É uma questão pertinente que muito se coloca depois de o líder Obama, de descendência Afro-Americana, ter desempenhado um dos mais altos cargos executivos pretendido mundo, que é nem mais nem menos ser presidente dos E.U.A- a maior potência mundial nos dias que ocorrem. Por outro lado avista-se o continente Africano com 500 anos depois da colonização, contínua sem sucesso, afundado na ditadura politica, no nepotismo, na falta de transparência, na violação dos direitos básicos do homem, e no apropriarem-to do poder. Um continente onde as pessoas te perguntam com tom altivo: “por acaso sabes quem eu sou?” Unicamente por ser filho de um chefe de um departamento qualquer, ou pelo simples motivo de os seus pais possuírem um status social elevado, que se traduz na possibilidade de obter maiores benefícios socioeconómicos, melhores oportunidades e um melhor tratamento. Diferente é o caso de um tal “Ermanio”, filho de uma vendedora ambulante qualquer, que vê os seus direitos serem ignorados e clama por igual oportunidade sem ser ouvido... Sim, esta é uma realidade que se verifica em toda a África “democrática”.
Agora a minha pergunta é: qual é o porquê de se considerar Africanos todos os negros e afrodescendentes? E se for famoso ainda melhor! Em alguns dos casos os nossos estereótipos correspondem com a realidade, porque deparamos com emigrantes que fugiram da “miséria” que nunca terá fim nesse continente... Mas porque consideramos esses afrodescendentes como “Africanos”, sabendo que eles/as não possuem laços com o continente, não têm interesse em voltar ao continente ou se quer conhecer o continente, desconhecendo assim a cultura e a tradição africana?
Diferente dos E.U.A, a Africa é um continente caracterizado pela sua diversidade, um continente sem um elo político definido, onde cada país é autónomo e possui a sua própria constituição. Perante esta realidade parece impossível que haja um líder para governar todo o continente, o sonhado Líder Obama teria de governar um país em desenvolvimento (oxalá que fosse Cabo Verde), sendo que a repercussão tida E.U.A nunca seria igual neste contexto pois as dificuldades seriam maiores... No entanto, acredito que os skills dele poderiam contribuir enormemente para o desenvolvimento, garantido assim uma grande evolução naquele país.
Todos sabemos o quão importante é a imaginação e os sonhos nas nossas vidas. Considera-se um homem vazio, um homem sem imaginação. Esta ideia resulta óbvia se repararmos que tudo o que conhecemos até hoje foi, numa primeira instância, fruto da imaginação, mesmo existindo limitações físicas foi possível realizar o impossível. Perante as impossibilidades, o “Change We Can Belive In”, no cenário Africano, seria a manifestação contra a ditadura presente na maior parte dos seus países, apelando a uma mudança no sistema político e eliminando a hipocrisia na democracia, dando voz e igual oportunidade a todos os cidadãos. O “Yes, We Can!”, a expressão que libertou centenas de mentes, ajudava-nos a perceber que podemos tornar a Africa um lugar melhor e que unidos somos capazes de alcançar o tão desejado desenvolvimento.
Segundo Mia Couto, para termos uma África desenvolvida é preciso liberar-nos dos “7 sapatos sujos”, e eu confesso que já tinha usado alguns desses sapatos, mas nunca mais!
“O 1º é a ideia de que os culpados são sempre os outros e nós somos sempre vítimas;
2º A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho;
3º O preconceito de que quem crítica é um inimigo;
4º A ideia de que mudar as palavras muda a realidade;
5º A vergonha de ser pobre e o culto das aparências;
6º A passividade perante a injustiça;
7º A ideia de que para sermos modernos temos que imitar os outros.”
A minha conclusão é que nós não precisamos certamente do Barack Obama, mas sim de termos a consciência de que podemos brincar com os nossos destinos para encontrarmos a forma de mudar as coisas, ultrapassar os desafios e nunca permanecer passivamente perante as condições que a vida nos impôs.
