido as ondas de descontentamento que se espalha pelo país e que a greve provoca e, principalmente, pelo nível de simpatia, prestígio e apoio que os professores e seus sindicatos souberam construir ao longo do tempo. Bom ano letivo a todos e “sem djobi pa lado” o Governo apressou a sua chegada ao banco da oposição! Parabéns aos professores e seus líderes sindicais! A luta é para continuar!

Que o Governo de Ulisses Correia e Silva era incompetente todos sabíamos pelos seus estrondosos fracassos nas políticas de transporte aéreo e marítimo, segurança pública, combate à pobreza e desigualdades económicas e sociais, controle da inflação, controle da dívida pública, dentre outras áreas com desempenho negativo avaliados pelos próprios eleitores em pesquisas de opinião do afrabarometer.

1. Um Governo que precisa de pacificação sindical e social como quem precisa de pão para a boca decide adotar uma estratégia de confronto político, beligerância total e de afronta argumentativa contra as lideranças sindicais, a exemplo do que ocorreu na televisão no último domingo pode ser de uma inabilidade política espantosa e quase suicida.

2. De alguns fatos parece que não temos dúvidas: que os sindicatos de professores são politicamente fortes e que seus líderes detém o comando da classe não creio que haja dúvida pelos índices de participação nas greves e manifestações realizadas no último ano letivo que contaram com adesões superiores a 90% dos professores.

3. A estratégia de confronto, ataque ou tentativa de descredibilização e fragilização de um líder cujos liderados depositam nele confiança e reconhecem a sua legitimidade no comando só serve para reforçá-lo ao invés de dividir a classe e enfraquecer a luta.

4. A sucessão de erros do Governo nesse processo é tanta que está-se chegando ao ponto do inimaginável: primeiro subestimou o papel e a força política dos professores e seus sindicatos, ignorou as suas reivindicações e atribuiu, discriminatoriamente, aumentos salariais aos funcionários das finanças e do Banco Central; seguidamente, quando foram surpreendidos com as manifestações maciças de todos os sindicatos dos professores com adesões record resolveram atribuir esse feito a fatores políticos, nomeadamente, que os sindicatos estariam sendo instrumentalizados por partidos políticos da oposição e abriram processos disciplinares contra professores que estavam exercendo legítima e legalmente o direito a greve; passo seguinte, resolveu fintar os professores e seus sindicatos encaminhando um PCFR para a promulgação do Presidente da República junto com pressões e chantagens de que o PR teria, necessariamente, que promulgá-lo. O PR vetou o PCFR e devolveu o diploma ao Governo; Numa atitude de desespero e totalmente ridícula, o Governo solicita ao PR para “desvetar” o PCFR e surgiram tropas acusando o PR de ser contra os professores; os sindicatos se apresentam e congratulam com a douta decisão do mais alto magistrado da nação, PR;

5. Agora, o Governo se volta contra os sindicatos e seus líderes tentando descredibilizá-los e dizer que eles são contra os professores – é o cúmulo da insensatez e da inabilidade política!!!

6. O Governo ao invés de acalmar os sindicatos e atender as suas reivindicações resolve dar mais gaz e força aos seus dirigentes e à classe quando tentam acusá-los de serem contra os seus comandados.

7. O Governo já tinha ensaiado todas as manobras eleitoralistas mais baixas, anteriormente, nomeadamente, isenção de propinas a todos os anos de ensino secundário, quando tal medida prejudica as crianças mais pobres e seus pais que não tem trabalho nem renda e só beneficia os pais mais abastados que têm recursos para custear o ensino de seus educandos; anúncio de bolsas de estudos às melhores universidades do mundo, promessa essa nunca concretizada e agora, o subsídio de volta às aulas nas vésperas de eleições autárquicas como forma, talvez, de chegar nos pais e encarregados de educação ganhando simpatia eleitoral e esvaziar o poder reivindicativo e legítimo dos sindicatos. Ledo engano!!!

8. Os dados do afrobarometer mostram que 60% dos eleitores consideram que o Governo está seguindo na direção errada e que se as eleições legislativas fossem realizadas hoje seria derrotado.

9. Perante a eminência de uma nova jornada de lutas sindicais com manifestações e greves, ante um Governo insensível e cada dia mais fraco, os potenciais resultados eleitorais desfavoráveis nas autárquicas que já eram previsíveis, provavelmente, serão ainda piores devido as ondas de descontentamento que se espalha pelo país e que a greve provoca e, principalmente, pelo nível de simpatia, prestígio e apoio que os professores e seus sindicatos souberam construir ao longo do tempo.

Bom ano letivo a todos e “sem djobi pa lado” o Governo apressou a sua chegada ao banco da oposição! Parabéns aos professores e seus líderes sindicais! A luta é para continuar!

Partilhe esta notícia

Comentários

  • Casimiro Centeio, 18 de Set de 2024

    Este governo mostra-se-nos incompetente em todas áreas políticas,sociais,morais e económicas. Não deixa espaço para exceção, a não ser em domínios inserviveis para a sociedade humana.
    É um mal pesado que infelizmente carregamos 10 anos sobre as costas, que as futuras gerações terão que completar o pagamento a preço elevadíssimo.

    Responder


Comentar

Caracteres restantes: 500

O privilégio de realizar comentários neste espaço está limitado a leitores registados e a assinantes do Santiago Magazine.
Santiago Magazine reserva-se ao direito de apagar os comentários que não cumpram as regras de moderação.