Muro de proteção em Chã Rodrigues. QUE GANHOS PARA OS SALVADORENHOS?
Ponto de Vista

Muro de proteção em Chã Rodrigues. QUE GANHOS PARA OS SALVADORENHOS?

É de todo triste e vergonhoso, uma vez que, havendo 39.667.007 contos para corrigir a incapacidade de Ângelo Vaz, como é que não haverá dinheiro para resolver o problema de estrada de uma das localidades com maior potencial de produção agrícola e animal no concelho. Outrosssim, tivesse a Senhora Ministra, na qualidade da tutela de Infraestrutura, cuidado em tempo oportuno de fiscalizar os fundo que transfere para a Câmara do Ângelo Vaz, certamente que não estaria agora a enterrar todo esse dinheiro acima dos 16 mil que foram parar ao mar com as enxurradas. Por tudo isso, e mais coisas que saltam à vista de todos, e que paulatinamente vem arrastando a população para a pobreza, os Salvadorenhos e Salvadorenhas devem analisar muito bem esses governantes, centrais e locais, para saberem em quem depositar a sua confiança nas eleições do dia 1 de dezembro próximo.

Em 2018, o Governo de Cabo Verde, no âmbito do projeto PRRA, financiou a construção do Muro de proteção na localidade de Chã Rodrigues, que era uma reivindicação antiga da população.

A obra foi concebida e implementada de forma errada, sobretudo a nível da estrutura e construção em si, e a população foi o primeiro a chamar a atenção dos responsáveis municipais a que se seguiram os deputados municipais eleitos pelo PAICV, que tomando o conhecimento do sucedido, visitaram o local, para tirar as devidas ilações.

Os deputados municipais do PAICV, ao perceberem da gravidade da situação, levaram o assunto para a Sessão de Assembleia Municipal, na convicção de que as suas preocupações iriam ser absorvidas, mas infelizmente a  Câmara Municipal e a bancda do do MPD a que suporta preferiram ignorar a chamada de atenção dos eleitos da oposiçãos, apelidando-os de ciumentos e de “boca fede”, alegando que Picos estava perante a maior obra realizada no concelho, desde a sua criação em 2005, daí o ciúmes dos eleitos do PAICV.

Com a obra concluída o Governo devidamente concertado com a Câmara Municipal aproveitou de um momento ímpar em que estavam praticamente todos os Presidentes das Câmaras do País na Cidade Praia, para a inauguração da obra, que correu no dia 05 de novembro de 2019, com muita pompa, diria eu, sem circunstâncias para tal.

Como já era previsível, dez meses depois, no dia 13 de setembro de 2020, a obra derrocou, e assim, o tempo deu razão à população e aos deputados municipais do PAICV.

Estamos a falar de uma obra que segundo a declaração do Presidente Câmara Municipal, custou 16 mil contos ao erário público. Portanto, são 16 mil contos enterrados no chão e que não trouxe benefício algum para a população de Salvador do Mundo e em particular para a população de Chã Rodrigues.

Face ao sucedido, o Governo anunciou que iria averiguar as circunstâncias que estavam na origem de derrocada da obra, para sacar as responsabilidades, mas tudo não passou de uma mera retórica, apenas para deitar a areia aos olhos dos incautos.

É preciso dizer, que neste quesito, o Governo enquanto entidade financiadora, também teve a sua culpa nesta construção, pelo fato de não ter fiscalizado a obra durante a fase de execução.

Passado quase quatro anos, eis que o governo de Cabo Verde financiou novamente a mesma obra, desta vez através do Fundo de Turismo no valor de 39.667.007 mil contos, que somando os 16 mil contos anteriormente ali enterrados,  atingem a soma de 55.667.000 contos, isso sem contar com obras a mais, que decerto vai ser mais uns milhares de contos.

Um fato curioso é que numa entrevista à Inforpress no dia 28 de junho, o Presidente da Câmara Municipal,  o Senhor Ângelo Vaz, disse, que Picos está a viver um bom momento em termos de infraestruturação, e destacou o início da obra de Requalificação Urbana Ambiental de Chã Rodrigues “PICOS NA CORAÇÃO”, cujo orçamento ronda 45 mil contos, contrapondo o valor de 39.667.007 ECV, portanto, uma diferença de mais de 6 mil contos, aqui algo não bate certo, pois, é  preciso que os Salvadorenhos mantenham atentos, porque na próxima inauguração terão que dizer aos Munícipes  o custo real  da obra.

O Senhor Presidente, Ângelo Vaz disse que esta obra nova vai ser contemplada com espaços para restauração, parque infantil e um posto de carregamento para viaturas elétricas.  Que assim seja.

Efetivamente a Câmara Municipal e o Governo teriam que devolver a referida infraestrutura aos Munícipes, o que não revogará e nem devolverá os 16 mil contos enterrados no chão e levados pelas enxurradas, e que ninguém foi responsabilizado até hoje.

Um outro fato interessante e que merece a atenção dos Munícipes, em particular os da População de Chã Rodrigues e Picos Acima é que no início da reconstrução do Muro, quiçá por mera coincidência a população de Picos Acima (Zona baixa) denunciou junto à Televisão de Cabo Verde sobre a situação de penúria da população relativa as péssimas condições de estrada, que dá acesso à localidade de Picos Acima, a partir de Chã Rodrigues.

Na sequência, a Senhora Ministra da Infraestruturas, Ordenamento do Território e Habitação visitou aquela localidade, acompanhada do Sr. Presidenta Câmara Municipal de São Salvador do Mundo, durante a qual a Ministra teve a coragem de dizer publicamente, que reconhece as dificuldades da população e que, entretanto, não vislumbra de perto a possibilidade de financiamento para acessibilidade à aquela localidade.

É de todo triste e vergonhoso, uma vez que, havendo 39.667.007 contos para corrigir a incapacidade de Ângelo Vaz, como é que não haverá dinheiro para resolver o problema de estrada de uma das localidades com maior potencial de produção agrícola e animal no concelho. Outrosssim, tivesse a Senhora Ministra, na qualidade da tutela de Infraestrutura, cuidado em tempo oportuno de fiscalizar os fundo que transfere para a Câmara do Ângelo Vaz, certamente que não estaria agora a enterrar todo esse dinheiro acima dos 16 mil que foram parar ao mar com as enxurradas.

Por tudo isso, e mais coisas que saltam à vista de todos, e que paulatinamente vem arrastando a população para a pobreza, os Salvadorenhos e Salvadorenhas devem analisar muito bem esses governantes, centrais e locais, para saberem em quem depositar a sua confiança nas eleições do dia 1 de dezembro próximo.

O Munícipe

Manuel António Torres

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