Em Cabo Verde, a tributação fiscal é inversamente proporcional ao rendimento do contribuinte, quando este gravita à volta do sistema politicamente instituído. O “catador” é perseguido para pagar impostos, enquanto os “empresários de sucesso”fogem do fisco como o diabo da cruz, e ninguém se preocupa. Será que esses são os “apóstolos” do sistema? Quem sabe! Num país a sério, quanto mais se ganha mais imposto se paga, para que o Estado possa assumir as suas responsabilidades sociais. Cabo Verde foge às suas obrigações sociais, e isenta impostos aos seus “oligarcas”.
Caros compatriotas,
Neste momento, aproximadamente 120.000 pessoas vivem no limiar da pobreza em Cabo Verde, muitos deles comendo o pão que o diabo amassou.
Mais de metade da população tem menos de trinta anos, na maioria sem formação profissional, sem emprego, sem futuro à vista. Consequentemente, as prisões estão superlotadas de jovens que nunca tiveram uma oportunidade na vida, a não ser a pequena criminalidade de subsistência, drogas, depressão e até suicídio.
A fome é visível no rosto dos jovens, e não só, que deambulam noite e dia pelas ruas dos principais centros urbanos do país.
Naturalmente que não há regras sem excepções. Temos também delinquentes de última geração que têm vindo a recrutar os nossos jovens para suas actividades criminosas.
Os sucessivos Governos, pouco ou nada têm feito no sentido de minimizar a vergonhosa desigualdade social nestas Ilhas. Têm-se preocupado sim, em criar uma imagem de um Estado rico, num território extremamente pobre, onde se pratica salários e pensões de reforma milionários para uns, e salários de fome para outros.
Economicamente, Cabo Verde não tem onde cair morto. Vive-se da solidariedade internacional, remessas dos nossos emigrantes, e da taxa cobrada aos turistas de mochila que, por enquanto, nos visitam.
Importamos 90% daquilo que consumimos, e, mesmo com 47 anos de independência, não foi possível instituir uma cultura de produção, e sobretudo de poupança, de forma a podermos, um dia, vir a andar com os nossos pés.
Costuma-se dizer que o povo merece o governo que tem. Só que, em Cabo Verde, esta teoria não se aplica, por causa da “ingenuidade” do nosso povo.
Destino ou fatalidade? Sinceramente, não sei.
Qual a necessidade de Cabo Verde possuir cerca de 1.350 VIATURAS DO ESTADO, com um custo anual de 400 MIL CONTOS anualmente, em combustível? Sinceramente! Uma autêntica loucura! Nem sequer estradas temos.
Reduzindo esse tipo de despesas para metade, garantidamente que iria ter impacto na diminuição da pobreza.
Como é possível, num micro-Estado como o nosso, o Tribunal de Contas ter a habilidade de visar um despacho (nº1156/2022 de 12-08-22) que atribui uma pensão de reforma de 350.575$00 mensal, ao Ex. Chefe de Estado Maior das Forças Armadas?
Sabe-se que o salário dele era, de longe, inferior ao valor que lhe foi atribuído como pensão vitalícia. A não ser que todas as mordomias e outros subsídios, da função, passam a contar para a reforma. Se esta prática fizer escola, dentro de pouco tempo o Estado acabará por declarar falência.
Temos um país que, por natureza, mal consegue sobreviver financeiramente, agravado pelas crises pandémicas e económicas que tem vindo a torturar o mundo inteiro. Nesta base, seria de bom senso que o Governo tivesse mais sensibilidade às nossas dificuldades, nomeadamente dos mais vulneráveis, e optasse por uma política de contenção e não de esbanjamento.
O que faz um funcionário público em Cabo Verde, para merecer essa reforma choruda? Ou será que o Chefe das Forças Armadas de Cabo Verde merece um tratamento diferenciado? Será que ele é mais funcionário público que os demais?
Provavelmente, todos devem estar recordando a epopeia daquele Comandante Regional das Forças Armadas que afirmou publicamente que os presos comiam melhor que os seus soldados. Não se crê que ele disse o que disse por descuido, até porque, pessoalmente, acredito no que ele disse, e considero-o pessoa de bem. Se não foi politicamente correto, é outra história.
As façanhas do nosso Governo não ficam por aí. Muito recentemente, Foi atribuído ao Ex. Presidente da República um subsídio de 25.000 contos para montagem de um gabinete a que tem direito.
Eu pergunto, gabinete para quê, sabendo que temos um Presidente em exercício com gabinete financiado pelo Estado?
A choruda pensão de reforma não lhe chega? Sinceramente! É preciso muita coragem e pouca vergonha, considerando as fragilidades do nosso país.
Para complicar mais a nossa frágil economia, esses felizardos, que auferem salários e pensões de reforma milionários, têm ainda o privilégio de importar “viaturas de luxo”, de 4 em 4 anos, isentas de tributação alfandegária, enquanto o “zé-ninguém” é obrigado a pagar 200 mil escudos, mais 30 ou 40% do valor atribuído ao seu carro usado.
Em Cabo Verde, a tributação fiscal é inversamente proporcional ao rendimento do contribuinte, quando este gravita à volta do sistema politicamente instituído. O “catador” é perseguido para pagar impostos, enquanto os “empresários de sucesso”fogem do fisco como o diabo da cruz, e ninguém se preocupa. Será que esses são os “apóstolos” do sistema? Quem sabe!
Num país a sério, quanto mais se ganha mais imposto se paga, para que o Estado possa assumir as suas responsabilidades sociais.
Cabo Verde foge às suas obrigações sociais, e isenta impostos aos seus “oligarcas”.
Precisamos rever, urgentemente, a forma de governar Cabo Verde. Caso contrário, vamos ter que baralhar as cartas e recomeçar o jogo. Para quem entende, meia palavra basta.
BASTA DE IMORALIDADES !!
Um abraço de fraternidade de Santo Antão à Brava.
ALCINDO AMADO
alcindoamado@hotmail.com
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