O MpD considerou hoje que a situação inédita que envolve o Presidente da República fragiliza o cargo e põe em causa a credibilidade e a integridade que o mesmo requer.
O MpD, que convocou uma conferência de imprensa para se posicionar sobre o resultado do relatório da inspecção administrativa e financeira efectuada pela Inspecção Geral das Finanças (IGF) e que incidiu sobre as despesas com o pessoal da Presidência da República, disse que o PR não está acima da lei e devia ser o primeiro a cumprir e fazer cumprir a Constituição.
A secretária-geral adjunta do MpD, Vanuza Barbosa, disse que o resultado do relatório da IGF veio confirmar as piores expectativas com a prática de actos que configuram “relevantes ilegalidades” e que colocam o mais alto magistrado da Nação fora do âmbito das suas competências constitucionais e legais.
“O Presidente da República não tem poder legislativo, pelo que, em caso algum, pode criar estatutos e muito menos a definição de salários fora do quadro legal” disse Vanuza Barbosa que acrescentou que o PR tem como função a defesa da Constituição e do princípio da legalidade e o expoente máximo da credibilidade e da integridade públicas.
Segundo a secretária-geral adjunta do MpD, o PR como qualquer outra instituição ou cidadão tem de cumprir a lei e não pode substituir e muito menos colocar-se acima da lei.
Além de confirmar o pagamento indevido de remuneração à sua esposa traz um conjunto de outras situações que violam “flagrantemente” o quadro legal.
A título de exemplo, Vanuza Barbosa destacou a contratação e remuneração da conselheira jurídica, utilização do subsídio de viatura própria, contrato de prestação de serviços de consultoria e contrato de gestão da directora-geral da administração, e sublinhou que a situação é de tal modo grave que a IGF propõe a remessa do relatório ao Tribunal de Contas para instrução dos procedimentos de devolução dos valores pagos indevidamente, independentemente de eventuais responsabilidades.
O MpD, enquanto partido que prima pela lei, vai aguardar os trâmites seguintes das instituições competentes com a convicção de que o Estado de Direito Democrático seja assegurado e cumprido por todos.
Questionada se o PR, face à situação, deveria renunciar ao cargo que ocupa, a secretária-geral adjunta do MpD disse que o seu partido prima pelo cumprimento da lei e que caberá ao Presidente da República e à sua consciência decidir se deverá pôr o cargo à disposição.
“O MpD vai aguardar que todas as fases sejam concluídas e depois pronunciar-se. A decisão de renúncia deve vir de quem praticou o acto. O bom senso deve imperar sempre e caberá ao PR fazer a sua reflexão e tomar as suas medidas”, defendeu Vanuza Barbosa.
A secretária-geral adjunta do MpD diz acreditar na justiça e que a pior coisa que poderia acontecer nesta situação é que a “culpa venha morrer solteira” porque a IGF aponta situações que configuram ilegalidades graves.
Questionada se os actos não configuram corrupção, Vanuza Barbosa não quis pronunciar sobre isso e alegou que caberá ao Ministério Público fazê-la e não o MpD enquanto partido político, mas referiu que tal acto influencia a classificação no “ranking” que Cabo Verde ocupa a nível do índice de corrupção.
Por isso, defendeu que a questão seja devidamente tratada e sancionada para que não se faça escola em Cabo Verde já que se trata de uma situação inédita.
Comentários
Casimiro Centeio, 15 de Ago de 2024
Quem não respeita os princípios éticos e morais, não está em condições de dar lições de moralidade a ninguém!
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Casimiro Centeio, 14 de Ago de 2024
Quem não respeita os princípios morais e éticos, não está em condições de dar lições de modalidade a ninguém.
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