As minhas preces à alma pura da Arícia no Esplendor da Luz Perpétua e que Deus abençoe Cabo Verde!
"Deixai vir a mim as criancinhas, não as impeçais porque é delas o Reino dos Céus"
Mateus: 19, 14
A semelhança doutras latitudes, o nosso país atravessa momentos bastante conturbados. Um pouco por todos os concelhos alastram-se ocorrências estranhas, de extrema gravidade, desconhecidas dos nossos avôs e muito contrárias a nossa idiossincrasia e aos nossos brandos costumes.
São, por vezes, casos de natureza muito melindrosa pelo que a sua abordagem se emerge como empreitada difícil e desconfortável, ainda que despida de qualquer pretensão egoísta como esta, cujo escopo é não deixar que a bruma dos tempos nos faça esquecer dos nossos infortúnios, das nossas atribulações, e buscar o necessário bálsamo como profilaxia e correção.
A Tragédia que, a partir de São Salvador do Mundo, enlutou Cabo Verde e o Mundo é, infelizmente, o leitmotiv desta incursão.
Nesse fatídico Dia Internacional da Criança, Arícia Daiara caiu nas mãos do seu carrasco. Com fragilidade e inocência dos seus 5 anos de idade, se sujeitou a brutalidade tresloucada e facínora do seu próprio pai. Asfixiada, com requinte de desumana crueldade e malvadez, Arícia é brutalmente assassinada por quem esperava cuidado, segurança, carinho e proteção desde a bolsa amniótica.
Deste modo, é como santiaguense, cristão e homem do campo, com um sincretismo mui sui generis de «viver a morte» que me dirijo a dois dos mais reputados filhos dos Picos, Dr. Ângelo Vaz, Presidente da CMSSM e Dirigente do MpD, e Dr. João Baptista Pereira, ex-Presidente, Deputado, Lider do grupo Parlamentar e Dirigente do PAICV, SUGERINDO que, na diferença, unam em esforços e energias para a construção duma Instância de Entendimento ad-hoc, visando:
a) que em articulação com a Unicef, em Cabo Verde a data seja rebatizada como «Dia Internacional da Criança Arícia Vieira».
b) em articulação com a mãe, erguer, no Entroncamento da entrada de Achada Igreja, o monumento evocativo; uma estátua gigante da Arícia. Espaço de romaria e de memória em Santiago Norte. Que aviva e condena o ato hediondo. É também o apelo cósmico e eterno duma criança à obrigação indeclinável da Sociedade aos cuidados e proteção à infância.
A Obra do atelier de Severo, S. Vicente ou Domingos Luísa, Praia pode absorver contributos da igreja local, da Acrides, da Colmeia, da Acarinhar, da Infância Feliz, da AN, da Presidência da República, etc.
Todavia, por qual razão não fiz constar o PM num assunto recente, tão sensível, como comovente?
Pois, sem filtro o UCS anunciou na TCV que a sua ÚNICA prioridade hoje é reconquistar a Câmara da Praia e eleger um seu PR. Esse sinal de ganância esquizofrénica do Poder, intui-se, narcotiza e bloqueia a mente dum Primeiro-ministro à Causas, às demandas da penúria social. Fez-me acreditar que desistiu do País; que o "Ulisses chefe do Governo" deu lugar a "Ulisses chefe do MpD", tout court. Como tal, um caudilho frio, calculista e insensível ao drama e a dor que flagelam, infernizam e dizimam as pessoas de forma dantesca, apocalíptica e, neste caso, macabra.
Mas, volto aos lídimos salvadorenhos, consciente que nenhuma SUGESTÃO nem nada tratará Arícia ao aconchego da mãe. Contudo, há gestos que pela dimensão do seu valor simbólico intangível, pode fazer sentido aventurar-se
As minhas preces à alma pura da Arícia no Esplendor da Luz Perpétua e que Deus abençoe Cabo Verde!
Terra Branca, 18 de junho de 2023.
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