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O Estado da Nação em Educação
Colunista

O Estado da Nação em Educação

Cuidemos melhor da nossa Educação, valorizando os nossos Professores e a Administração Educacional, para podermos cuidar melhor do nosso País. Todos desejamos um Cabo Verde desenvolvido, mas isto não acontece com a qualidade da Educação que temos!

“Se um homem negligenciar a educação, ele andará coxo até ao fim da sua vida”. Esta filosofia de pensamento sobre a importância da Educação é nos dada a conhecer por Platão, ainda, na Grécia Antiga. Hoje, mundialmente, reconhece-se que o maior investimento que se pode fazer num país é na Educação, tendo por base a qualificação de pessoas para: (1) a elevação da humanidade; (2) a produção do conhecimento científico e tecnológico; (3) e a proteção do ambiente, enquanto casa comum da humanidade.

Países como Singapura, Coreia do Sul, Finlândia e mesmo o Japão, estão ali como exemplos do quanto valem os investimentos, a sérios, na Educação. É verdade que em Cabo Verde, também, desde a independência nacional, falamos da Educação e da sua importância para o desenvolvimento. Os números que temos, hoje, em termos de população alfabetizada e do acesso à Educação Básica e Secundária, são, de certo modo, satisfatórios. O problema é quando olharmos para lá dos números!

Somos um país, ainda, com problemas sérios, em termos de capacidades de respostas para muitos desafios básicos, cujas resoluções passam, necessariamente, por proporcionarmos aos cabo-verdianos uma melhor qualificação. Tenho por mim que este é o nosso desafio maior, ou, se quisermos, é a mãe de todos os nossos desafios! Melhorar a Qualidade da Educação em Cabo Verde!

Chegamos a um ponto em que, praticamente, todos, com exceção do Governo, reconhecemos que o Sistema Educativo não está bem. Nós sentimos, mas também sinais vêm de fora. Dados oficiais dizem-nos que, dos nossos estudantes que vão para Portugal, menos de um quarto consegue triunfar-se e fala-se na criação de um “semestre zero” para colmatar as debilidades. Dos jovens que acedam ao ensino superior no País, muitos têm problemas graves, ainda de alfabetização, nos domínios de Escrita, Leitura e interpretação, ou Cálculo.

Ignorar o estado em que se encontra o Sistema Educativo (do Pré-Escolar ao Superior) é, do meu ponto de vista, prestar um mau serviço à Nação. É comprometer o futuro deste País e, no extremo, é um crime contra as sucessivas novas gerações, pois nascem com fortes capacidades para aprender coisas boas, mas estão a ser mal assistidos e mal servidos, de modo geral. É claro que há casos de sucessos, frutos dos trabalhos dos bons Professores e, também, dos bons Pais!

É urgente invertermos o Estado da Educação em Cabo Verde, investindo fortemente na Qualificação da Educação, com apostas fortes, particularmente, no estabelecimento e desenvolvimento de uma Política Nacional para a Docência, acompanhada de uma profunda reforma no modelo de Organização e Administração da Educação. É preciso qualificar o corpo docente e combater o amadorismo excessivo na docência e na administração educacional! Sem isso, pode-se continuar a fazer reformas e mais reformas (mudando curricula, livros e programas) gastando muito dinheiro (como está a fazer o Governo), mas o facto é que a qualidade vai se degradando, de ano para ano.

A definição de uma Política Nacional para a Docência é crucial para este País! Não se pode falar em qualidade educacional sem que, primeiramente, se tenha Professores com elevados padrões de qualificação e estimulados. Para muitos países, designadamente, os referenciados em cima, a formação dos Professores é equiparada à formação dos Médicos, tanto nos critérios de acesso, como na prática de formação.

Em Cabo Verde, tradicionalmente, a Educação é entendida como uma área em que qualquer um pode se desenrascar. Tanto é assim que, de modo geral, são os mais “desafortunados” é que vão parar aos cursos de formação de Professores e se permanecem na carreira.

Sem prestarmos atenção a este aspeto e, em consequência, edificar uma Política Nacional para a Docência (do Pré-Escolar ao Superior), dificilmente, inverteremos o estado das coisas, mesmo que se melhore o salário, pois, a Educação é uma área onde, o campo de autonomia e liberdade de ação é, por natureza, grande (queiramos ou não)! E este é um dos aspetos que distingue o mundo profissional dos Professores e o faz assemelhar ao mundo profissional dos Médicos. Ninguém imagina os Médicos a receberem ordens e orientações do Ministério da Saúde e Direções dos Hospitais, em como tratar os pacientes nos consultórios e quais os medicamentes a prescreverem. Ou são Médicos, ou não são Médicos! Por isso, todo o cuidado no recrutamento, na formação e na criação de condições ótimas para o trabalho.

Cuidemos melhor da nossa Educação, valorizando os nossos Professores e a Administração Educacional, para podermos cuidar melhor do nosso País. Todos desejamos um Cabo Verde desenvolvido, mas isto não acontece com a qualidade da Educação que temos!

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Comentários

  • Domingos Ramos Cardoso, 29 de Jul de 2024

    O Estado deve prestar mais atenção ao setor da educação