Governo pretende analisar preço do trigo esta quarta-feira
Economia

Governo pretende analisar preço do trigo esta quarta-feira

O Governo vai reunir-se esta quarta-feira, 18,  para analisar a situação do aumento do preço do trigo, anunciou hoje o primeiro-ministro, referindo que vai ser discutida a possibilidade de voltar a subsidiar a importação.

“Vamos fazer uma avaliação ainda amanhã sobre a situação e tomar a melhor decisão. Vamos analisar, é uma possibilidade que estará sempre sobre a mesa”, respondeu o Ulisses Correia e Silva, quando questionado sobre a possibilidade de o executivo voltar a subsidiar a importação do trigo.

Na segunda-feira, o ministro da Agricultura, Gilberto Silva, anunciou que o Governo não prevê voltar a subsidiar a importação de trigo, como aconteceu nos últimos meses devidos aos impactos da guerra na Ucrânia, alertando para os custos desta medida excecional.

Desde o início deste ano que o Governo deixou de subsidiar a importação de trigo, o que fez disparar o preço da farinha de trigo, com o saco de 50 quilogramas a passar de 2.890 escudos (26,20 euros) para 4.600 escudos (41,70 euros), levando as padarias a anunciar aumentos na carcaça de pão, que podem chegar a 28 escudos (25 cêntimos de euro).

O primeiro-ministro disse que o Governo está muito sensível em relação a esses aumentos, mas lembrou que esteve a subsidiar praticamente desde o início da pandemia da covid-19 e agora durante a fase mais inflacionista provocada pela guerra na Ucrânia, em valores acima dos 176 mil contos (176 milhões de escudos, mais de 17 milhões de euros), não só o trigo, mas também outros produtos.

Sobre as muitas reclamações dos consumidores sobre os aumentos generalizados e de algum aproveitamento da situação por parte dos produtores, o primeiro-ministro lembrou também que no caso do pão, apesar de ser um produto de primeira necessidade, o preço é livre.

Entretanto, reconheceu que devem ser criadas condições para que haja “melhor sentido de regulação” entre o consumidor e o produtor relativamente às regras do mercado.

“Sabemos que há implicações do aumento das matérias-primas, mas há sempre comportamentos às vezes de antecipação dos efeitos e fazem aumento de produtos não só em relação ao pão, mas relativamente a outros”, referiu.

Na mesma altura, o ministro da Agricultura disse que a situação é “preocupante”, tendo em conta que os preços estão a aumentar a nível internacional, prorrogando a crise.

De acordo com Gilberto Silva, a subsidiação da importação de milho pelo Estado vai manter-se “por mais três meses”, tendo em consideração “a preparação de um novo ciclo de produção a nível da pecuária”, mas o mesmo não acontecerá com o trigo.

“Temos um parecer do Secretariado Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional que não recomenda a continuidade, tendo em conta o prolongamento da situação internacional e dos custos. Só para, por exemplo, mais três meses desta compensação, o Governo estaria a gastar mais 56.000 contos [56 milhões de escudos, 507 mil euros]”, afirmou.

Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do PIB do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19. Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística.

Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo baixou em junho a previsão de crescimento de 6% para 4%, que, entretanto, voltou a rever, para mais de 8% e já no final do ano para 10 a 15%.

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