O primeiro-ministro repudiou hoje o discurso “incendiário” do presidente do Chega, terceira força política portuguesa, sobre a morte do cabo-verdiano Odair Moniz em Portugal, pela Polícia, quando se está num processo investigativo e apelou à serenidade.
Ulisses Correia e Silva, que ainda não conversou com o seu homólogo português sobre o acontecimento, disse que o presidente do Chega, André Ventura, “fez uma declaração a todo o tipo incendiário numa realidade que cria muitas emoções e que pode provocar reações ainda muito mais negativas”.
Disse que num processo de investigação não se pode atirar culpas e da forma como foi feita à pessoa, à comunidade, a emigrantes e a emigração cabo-verdiana, por entender que a “investigação criminal irá dizer da sua verdade relativamente a todo o cenário a tratar”.
O chefe do Governo, que falava à imprensa à margem de uma actividade para assinalar o Dia das Nações Unidas, referiu que quando acontecimentos do tipo ocorrem atingem as comunidades cabo-verdianas e Cabo Verde, e revelou ter endereçado uma carta de condolências à família.
Exortou a todos para que haja tranquilidade, de modo que o tumulto e as situações que se assistem nas televisões não criem um ambiente “ainda muito mais explosivo e incendiário, relativamente a situações que podem, depois, criar fenómenos que entram em descontrolo”.
“Desde a primeira hora, Cabo Verde se posicionou e o Governo, através do nosso embaixador em Portugal, teve uma posição muito clara. Em segundo lugar nós temos estado a acompanhar. Em terceiro confiamos na justiça portuguesa, nas suas instituições”, sublinhou.
O processo está em investigação criminal, realçou o chefe do executivo, que se mostra esperançado em que se faça a justiça com a celeridade necessária e com a responsabilização que couber, se o apuramento conduzir a essa realidade”.
Odair Moniz, 43 anos, foi mortalmente baleado na segunda-feira, 21, no bairro do Zambujal, em Amadora, por um agente da Polícia de Segurança Pública, PSP, situação tem provocado uma onda de manifestações em vários bairros de Lisboa e não só, com tumultos que já lá vão em três noites seguidas.
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