Câmara Municipal da Praia e os Alinanas&os40ladrões! (i)
Ponto de Vista

Câmara Municipal da Praia e os Alinanas&os40ladrões! (i)

A gestão municipal da Praia é um terror autêntico contra os pobres, uma afronta, pânico, violência institucional contra as pessoas necessitadas desta cidade, aqueles que ganham o seu sustento honestamente, suor do seu trabalho, “confortado cu poco”, é a vida das pessoas em Cabo Verde.

Mãe de oito filhos, labuta diariamente como vendedeira ambulante, sofre com os Guardas Municipais que a perseguem como se ela fosse uma assaltante; mesmo assim enfrentando vários constrangimentos inerentes à venda ambulante, consegue tirar o sustento da sua família e ainda pode fazer uma poupança diária via “totocaixa”, para comprar um terreno por 40 mil escudos e construir uma barraca, a sua habitação própria. Antes de aventurar neste negócio, tinha sido uma via-sacra as várias tentativas frustradas junto da Camara Municipal da Praia no sentido de obter um lote de terreno para construir a sua casa!

Uma barraca, é o que pode fazer, não tem dinheiro para construir uma mansão como a que o Sr. Presidente da Camara Municipal da Praia, Óscar Santos, pode fazer, mas é a sua casa, que à semelhança de muitas casas nesta terra não tem casa de banho e nem cozinha (provavelmente nos tempos idos, a casa de Óscar Santos em Lem Ferreira não disponha nem de cozinha e nem casa de banho); uma casa feita de pau e de chapas de zinco, construída com o dinheiro ganho honestamente, pois não vendeu terreno alheio, não transformou a PRAÇA DO PALMAREJO num centro comercial, nem “vendeu” a orla marítima da Praia aos correligionários do partido e nem fez pacto leonino com os empresários amigos na venda dos terrenos do Estado, a sua barraca, a sua casa, foi construída com o dinheiro limpo!

No entanto, em nome de uma suposta planificação urbana (construção de um campo de futebol, espaços verdes e de uma estrada que liga Alto da Glória a Simão Ribeiro) e a mando do Sr. Presidente da Camara Municipal da Praia, Óscar Santos, a sua barraca, a sua casa, é demolida e todos os seus pertences ficam expostos na rua, no abandono!

Que pena, todo seu esforço, poupança de anos de trabalho, foi transformado em monteado de entulho pela força policial enviada pela Camara Municipal da Praia. Vê-se a revolta nos olhos dela, a indignação está exposta na mensagem corporal dos seus filhos sentados nas cadeiras que ficaram expostas na rua juntamente com os outros pertences caseiros!

Quem não ficaria revoltado com esta situação!? Parece-me que até o Sr. Óscar Santos, o Luís XIV da Praia, ficaria indignado com esta situação, apesar de nunca mostrar ter empatia antes de tomar uma decisão. No ano 2018 tinha feito o mesmo com uma família em Achada Mato ou Jamaica, demoliu-lhes a barraca – uma casa – tendo as crianças e os pais dormido no relento da noite ate o amanhecer.

Óscar Santos nunca fez-se colocar no lugar do outro antes de tomar uma decisão, no entanto nas missas solenes aparece na primeira fila da Igreja, como um devoto, um homem cumpridor das regras morais e religiosas, mas para Deus, o homem da primeira fila é escolhido pelas suas obras terrenas.

Claro está que o protocolo metafisico tem regra diferente do protocolo terreno. Arrombar uma barraca construída com suor e sangue de uma pobre mulher, certamente ficará nos registos metafísicos, pois que a própria Camara Municipal da Praia é culpada pelo aparecimento e expansão dos bairros clandestinos, ao não planificar, ao não organizar e coordenar o crescimento geográfico da cidade para uma população urbana que cresce a 2% ao ano, logo uma necessidade de mais ou menos 4000 casas ao ano não supridas pela Camara Municipal da Praia, o que, por sua vez, é a variável determinante desta equação do crescimento dos bairros clandestinos.

A construção de um campo de futebol, espaços verdes e de uma estrada que liga Alto da Glória a Simão Ribeiro é a justificação dada pela Camara Municipal da Praia para a demolição da sua casa, a sua barraca! Esta justificação é maquiavélica e está imbuída de má-fé. Na verdade, a razão fundamental desta demolição tem a ver com interesses económicos e eleitorais, ou seja: (1) a venda de terrenos em termos especulativos pela CMP, venda esta que não está ao alcance de quem, como ela, durante anos consegue poupar 40 mil escudos; (2) doação de lotes em troca de votos nas eleições autárquicas que se avizinham; estes dois motivos suportam a demolição das barracas no Alto da Glória.

Como tem sido pratica, é óbvio que a CMP acusar-me-á de ser defensor das construções clandestinas! Respondo logo: mas CMP deu alternativa ao cidadão de ter um terreno a preço acessível (lembrando que o salário mínimo nacional é de 13.000$00, que um terço da população vive com menos de 200$00 por dia) para a construção de habitação própria? Não, não deu! Na CMP pratica-se a especulação imobiliária e a cidade vem crescendo desordenadamente fruto da falta da planificação urbana e de uma política utilitarista no uso dos terrenos municipais. Os mais de 20 bairros clandestinos da cidade da Praia é prova da inexistência de uma cultura organizativa dos espaços e ninguém é mais culpada do que a CMP no aparecimento das construções clandestinas, pois que não se pode ser clandestino dentro da própria terra, o jus solis impõe que a todos seja facultado um pedaço de terra para a construção de habitação própria!

Enfim, numa cidade onde os planos urbanísticos vão para o caixote de lixo e viram pó de noite para o dia em consequência da corrupção dentro da própria CMP, numa cidade onde as praças públicas são transformadas em centros comerciais em nome de interesses que pecam por falta de transparência, numa cidade onde a mafia dos terrenos públicos é organizada dentro da própria Camara Municipal da Praia e os Alinanas&os40ladrões enriquecem à custa da venda dos terrenos que pertencem a todos, Óscar Santos terá alguma dificuldade em nos convencer de que a demolição da barraca desta senhora tem a ver com a planificação da cidade, uma planificação que prejudica os pobres e favorece os ricos, sendo aqueles a maioria!

Portanto, nas próximas eleições autárquicas, Óscar Santos receberá dos eleitores o seu quinhão pelos meritórios trabalhos prestados contra a maioria pobre da cidade da Praia que ele maltratou!

Partilhe esta notícia

SOBRE O AUTOR

Redação

    Comentários

    • Este artigo ainda não tem comentário. Seja o primeiro a comentar!

    Comentar

    Caracteres restantes: 500

    O privilégio de realizar comentários neste espaço está limitado a leitores registados e a assinantes do Santiago Magazine.
    Santiago Magazine reserva-se ao direito de apagar os comentários que não cumpram as regras de moderação.