Como Africano, devia eu pensar num outro líder e não em Obama. Não se trata de um problema pessoal, o problema é que o seu governo destruiu a Líbia, um país Africano próspero; um país onde o ensino, os serviços hospitalares a água e a eletricidade eram gratuitos; um país com pouca desigualdade social. O Ex Líder Muammar al-Kadhafi tinha um grande projeto de união continental, afirmando assim como o principal incentivador do projeto da união africana, a união que inclui a criação dos Estados Unidos da África e um governo comum, uma moeda comum, e um Exercito africano com cerca de 2 milhões de soldados. Sufocado pelo sistema Obama cometeu um erro grave, atropelando uma passagem de Joseph Maistre que todos os politólogos deviam saber que é: “cada povo tem o governo que merece”. Talvez devíamos ter isto em conta e deixar de sonhar com um líder que não merece a nossa nação.
Enfim, a nação africana perde mais uma vez contra um estado, um estado tirano que não se reconhece como tal no contexto mundial e anda à procura de tiranos para abater, o estado que impõe a todos os outros estados, através do seu poderio e armamento, um estado que levou o Muammar al-Kadhafi e o meu sonho africano (um continente unido e com altos padrões de vida), mas com um olhar sereno, seremos capazes de enxergar que nem tudo que as médias passam sobre a África é verdadeiro. De forma pejorativa é passada uma imagem de que a África parou no tempo, e de que neste continente reina a fome e a miséria, para além de outras meias verdades que ouvimos. É claro que temos ainda muito que melhorar, mas ano após ano o desenvolvimento é notável e existem oportunidades de trabalho em África como também existe esperança e soluções para combatermos os obstáculos do nosso continente.
Nestes últimos anos, vimos ditadores que se converteram em patriotas, e deixaram o poder, estas situações nos mostram que estamos em pleno desenvolvimento. Nos cinemas assistimos o “Black Panther”, uma ficção sobre uma África desenvolvida onde as tradições e as tecnologias interagem, sem falar de um super-herói negro que nos trouxe orgulho e que nos afastou de alguns estereótipos. A luz no fim do túnel ainda não se apagou, temos futuro e daqui a alguns anos possivelmente não teremos de depender de ajudas externas, caminhando assim com os nossos próprios pés. A África ressurgirá como uma nação forte, que inclui seres humanos dignos com o mundo em suas mãos.
Para que isso realmente aconteça teremos de nos afastar decisivamente do afro-pessimismo, olharmos para as nossas atitudes para com os nossos irmãos, desassociarmo-nos do racismo e da discriminação, e esquecer as comparativas entre cidadãos europeus e africanos. Temos que parar de sonhar e começar a trabalhar nos sonhos convertermo-los na realidade que queremos ver acontecer e não esperar que esta aconteça
“E se Obama fosse Africano?” H0w se Obama fosse africano? Waw essa é uma boa questão, eu não esperava que um dia fosse-me perguntado isso! Mas vou tentar responder, se fosse africano seria ele um guerreiro, venderia de sol em sol, porque nós somos os melhores no comércio informal e na venda ambulante. Acredito que venderia de tudo menos o seu sonho de se tornar o maior líder mundial. Se fosse eleito Presidente Obama teria duas hipóteses, ser corrompido pelo poder e tornar-se ditador para alargar o seu mandado e usufruir do dinheiro público, ou apoderar-se-ia de algum alto cargo para sobreviver depois que o seu mandato terminar, ou não. Se ele fosse africano de certeza não faria mais do que eu, você e todos aqueles que amam este continente e dão o seu melhor dia após dia para alcançar o tão desejado desenvolvimento do nosso continente. Assim término, apelando a todos os africanos aqui e no continente que perante as ilegalidades, e (in) justiças nunca permaneçam calados, Juntos “seremos a mudança que queremos ver na África”, é preciso lutar por aquilo em que acreditamos. A força sei que temos, agora é ajustar as velas, o vento esta propicio, ao desenvolvimento, havemos de lá chegar.
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