A verdadeira medida da democracia não reside apenas em indicadores quantitativos, mas também na qualidade das instituições democráticas e na eficácia da participação cidadã na tomada de decisões políticas. Ao concluir, é evidente que o discurso do Primeiro-ministro de Cabo Verde sobre liberdade e democracia carece de consistência e credibilidade. Suas ações internas contradizem suas palavras, minando assim a legitimidade de seu governo e comprometendo os valores democráticos que ele pretende defender. Para que Cabo Verde possa avançar verdadeiramente em direção à liberdade e democracia, é crucial que seus líderes demonstrem um compromisso genuíno com esses valores e pratiquem o que pregam.
O discurso do Primeiro-minitro, sobre liberdade e democracia, proferido na abertura da Conferência Internacional “Liberdade, Democracia e Boa Governança levanta sérias questões sobre a coerência entre suas palavras e suas ações. Enquanto se apresenta como defensor desses valores fundamentais, a realidade interna do país conta uma história diferente, marcada pela falta de debate interno, eliminação de vozes críticas e tratamento desrespeitoso e arrogante dos adversários políticos. Este artigo busca desmontar o discurso do Primeiro-ministro, evidenciando as contradições entre suas palavras e suas práticas políticas.
No banquete na ilha do Sal, Ulisses Correia e Silva começou seu discurso destacando os ataques à democracia e à dignidade humana, como guerras, golpes de Estado e ameaças digitais, como a desinformação. Ele aponta a necessidade de mais democracia, mais empoderamento dos cidadãos e mais confiança nas instituições como resposta a esses desafios. No entanto, suas próprias ações internas contradizem essas palavras. Recentemente, durante as eleições internas de seu partido, o Primeiro-ministro não se disponibilizou para debater com um concorrente interno, eliminando assim o elemento crucial do debate democrático. Quando foi candidato à CMP, houve uma devassa digital em que vários adversários políticos ficaram sem acesso aos seus emails.
Além disso, é importante destacar que Ulisses Correia e Silva tem eliminado sistematicamente vozes críticas dentro de seu próprio partido, impedindo qualquer forma de oposição interna. Essa falta de debate e pluralidade de ideias mina os fundamentos da democracia, que pressupõe a existência de diferentes perspectivas e a possibilidade de escolha informada pelos cidadãos. Portanto, quando o Primeiro-ministro fala sobre mais democracia e empoderamento dos cidadãos, suas ações sugerem o contrário, mostrando um cenário de concentração de poder e autoritarismo interno.
O tratamento dispensado aos adversários é motivo de preocupação. Desprezo, arrogância e até mesmo ódio em relação aos oponentes políticos pintam um retrato sombrio da cultura política dentro do seu proprio Partido. Essa atitude não condiz com os princípios democráticos de respeito pela diversidade de opiniões e pela pluralidade política.
O custo exorbitante desta conferência também é uma questão que não pode ser ignorada. Enquanto o país enfrenta desafios significativos, como alto desemprego, falta de oportunidades, problemas de ligação inter-ilhas e dificuldades na evacuação dos doentes, gastar cerca de 55 mil contos em uma conferência para limpar a imagem política parece não apenas imprudente, mas também insultante para aqueles que estão lutando para sobreviver em meio a essas dificuldades. Esse desperdício de recursos levanta dúvidas sobre as verdadeiras prioridades do governo e sua dedicação ao bem-estar do povo cabo-verdiano.
Ao abordar a relação entre liberdade, democracia e desenvolvimento, o Primeiro-ministro destaca a importância desses valores para o progresso de um país. No entanto, sua própria conduta contradiz essa afirmação. A falta de liberdade política e de espaço para o debate democrático mina a legitimidade do governo e enfraquece os alicerces da democracia. Além disso, a corrupção e a impunidade, que persistem sob sua liderança, minam a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas e comprometem o desenvolvimento sustentável do país.
A posição de Cabo Verde nos rankings internacionais, que o Primeiro-ministro tanto orgulha, pode não refletir a realidade completa. Enquanto o país pode se destacar em termos de liberdade e transparência em alguns aspectos, as falhas em garantir a liberdade política e o respeito pelos direitos humanos colocam em questão a validade desses rankings.
A verdadeira medida da democracia não reside apenas em indicadores quantitativos, mas também na qualidade das instituições democráticas e na eficácia da participação cidadã na tomada de decisões políticas. Ao concluir, é evidente que o discurso do Primeiro-ministro de Cabo Verde sobre liberdade e democracia carece de consistência e credibilidade. Suas ações internas contradizem suas palavras, minando assim a legitimidade de seu governo e comprometendo os valores democráticos que ele pretende defender. Para que Cabo Verde possa avançar verdadeiramente em direção à liberdade e democracia, é crucial que seus líderes demonstrem um compromisso genuíno com esses valores e pratiquem o que pregam.
Comentários