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Abandonado pelo Estado: A Angústia de Jason, uma Criança de Apenas 15 Anos
Colunista

Abandonado pelo Estado: A Angústia de Jason, uma Criança de Apenas 15 Anos

Jason é mais do que um jovem lutando para sobreviver numa lapa; ele é um símbolo da negligência estatal e do abandono que muitos jovens cabo-verdianos enfrentam. Enquanto o governo continua a gastar recursos em autopromoção e eventos grandiosos, a realidade nua e crua é ignorada. É essencial que a comunidade internacional e a sociedade cabo-verdiana pressionem por mudanças reais, exigindo responsabilidade e ações concretas que coloquem o bem-estar dos cidadãos em primeiro lugar. A história de Jason não pode ser apenas mais uma estatística esquecida. Deve ser um lembrete contínuo de que, em Cabo Verde, a luta pela justiça social ainda está longe de ser vencida, e que enquanto um jovem dormir numa lapa, sem um cobertor para se proteger, o governo terá falhado em sua missão mais fundamental: cuidar de seu povo.

Jason, uma criança de apenas 15 anos, encontra-se na ilha do Fogo, Cabo Verde, vivendo numa condição que deveria envergonhar qualquer sociedade que pretende ser justa e solidária. Ele dorme numa lapa, sem cobertor para se proteger do frio das noites áridas, sem as mínimas condições de higiene ou conforto, e, o pior de tudo, sem a esperança que deveria acompanhar a juventude. Imaginemos por um momento a vida desta crianca. A cada anoitecer, Jason se recolhe num espaço improvisado, sem teto adequado, sem um colchão ou sequer uma manta para se proteger do frio. Não há dúvidas de que seu corpo físico sofre, mas o impacto psicológico dessa situação é ainda mais devastador. A dor da solidão, o abandono por parte da família e das autoridades, e a constante luta pela sobrevivência moldam um quadro de sofrimento que dificilmente alguém daquela idade poderia suportar sem consequências profundas. O impacto psicológico dessa realidade é tão agudo quanto invisível para muitos. A solidão e a sensação de abandono que Jason deve sentir diariamente corroem sua mente de criança. Sem uma rede de apoio, sem orientação ou esperança de um futuro melhor, o risco de que ele sucumba à depressão ou outras condições psicológicas é alarmante. Jason, como tantos outras crianças esquecidos pelo sistema, está à beira de um colapso, onde o Estado deveria intervir, mas escolhe ignorar.

O Estado e a Indiferença à Vulnerabilidade

Enquanto Jason luta para sobreviver, o governo de Cabo Verde parece mais preocupado em manter sua imagem no exterior e realizar eventos grandiosos que em resolver problemas reais. Conferências em hotéis de luxo, com convidados de honra e mesas fartas, são realizadas para discutir supostas soluções para problemas sociais, mas o que se vê é um espetáculo de cinismo. O Estado, que deveria ser o primeiro a garantir o bem-estar de jovens como Jason, prefere gastar somas consideráveis em eventos para autopromoção, mascarando a realidade dura com estatísticas manipuladas e discursos vazios.

Essa postura é não apenas uma traição ao povo cabo-verdiano, mas também uma ofensa direta às organizações internacionais que, com boa fé, oferecem apoio financeiro e técnico ao país. Esses recursos, que deveriam ser destinados à melhoria das condições de vida da população, são muitas vezes desviados para fins questionáveis, como a compra de consciências e o fortalecimento de uma elite política desconectada das reais necessidades do povo.

A Falácia da Publicidade Governamental

 O caso de Jason é um microcosmo da situação social caótica que assola Cabo Verde. O governo, enquanto promove campanhas publicitárias que pintam um quadro cor-de-rosa do país, ignora as duras realidades vividas por muitos cidadãos. A narrativa oficial, cheia de promessas e dados inflados, contrasta violentamente com a realidade de jovens como Jason, que vivem à margem da sociedade, esquecidos e negligenciados. É crucial que as organizações internacionais, que têm investido em Cabo Verde, estejam cientes dessa dissonância entre a publicidade governamental e a realidade. Não se pode permitir que fundos destinados ao desenvolvimento social sejam utilizados para sustentar uma máquina de propaganda que só beneficia aqueles que já detêm poder. A responsabilidade do governo não termina em discursos, mas deve ser materializada em ações concretas que alcancem cada cidadão em necessidade.

