BCV: Desaceleração da economia no primeiro semestre de 2025
Economia

BCV: Desaceleração da economia no primeiro semestre de 2025

É o Banco de Cabo Verde que o diz: a economia cabo-verdiana regista um crescimento de 4,9% no primeiro semestre deste ano, por razão do abrandamento da procura turística externa, mas também pela perda do rendimento das famílias e baixa confiança dos consumidores. É uma desaceleração da economia face aos 7,2% registados em 2024.

De acordo com o Banco de Cabo Verde (BCV), a economia cabo-verdiana registou um crescimento de 4,9 porcento (%) no primeiro semestre de 2025, uma desaceleração da economia que resulta do abrandamento da procura turística externa, da perda de rendimento real das famílias e da baixa confiança dos consumidores.

Ainda segundo o BCV, a taxa de inflação média anual aumentou para 2,1% em agosto de 2025, ativada pela subida dos preços na importação e relacionada ao aumento dos custos de fretes e dos preços dos produtos alimentares nos mercados internacionais.

No entanto, ainda segundo o BCV, contas externas evoluíram favoravelmente no primeiro semestre, com a balança corrente a registar um excedente de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB), em razão do aumento, embora moderado, das exportações de serviços de turismo e transportes aéreos, mas também pelo crescimento das remessas dos emigrantes e do abrandamento das importações.

Critérios mais restritivos na aprovação de crédito ao consumo

Por outro lado, a balança financeira registou maiores entradas líquidas de financiamento, sustentadas por taxas de juro internas mais atrativas face à Zona Euro, bem como por condições externas menos restritivas, levando o stock das reservas externas líquidas a garantir 7,3 meses de importações, a 30 de junho de 2025, face aos 6,5 meses, em dezembro de 2024.

No setor monetário, o crédito à economia cresceu 4,6%, de forma mais moderada, influenciado pelo abrandamento da atividade económica, pela subida das taxas de juro praticadas pelos bancos comerciais e por critérios de aprovação de empréstimos mais restritivos, sobretudo no crédito ao consumo.

Ainda segundo o BCV, as perspetivas macroeconómicas apontam para um crescimento de 5,5% em 2025, 4,8% em 2026 e 5% em 2027, refletindo uma desaceleração face aos 7,2% registados em 2024.

O banco central explicou que esta evolução se deverá, em 2025, ao menor contributo da procura interna, e, em 2026 e 2027, à redução do contributo da procura externa líquida, devido ao aumento das importações e à moderação das exportações de serviços, em particular no turismo.

Em relação à inflação, o relatório projetou uma subida da taxa média anual para 2,4% em 2025, resultante do aumento dos custos de frete e dos preços das matérias-primas não energéticas, sobretudo dos produtos alimentares. Para 2026 e 2027, o BCA antevê uma desaceleração da inflação para 1,7% e 1%, respetivamente, à medida que os preços internacionais se estabilizem.

As contas externas deverão continuar a evoluir positivamente em 2025, com o saldo da balança corrente a subir para 5,5% do PIB e a balança financeira a manter fortes entradas líquidas de financiamento.

Em 2026 e 2027 cai saldo da balança corrente

O BCV antecipa uma tendência menos favorável em 2026 e 2027, com o saldo da balança corrente a cair para 4,5% e 2,9% do PIB, respetivamente. E, sendo assim, o stock de reservas internacionais líquidas deverá aumentar para 955 milhões de euros, em 2025, e 986 milhões, em 2026, garantindo 7,9 e 7,6 meses de importações, mas a reduzir-se para 966 milhões em 2027.

O banco central sublinha que as medidas de normalização da política monetária resultaram num diferencial positivo entre as taxas de juro nacionais e as da Zona Euro, o que favoreceu as taxas domésticas e contribuiu para a recuperação significativa das reservas internacionais.

Face a este cenário, o Banco de Cabo Verde recomenda a manutenção das taxas de juro de referência nos níveis atuais, consolidando uma trajetória que considera de estabilidade financeira e cambial.

C/Inforpress
Foto: DR

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