O povo é ingrato
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O povo é ingrato

E há uma coisa que, às vezes, o Povo não leva em conta ou, simplesmente, não se apercebe. Que quanto mais Políticos saírem da cena ricos, mais famoso fica o País. Fica com mais um ricaço a constar da estatística. Não é por acaso que o País deixou de ser muito, "muito coitado" para ser "um País de "bóka stangu sustedu". Não sejam injustos, criaturas. Não sejam ingénuos como em tempo, um Primeiro-ministro, há mais de 30 anos atrás, perdeu o poder, depois de 15 anos, e só tinha 150 contos no banco. E nem tinha uma casa sua para morar.

O Povo não tem olhos na cara, nem tem uma mente que pensa. Fala mal dos Políticos, como se estes não prestassem para nada. Coitados!  Povo é por demais ingrato, incoerente, injusto, egoísta, despudorado e pretensiosista. Tem raiva danada dos Políticos que o representam, às vezes, com sofisticada dignidade. Esquece-se de que para ser bem representado, aqueles que o representam devem apresentar-se à altura, condignamente e deve ter bom nome no contexto socio-político-económico.

Por isso, seria contrassenso criticar um Deputado lá por que ele ganha mais do que 11 salários da senhora que lhe limpa a casa de banho, lhe lava as peúgas e as ceroulas; e por que ainda, de cada visita que faz ao seu círculo eleitoral, o que pode fazer até 2 ou 3 por mês, recebe 129 contos.

É de um descaramento absurdo e sem precedente, o Povo aguçar o beiço quando ouvir que certos Políticos têm viaturas caras e topo-gama, uns até custam mais de 7 mil contos; que usufruem de combustíveis grátis, da luz, água e telefone de borla; Internet da banda larga ilimitada e "nafabal"; por que tem duas empregadas pagas pelo Estado, ou melhor, pelos párias do Povo; ou por que também recebem mais 70 contos sobre os obesos ordenados mensais, como subsídio de renda de casa.

O Povo devia ter a consciência de que essas medidas são justas, imprescindíveis e equilibradas num estado de direito democrático.

Os Políticos que representam o Povo, devem, apresentar-se "bazofos", mormente, perante os seus congéneres.

Muitos eram paupérrimos e,  se não tivessem sido enjeitados com essas mordomias, o Povo ficaria mal representado. E não era nada de bom tom, ser o Povo representado por um Político "bandadju".

E há uma coisa que, às vezes, o Povo não leva em conta ou, simplesmente, não se apercebe. Que quanto mais Políticos saírem da cena ricos, mais famoso fica o País. Fica com mais um ricaço a constar da estatística. Não é por acaso que o País deixou de ser muito, "muito coitado" para ser "um País de "bóka stangu sustedu".

Não sejam injustos, criaturas. Não sejam ingénuos como em tempo, um Primeiro-ministro, há mais de 30 anos atrás, perdeu o poder, depois de 15 anos, e só tinha 150 contos no banco. E nem tinha uma casa sua para morar.

Hoje já as coisas mudaram-se. Mudaram-se tanto que, um único homem, "pikinoti móda bósta", se apossou dos terrenos do Palmarejo "Tudu sima sta" e, o advogado Vieira Lopes, o causídico que o meteu no chilindró, morreu logo e em circunstâncias dúbias. Porém, a Procuradoria-Geral da República, sendo fautor da ação penal, não promoveu nenhum inquérito, nem se mexeu numa palha sequer, apesar de estar escrito nos jornais da nossa praça em como terá sido atacado com gás pelas frestas da sua porta

O Povo não tem razão de reclamar. A não ser que queira ser insensato.

Palmarejo, 19 de novembro de 2022 

Armindo Tavares

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