A Responsabilidade Estatal e a Corrupção

O governo de Cabo Verde deve ser responsabilizado pela situação de Jason e de tantos outros jovens que vivem em condições semelhantes. Não é aceitável que, enquanto recursos são gastos em projetos de visibilidade questionável, crianças e adolescentes sejam deixados à sua própria sorte, sem o amparo necessário para que possam crescer e se desenvolver de forma saudável. Além disso, a corrupção que permeia a administração pública em Cabo Verde agrava ainda mais essa situação. Os fundos que deveriam ser destinados ao combate à pobreza e à promoção da justiça social são frequentemente desviados para alimentar interesses particulares, deixando para trás aqueles que mais precisam. A corrupção não apenas rouba recursos materiais, mas também destrói a confiança nas instituições e perpetua o ciclo de pobreza e marginalização.

O Papel dos Emigrantes e a Substituição da Responsabilidade Estatal

Num contexto onde o Estado falha em suas responsabilidades mais básicas, os emigrantes cabo-verdianos têm se mostrado um pilar de apoio essencial para suas famílias e comunidades de origem. A remessa de dinheiro, as doações e o apoio emocional que provêm da diáspora têm, em muitos casos, suprido a ausência de um governo presente e atuante. Contudo, é profundamente injusto que esse papel recaia sobre os emigrantes, que já enfrentam seus próprios desafios em terras estrangeiras. Os emigrantes não podem, nem devem, substituir o Estado. É papel do governo assegurar que jovens como Jason tenham um teto, comida e, sobretudo, uma chance de um futuro melhor. A constante dependência das remessas dos emigrantes para resolver problemas sociais em Cabo Verde é um sinal claro de falência estatal e de uma gestão pública que se recusa a enfrentar a realidade com seriedade e compromisso.

A Urgência de Mudança e a Responsabilização do Governo

O caso de Jason deveria ser um ponto de inflexão, um chamado urgente à ação tanto para o governo de Cabo Verde quanto para a comunidade internacional. O sofrimento desse jovem não pode continuar a ser ignorado, e as políticas públicas precisam urgentemente ser reavaliadas e redirecionadas para atender às necessidades mais prementes da população. O governo deve ser responsabilizado não apenas por omissão, mas por perpetuar um sistema onde a imagem é mais valorizada do que o bem-estar dos cidadãos. Não se pode permitir que discursos vazios e eventos em hotéis de luxo continuem a mascarar a realidade de um país onde muitos vivem na miséria. A mudança deve começar agora, e o caso de Jason deve servir como um símbolo do que precisa ser transformado.

Jason é mais do que um jovem lutando para sobreviver numa lapa; ele é um símbolo da negligência estatal e do abandono que muitos jovens cabo-verdianos enfrentam. Enquanto o governo continua a gastar recursos em autopromoção e eventos grandiosos, a realidade nua e crua é ignorada. É essencial que a comunidade internacional e a sociedade cabo-verdiana pressionem por mudanças reais, exigindo responsabilidade e ações concretas que coloquem o bem-estar dos cidadãos em primeiro lugar. A história de Jason não pode ser apenas mais uma estatística esquecida. Deve ser um lembrete contínuo de que, em Cabo Verde, a luta pela justiça social ainda está longe de ser vencida, e que enquanto um jovem dormir numa lapa, sem um cobertor para se proteger, o governo terá falhado em sua missão mais fundamental: cuidar de seu povo.

 

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Comentários

  • Reverendo Luiz Nunes, 16 de Ago de 2024

    Quero ajudar o Jason. WhatsApp +18643541820


  • Casimiro Centeio, 16 de Ago de 2024

    Mais uma vez os meus parabéns, Caro Cândido !
    Eu cá pergunto : quantos " Jason's" há espalhados pelo Arquipélago, sobrevivendo -se tanto nas lapas quanto nos contentores de lixo das cidades ?!
    E lá ainda pergunto: quanto gasta, diariamente, o governo gorduroso de 28/29 cabeças ?
    Mais não acrescento, visto que o teu Artigo diz tudo quanto poderia eu dizer!!!