A classe política em Cabo Verde, com honrosas exceções, está apostada na manipulação das pessoas para garantir votos, sem se importar com o bem-estar da população. A corrupção é galopante, e os planos parecem ser voltados para manter os cabo-verdianos na pobreza. Os jovens que terminam o ensino secundário não têm alternativas de estudo, devido à falta de bolsas e recursos para estudar no exterior. Esta falta de oportunidades perpetua a pobreza e a exploração dos cabo-verdianos, especialmente em épocas eleitorais.
A atual situação política em Cabo Verde está condicionada pelo desgoverno. Desgoverno não quer dizer falta de um governo. Aliás, há anos que impera a mesma governação nesta terra. O desgoverno, sim, é o resultado do agravamento de profundos problemas que afetam o desenvolvimento nacional.
A degradação contínua da nossa classe política (existem honrosas exceções) torna evidente que só com a atuação musculada da sociedade civil se vão conseguir resolver os problemas graves do nosso país. Cabo Verde vive, a meu ver, uma situação deveras preocupante.
É fundamental que Cabo Verde tenha, nas próximas décadas, o objetivo claro de crescer bem mais do que a média dos países africanos nossos vizinhos. Está hoje visto que tem de ser a sociedade civil a impor essas metas à nossa classe política. Tal como vi mencionar recentemente, o nosso problema não é só falta de dinheiro, é um problema político!
A classe política que nos governa parece não conseguir compreender o impacto que as empresas e os trabalhadores têm no desenvolvimento económico do país. As questões essenciais para o povo cabo-verdiano (educação, habitação, emprego e outras) passam ao lado do debate político, infelizmente dominado pelas tricas e pelas polémicas estéreis, com as birras pelo meio.
A mediocridade do nosso debate político (nem uma linha sobre, por exemplo, a economia do mar, que poderá ser uma das nossas fontes de desenvolvimento económico) está de acordo com a falta de sentido de Estado da maioria dos políticos atuais.
Senão vejamos: "com tanto mar (a nossa maior riqueza), com tantos quadros formados na gestão marítima, continuamos a ter um Ministério do Mar que é uma autêntica fachada e gerida por ministros moribundos que são escolhidos pelo o cartão de militante do MpD. Um ministério encalhado nas lajes de um (des)governo! O que mais acho estranho é que Carlos Fonseca Silva, refere num post dele, é que para chegar à categoria de Comandante de um navio (profissão ligado ao mar),tive que fazer formações e adquirir experiência na área. No entanto, aparece um sociólogo e, depois, um Engenheiro Civil a exercerem o mais alto cargo na área marítima, sem entender patavina...ou será que esses indivíduos são pau para toda obra".
Recentemente, o ministro do Mar de Cabo Verde, Abraão Vicente, enumerou as melhorias do novo acordo de pesca entre o arquipélago e a União Europeia, constatando que é "reciprocamente vantajoso" e incide apenas nos tunídeos, esquecendo-se que vai permitir que 56 navios de pesca de Portugal, Espanha e França acedam às águas cabo-verdianas até 2029.
De imediato, o presidente da Associação dos Armadores de Pesca (Apesc) cabo-verdiano considerou que o acordo "é praticamente uma cópia" dos anteriores, "sem vantagens" para o arquipélago, designadamente para as empresas de transformação e para os pescadores cabo-verdianos.
Mas ainda no domínio da chamada economia do mar, não podemos esquecer que a inexistência de transportes interilhas está a causar a deterioração de mercadorias, que não conseguem ser transportadas a tempo, prejudicando ainda mais a economia local.
A classe política em Cabo Verde, com honrosas exceções, está apostada na manipulação das pessoas para garantir votos, sem se importar com o bem-estar da população. A corrupção é galopante, e os planos parecem ser voltados para manter os cabo-verdianos na pobreza. Os jovens que terminam o ensino secundário não têm alternativas de estudo, devido à falta de bolsas e recursos para estudar no exterior. Esta falta de oportunidades perpetua a pobreza e a exploração dos cabo-verdianos, especialmente em épocas eleitorais.
O MpD, que em 2016 garantia ser diferente e fazer diferente, tem mostrado ao longo destes anos que é diferente para pior e que faz rigorosamente as mesmas coisas que antes supostamente condenava.
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