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A gestão do poder
Colunista

A gestão do poder

A melhor gestão do poder é ter a consciência que a vida é infinitamente maior do que isso. É saber que servir ao outro com esmero e responsabilidade, é a principal demonstração de quem é titular de um cargo de relevância. Quando falamos de poder, falamos de chefia, de liderança e cargos relevantes nas funções públicas, nas empresas e em áreas onde há um exercício hierárquico permanente.

O poder mal gerido provoca desequilíbrio, adoece e esmaga o desempenho que se esperava. Sem o equilíbrio pessoal e bom senso, o poder destrói. Em todos os campos onde o poder é mal gerido, os resultados falam por si. Não há equilíbrio sem a boa gestão do poder.

Não podemos esquecer que é transitório e não vitalício. Uma coisa é ter o poder para exercer grandes responsabilidades, e outra, é usar dele para a autopromoção e pior ainda, subjugar os outros e se considerar exclusivo.

A identidade pessoal conta muito para quem exerce o poder. O carácter representa um peso central para um equilíbrio eficiente. Não podemos mudar a nossa idiossincrasia, só porque exercemos um cargo elevado ou de destaque. Isto seria um sinal que na essência não somos o que realmente deveríamos ser.

A responsabilidade de quem detém o poder, não serve para subjugar, e sim enaltecer, escravizar e sim motivar.

É bom lembrar que não se deve delegar poder a quem não possui capacidade humana e técnica para tal. "Um grande poder requer uma grande responsabilidade". O fracasso está justamente quando fazemos do poder a nossa "bengala". Isto é, adotamos a ideia que somos o que somos porque temos um poder que nos confere autoridade para agir da forma parcial, autocrática e autoritária. O pior disso, é que acabamos por ser excessivos, arrogantes e egocêntricos. Atrasamos o desenvolvimento onde estamos inseridos, lideramos com parcialidade e criamos embaraços sem procedentes.

A maturidade de uma pessoa está intimamente ligada á sua capacidade de lidar com o poder. Existem pelo menos quatro poderes fundamentais. O económico, o político, o religioso e o social. Quando somos detentores de um desses poderes, e não compreendermos que a nossa essência deve se manter, que não devemos perder a nossa identidade. Nos esquecendo da humildade, o poder se torna um perigo e assombroso.

Quase todo o ser humano aspira o poder; está claro que o poder nas mãos de quem tem identidade própria, será de relevância extrema. Estamos em permanente busca desse elemento, cuja realidade central nem sempre é de natureza benéfica. Tem a ver com suplantar o outro e pensar que somos "soberanos".

Devo salientar, que o poder não serve para diminuir ninguém, pior ainda, para nos sentir superiores. Quem não está preparado para fazer a melhor gestão do poder, não estará preparado para possuí-la. Em si não representa nada, se quem o possui não estiver preparado internamente para administrá-lo. Há quem pense que só será respeitado se tiver poder. É importante lembrar, que não há poder que não acabe; a transitoriedade é uma realidade da qual não podemos negar. Se apegar ao poder como se fosse eterno, é um perigo, e poderá ser esmagador.

A vida é muito mais do que ter poder. É liberdade interna, é uma autoestima que ultrapassa o senso de nos sentirmos superiores aos outros. Não podemos sucumbir a nossa ausência de conteúdo, como o vazio interno, a baixa autoestima, com a procura alienada de poder para compensarmos o que nos falta internamente. A razão porque muitos quando perdem o poder entram em colapso psíquico e emocional, vivendo o pânico da ausência, refugiando na frustração, é porque apossaram do poder como se fosse a primeira e última ordem da vida. Fizeram dele a razão fundamental da vida.

A melhor gestão do poder é ter a consciência que a vida é infinitamente maior do que isso. É saber que servir ao outro com esmero e responsabilidade, é a principal demonstração de quem é titular de um cargo de relevância. Quando falamos de poder, falamos de chefia, de liderança e cargos relevantes nas funções públicas, nas empresas e em áreas onde há um exercício hierárquico permanente.

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SOBRE O AUTOR

Lino Magno

Teólogo, pastor, cronista e colunista de Santiago Magazine