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Enfraquecimento da Globalização e Cabo Verde sobreviver entre “blocos” de “aliados” e “adversarios”
Colunista

Enfraquecimento da Globalização e Cabo Verde sobreviver entre “blocos” de “aliados” e “adversarios”

Devemos nós aqui em Cabo Verde acreditar na viabilidade tecnológica, que como sabemos é consubstanciada em tecnologias que possibilitam o retorno dos processos produtivos “terceirizados”. A convergência e o feedback da tecnologia digital, robótica, impressão 3D, nanotecnologia, bioengenharia e genômica ou a Internet das Coisas, representam a chamada “Quarta Revolução Industrial”. Isso aponta para a obsolescência das cadeias de suprimentos e das cadeias globais de valor. Por que ir para lugares distantes para fabricar ou procurar prestadores de serviços, quando a tecnologia nos permite encontrar tantas opções e soluçoes “in loco”, isto é na nossa propria terra? E a verdade é que o futuro é a Internet.

A queda do murro de Berlim, ou o fim da bipolarização planetaria, marcou a emergencia da era da predominância da economia sobre a geopolítica e o desaparecimento dos conflitos entre as grandes potências...Será que com a guerra na Ucrania, a globalização começou a desvanecer-se..!! A hipotese fica lançada, mas verifica-se que a globalização vem perdendo força e a geopolítica está recuperando sua proeminência, quase nos mesmos moldes do periodo da guerra fria.

A geopolitica actual não beneficia em nada Cabo Verde, país dependente sem recursos que ainda não se recuperou dos efeitos socioeconomicos da terrivel crise sanitaria que persiste faz já dois anos, mais as consequências da conjuntura da crise ambiental planetaria que também nos castiga ainda severamente...Como sobreviver na nova orientação geoestratégica entre “blocos” de “aliados” e “adversarios”?

Hoje, o ambiente internacional tornou-se imensamente “muito fluido”. Isso apesar do facto de que “esta nova Guerra Fria tomou forma entre a China e os Estados Unidos” ou que a Rússia se tornou um poderoso oponente do Ocidente. Apesar de constituir o histórico "aliado" dos Estados Unidos, a América Latina goza de imensa liberdade de ação em relação à China, país que se tornou o primeiro ou segundo maior parceiro comercial dos países da região e também dos Paises Africanos. Mas, também, no outro extremo do mundo, na vizinhança da China, vários países do Leste Asiático mantêm uma abordagem "undi sta pinga la quim ta pára" em relação às superpotências. Voltando-se para Washington em busca de “segurança militar” e para a China em busca de “oportunidades econômicas”... Frente ás estratégias de “blocos”, o “existencialismo”, cabo-verdiano deveria seguir a rota de não alinhamento como garantia de segurança diante das contingências de um mundo cada dia, mais instável..!!

A Covid-19, inclinou em todo o mundo, a balança contra a globalização. Contar com cadeias de suprimentos globais, em tempos de pandemia, se traduziu não apenas em uma imensa fonte de vulnerabilidade para as economias dos pais insulares, mas também funcionou como o “gatilho” para a inflação, ou aumento de custo de vida, sobretudo para as franjas soieconomicas mais frágeis (ex. a distribuição de “cestas básicas”). Ficamos mais vulneráveis fustigados pelas secas consecutivas tres anos seguidos, menos “autônomo” e mais expostos às contingências globais frente às fraquezas das nossas proprias fontes produtivas.

Verifica-se que a “globalização”, processo que supostamente, devia beneficiar as sociedades liberais, as mais bem posicionadas para capitalizar em um mercado global fluido e rápido, beneficiou muito mais os países em desenvolvimento fazendo surgir “potencias economicas emergentes”. A integração nesse mercado global de 1,3 bilhão de chineses ou 1,2 bilhão de indianos transformou as sociedades ocidentais em fortalezas “sitiadas”. A “globalização” trouxe um “boom” em crescimento economico a países com recursos, potencialidades e em desenvolvimento, que foram denominados de “paises emergentes”, caso mais evidente: os países chamados “BRICS”, Brasil, Russia, India, China e Africa do Sul... As sociedades ocidentais ficaram, dependentes sobretudo da “mão-de-obra” chinesa, país hoje, transitoriamente segunda potencia economica mundial.

A erosão da classe média dessas novas “potências economicas” e a evaporação das indústrias tradicionais nessas sociedades possibilitaram o surgimento de poderosos movimentos populistas em desacordo com os ideais liberais ocidentais e muitas dessas forças, lutam pelo protecionismo e pelo fim da globalização e criação de nova ordem mundial...

A globalização, submetida ao choque de forças que lutam pela sobrevivência ou mesmo grupos que reivindicam justiça social planetária, está em equilíbrio instável há vários anos. Aqueles que a apoiam não são necessariamente aqueles que a propuseram e aqui podemos encontrar, a China e a Índia, as novas economias industrializadas, as cidades globais, os beneficiários das rotas marítimas internacionais, os produtores de “commodities” ou as grandes redes atacadistas. Mas também pode-se incluir nessa onda, algumas “instituições” que giram em torno da globalização ou da elite econômica global que se reúne anualmente em Davos na Suiça...

Devemos nós aqui em Cabo Verde acreditar na viabilidade tecnológica, que como sabemos é consubstanciada em tecnologias que possibilitam o retorno dos processos produtivos “terceirizados”. A convergência e o feedback da tecnologia digital, robótica, impressão 3D, nanotecnologia, bioengenharia e genômica ou a Internet das Coisas, representam a chamada “Quarta Revolução Industrial”. Isso aponta para a obsolescência das cadeias de suprimentos e das cadeias globais de valor. Por que ir para lugares distantes para fabricar ou procurar prestadores de serviços, quando a tecnologia nos permite encontrar tantas opções e soluçoes “in loco”, isto é na nossa propria terra? E a verdade é que o futuro é a Internet.

 

miljvdav@gmail.com.

 

 

 

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