Hoje escrevo não só como cidadão consciente, mas como alguém que observa com preocupação o caminho que o nosso país começa a trilhar.
O que antes parecia distante já é realidade: Cabo Verde tem casinos em funcionamento — um na ilha do Sal e outro em São Vicente.
E o que muitos veem como “progresso” ou “atração turística” é, na verdade, um perigo silencioso que ameaça a integridade social e moral da nossa nação.
As casas de apostas e os casinos não são sinónimo de desenvolvimento — são máquinas de vício.
Por trás das luzes e do glamour, escondem-se histórias de pessoas endividadas, famílias destruídas e sonhos arruinados.
A ludopatia, o vício em jogos de azar, é uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde.
Ela aprisiona, consome e destrói. E infelizmente, poucos falam sobre isso.
Quando um país normaliza o jogo, abre também as portas para lavagem de dinheiro, evasão fiscal e corrupção disfarçada de investimento estrangeiro.
Não é coincidência que onde o jogo cresce, a desigualdade e o desespero também aumentam.
O que é vendido como “entretenimento” transforma-se num ciclo de sofrimento e perda, que atinge sobretudo os mais vulneráveis.
Não há desenvolvimento possível quando o vício é a base do lucro.
Não há turismo saudável quando o que se oferece é destruição silenciosa.
E não há futuro justo quando a esperança é trocada por roletas e apostas.
Cabo Verde merece progresso, não dependência.
Merece educação, trabalho digno e oportunidades reais — não armadilhas douradas que enriquecem poucos e empobrecem muitos.
É hora de refletirmos: que tipo de país queremos construir?
Um país que aposta no vício, ou um país que aposta nas pessoas?
*Estudante da licenciatura em Bioquímica na Universidade Évora, Portugal
Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
Inicie sessão ou registe-se para comentar.
Comentários