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O nosso Santo Antão a ser esmagado! Isolamento Social, Comercial e Financeiro
Ponto de Vista

O nosso Santo Antão a ser esmagado! Isolamento Social, Comercial e Financeiro

Até hoje resisti à tentação de manifestar publicamente qualquer análise relativa a serviços de interesses públicos mesmo estando descontente com determinadas situações e ciente que é possível fazer melhor algumas vezes.

Evito simplesmente porque nessas situações um mero ponto de vista é automaticamente ligado a análises políticas/partidárias, departamentos esses que sempre exigem alguma prudência numa abordagem clara e imparcial e de interesse para a sociedade.

No entanto resolvi abrir uma exceção particularmente hoje, em nome e defesa da minha ilha Santo Antão. E pergunto como é possível estarmos a presenciar o caos que se vive nesses dias na ligação marítima entre as ilhas de Santo Antão e São Vicente?

Se há algo que sempre funcionou bem em Cabo Verde, diria mesmo, como um relógio suíço nos últimos 20 anos, é exatamente a regularidade, pontualidade e alternativas nessa ligação marítima entre a duas ilhas e do qual sempre orgulhamos.

Podia-se até arriscar a ir atrasado a qualquer um dos nossos aeroportos e ainda dar a sorte de conseguir embarcar dado aos usuais atrasos dos voos, mas não valeria a pena dirigir-se ao cais de Porto Novo ou Mindelo se estivesses atrasado pois literalmente ficarias a “ver navio” do cais.

Particularmente nós filhos de Santo Antão residentes na Praia ou Sal, sentíamos até vaidosos em saber que podíamos num dia comum de semana, levantar fazer a sua rotina de exercício físico, tomar café de manhã em casa, fazer uma ou duas reuniões prioritárias e ainda no período de manhã apanhar voo para São Vicente, almoçar com os nossos familiares ou tomar um drink com os amigos na Laginha, apanhar o barco das 14 h ou das 15 h e ainda chegar em casa com tempo suficiente para lanchar, jogar uma bisca, rever a agenda de trabalho ou de férias na ilha e ainda decidir o que fazer na noite.

Era algo que até podíamos nos confundir que vivíamos num país de primeiro mundo nesse quesito ligação...

E nem entramos no detalhe das necessidades ou não de um aeroporto para a ilha!

Então não temos como não questionar, como que:

1. De dia para noite se passa de eficácia para caos?

2. Como que se pode passar de um exemplo modelo para um autêntico desastre?

3. Os responsáveis na área de transporte e os gestores não assumem de imediato o erro na montagem do novo processo e o corrigem mesmo que a solução seja voltar a situação eficaz que tínhamos anterior e que estávamos satisfeitos até o processo de “zero falha” que é o que espera nesse novo processo, esteja com as mínimas condições para implementar? Pois processo “zero falha” porque ninguém espera que vamos regredir. Ou vamos?

4. Senhor Ministro dos Transportes, diretores da área, podem por favor nos fazer entender o que se está a passar?

5. Quem de direito já parou para pensar que vivemos dessa ligação para a nossa sobrevivência quer a nível comercial, financeira e na área de saúde?

6. Será que aqui a ideia é dar a todas as ilhas a mesma qualidade de serviços ou ineficácia a nível dos transportes?

7. Como que insistem em dizer que está tudo certo quando a realidade é outra? Qual é o objetivo?

Atenção que não aceitamos a justificativa que todo um novo processo tem suas falhas. Falhas em processos que são eficazes quando se introduz mudanças de melhorias chegam a ser impercetíveis para os externos.

A situação que se depara é inaceitável e continuar a reclamar diariamente como tem acontecido sem nenhuma resposta de quem quer que seja não será a solução.

Nós, Santantonenses, devemos repensar o que queremos, o que merecemos e o que temos que fazer para merecer o respeito.

Temos como caraterísticas principais, de ser um povo humilde, educado, bondoso e trabalhador, mas também somos pessoas esforçadas (entendam como acharem melhor) e capacitadas, então vamos pedir respeito e dignidade.

A solução que nos estão a sujeitar não é a que temos direito e que se adequa à nossa realidade pelo que então temos direito de reivindicar.

Somos e seremos sempre um povo da paz, mas acima de tudo com valores.

A Natureza e Deus nos brindou com a terra fértil e vontade de a trabalhar, o que significa que temos a base para lutarmos e sobreviver por nossos meios, mesmo em tempos escassos e quando nos querem isolar.

Artigo publicado pela autora no facebook

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Redação