
Duas associações ambientalistas de Cabo Verde lamentaram hoje não ser ouvidas pelo Governo ao preparar a participação do país da cimeira do clima das Nações Unidas (COP28), que arranca na quinta-feira nos Emirados Árabes Unidos.
“Cabo Verde tem praticamente repetido os discursos nesses encontros porque não ouve toda a sociedade civil e não prepara os cidadãos, no país e na diáspora, para darem mais atenção a estas cimeiras”, referiu Paulo Ferreira, presidente da Quercus Cabo Verde, em declarações à Lusa.
A recolha de contributos das organizações não-governamentais (ONGs), entidades privadas e públicas “seria uma forma de garantir que a delegação cabo-verdiana estaria bem preparada para a COP28”, acrescentou.
Segundo aquele responsável, seria importante “financiar a participação de representantes das ONG e da sociedade civil”, bem como “organizar conferências e ‘workshops’ para discutir as questões climáticas” no país.
“É também importante que o Governo de Cabo Verde promova um debate público sobre as questões climáticas”, o que “ajudaria a aumentar a conscientização da população sobre a importância da ação climática e a construir um consenso sobre as prioridades do país”.
O presidente da Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento (ADAD), Januário Nascimento, defendeu que a organização que lidera também deveria ter sido ouvida na preparação da COP28, mas tal não aconteceu.
“Tem havido trabalho, mas tem falhado a comunicação por parte do Governo”, referiu, em declarações à Lusa.
Aquele responsável considerou que “falta ao Governo mais comunicação” e promover “o envolvimento da sociedade civil”.
“Por exemplo, esta COP28 devia servir para envolver toda a sociedade, setor privado e associações para discutirem as questões importantes para Cabo Verde”, entre as quais destacou a gestão de água para uso humano.
A ADAD vai conseguir estar representada por intermédio de parceiros, referiu Januário Nascimento, enquanto ele próprio vai seguir os trabalhos remotamente, através da Internet.
O responsável disse que tem a certeza de que o país “ganharia se houvesse mais envolvimento, de todos”, incluindo dos diferentes ministérios, além da tutela da Agricultura e Ambiente.
O ambientalista referiu o papel que os ministérios dos Negócios Estrangeiros (MNE) e Finanças têm na ação climática.
“Tudo anda à volta das Finanças”, acrescentou, referindo ainda que “este não é só um problema do Governo. A sociedade e o setor privado devem fazer a sua parte” e devem ser chamados para tal.
“Gostaria de lançar um forte apelo ao Governo para que as outras COP sejam mais bem preparadas, com maior envolvimento de toda a sociedade e outros ministérios. A ADAD não foi ouvida, as outras organizações também não foram envolvidas e aquilo que vejo noutros países é que as organizações estão integradas nas delegações”, resumiu.
A Lusa tentou obter uma reação do Governo de Cabo Verde, mas tal não foi possível.
 Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
 O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
 Inicie sessão ou registe-se para comentar.
Comentários