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JMJ. Diácono que acompanha jovens cabo-verdianos diz que "ninguém está desaparecido"
Sociedade

JMJ. Diácono que acompanha jovens cabo-verdianos diz que "ninguém está desaparecido"

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) comunicou hoje que quase 200 peregrinos cabo-verdianos e angolanos não compareceram na Diocese Leiria-Fátima, em cujas atividades estavam inscritos. Entretanto o jornal A Nação, citando o diácono Daniel Vaz, em declarações à RCV, diz que que já só restam 400 dos mais 900 peregrinos cabo-verdianos foram participar na JMJ com o Papa Francisco.

Segundo a agência Lusa, um dos diáconos que acompanham peregrinos cabo-verdianos à Jornada Mundial da Juventude (JMJ) disse hoje que "ninguém está desaparecido" e que alguns jovens optaram por ficar em Lisboa em vez de participar nas atividades em Leiria.

O diácono José Manuel Vaz, que acompanhou uma das quatro delegações oriundas da ilha de Santiago que, entre 25 de julho e a quarta-feira passada, chegaram a Lisboa, mostrou o seu espanto com as notícias que dão conta de um desaparecimento de peregrinos cabo-verdianos e angolanos.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) comunicou hoje que quase 200 peregrinos cabo-verdianos e angolanos não compareceram na Diocese Leiria-Fátima, em cujas atividades estavam inscritos.

"É 'fake news'. Ninguém está desaparecido e nenhum peregrino é obrigado a participar em atividades das dioceses", indicou o diácono.

E adiantou: "Alguns peregrinos que chegaram a Lisboa optaram por ficar na cidade, onde arranjaram alojamento junto de familiares e amigos, em vez de ir a Leiria para participar nas atividades. Ninguém informou que as atividades eram obrigatórias".

"Querem saber onde estão estes peregrinos? Venham à jornada e vão encontrá-los", disse.

Lembrando que os peregrinos têm um visto de 18 dias, após os quais não podem permanecer em Portugal, o religioso ressalvou: "Ninguém garante que, após esse período, alguns peregrinos não fiquem em Portugal, mas isso é um problema que não tem nada a ver com a participação na jornada".

Contactado pela Lusa, o embaixador cabo-verdiano em Portugal, Eurico Correia Monteiro, considerou que "pode ser ainda cedo para se formular juízos seguros sobre este incidente e suas causas".

"Pode ser precipitado extrair conclusões nesta altura, devendo-se reservar juízos conclusivos para momento posterior", adiantou.

E recordou que "só as autoridades administrativas portuguesas e as autoridades eclesiásticas cabo-verdianas e portuguesas podem eventualmente dispor de informações relevantes sobre este caso".

Por seu lado, o assessor de imprensa da Embaixada de Angola em Portugal, Vitor Carvalho, referiu à Lusa que esta representação diplomática não tem qualquer conhecimento do alegado desaparecimento de peregrinos angolanos.

A organização da JMJ indicou hoje que está a acompanhar "com tranquilidade" a situação dos peregrinos angolanos e cabo-verdianos, garantindo que foi acionado o protocolo acordado nos casos de "não-comparência" de participantes no evento.

"A organização acompanha a situação com tranquilidade e com toda a confiança nas entidades públicas. O protocolo acordado para este tipo de casos foi acionado", disse a porta-voz da Fundação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), Rosa Pedroso Lima, em conferência de imprensa.

A responsável explicou depois à Lusa que os peregrinos em causa não compareceram ao 'check-in' do local de acolhimento.

Na segunda-feira, a diocese de Leiria-Fátima deu conta da "ausência de 106 peregrinos dos grupos estrangeiros de nacionalidade angolana e cabo-verdiana acolhidos em três paróquias da diocese", um número que o SEF atualizou hoje para 195 jovens (168 cabo-verdianos e 27 angolanos).

Em comunicado, o Sistema de Segurança Interna referiu que as autoridades tomaram "medidas de monitorização" sobre estes 106 peregrinos angolanos e cabo-verdianos.

Este grupo estava "devidamente inscrito" na Jornada Mundial da Juventude e entrou "regularmente e por via aérea em território nacional", segundo o Sistema de Segurança Interna (SSI).

No entanto, estes peregrinos não realizaram o 'check-in' na diocese de Leiria-Fátima, como estava previsto, acrescentou.

Pelo menos 1.518 angolanos, residentes em Angola e na diáspora, inscreveram-se para participar na JMJ Lisboa 2023 e a partir de Luanda devem embarcar 518 peregrinos para este encontro com o Papa Francisco. De Cabo Verde, está prevista a participação de um total de 913 cabo-verdianos, incluindo religiosos.

Apenas 400 jovens na comitiva

Entretanto, o jornal A Nação noticiou esta terça-feira que dos 913 cabo-verdianos que deveriam participar a partir de hoje na Jornada Mundial da Juventude, já só sobram pouco mais de 400, informou hoje o diácono Daniel Vaz.  

Escreve o jornal de Cidadela que a delegação cabo-verdiana à Jornada Mundial da Juventude, que se encontra em Portugal, contabiliza, neste momento, pouco mais de 400 pessoas, ou seja, aproximadamente metade da comitiva que saiu de Cabo Verde. O semanário cita declarações fetas pelo porta-voz da delegação cabo-verdiana, o diácono Daniel Vaz, à RCV, segundo o qual os desertores devem assumir as suas responsabilidades e responder perante as autoridades.

Daniel Vaz explicou, entretanto, que a igreja não responde pelos actos de ninguém e que só fala dos peregrinos que, de facto, estão a tomar parte nas actividades da JMJ. “Uma coisa é dizer o número de pessoas que saíram de Cabo Verde e outra coisa é dizer quantos peregrinos vieram para a JMJ. Para a jornada, temos pouco mais de 400 jovens neste momento”, informou.

A JMJ, que vai contar com a presença do papa Francisco, começa hoje em Lisboa e termina no domingo.

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