Santiago Norte é uma das vítimas mais visíveis do descalabro que tem sido a governação do arquipélago, desde a independência. É um leão adormecido. Sem Santiago Norte o desenvolvimento de Cabo Verde não passará de ensaio, se a tal chegar... mas a descolagem estará sempre sob perigo de derrocada. A criação da região económica de Santiago Norte, com a concepção de programas e projetos estruturantes nos domínios da agricultura, pecuária, pescas e turismo, há-de ser dos poucos caminhos que ainda restam a Cabo Verde, se efetivamente o interesse, a aposta, for o desenvolvimento económico nacional, o empoderamento do potencial competitivo endógeno e a garantia da qualidade de vida das pessoas.
Serra Malagueta está em chamas desde ontem, dia 1 de abril. O parque natural está a ser consumido pelo fogo, há mais de 24 horas, e os municípios da região estão de mãos atadas. Os equipamentos de proteção civil são praticamente inexistentes na região, verificando-se a mesma situação em relação ao sector da saúde. É inaceitável para uma região com mais de 121 mil pessoas - cerca de 25% da população do país.
Cabo Verde precisa de mudar o seu olhar em relação à ilha de Santiago e a esta região em particular. Nota-se que Santiago Norte precisa de liderança. O que é, em certa medida, reflexo da liderança do próprio país no seu todo. Os governos têm falhado de forma reiterada com as diferentes regiões e ilhas do país. A governação deste país arquipelágico não pode continuar refém das contingências impostas pelos ciclos eleitorais.
Trabalhar sob os auspícios dos ciclos eleitorais está, pois, a custar muito caro ao país, e os municípios, ilhas e regiões estão sob ameaças evidentes de colapso. As famílias, os emigrantes, as empresas, andam a pagar faturas exorbitantes, suportando tributos e taxas para alimentar uma política que mais não faz do que hipotecar o futuro desta nação, estripando o país dos seus principais recursos estratégicos, alguns de grande valor competitivo no contexto de um mundo globalizado, porém, desigual, injusto, insensível.
E Santiago Norte é uma das vítimas mais visíveis do descalabro que tem sido a governação do arquipélago, desde a independência. É um leão adormecido. Sem Santiago Norte o desenvolvimento de Cabo Verde não passará de ensaio, se a tal chegar... mas a descolagem estará sempre sob perigo de derrocada.
A criação da região económica de Santiago Norte, com a concepção de programas e projetos estruturantes nos domínios da agricultura, pecuária, pescas e turismo, há-de ser dos poucos caminhos que ainda restam a Cabo Verde, se efetivamente o interesse, a aposta, for o desenvolvimento económico nacional, o empoderamento do potencial competitivo endógeno e a garantia da qualidade de vida das pessoas.
O nosso país demanda por um governo capaz de trabalhar uma visão holística do processo de desenvolvimento, de longo prazo, livre das contingências impostas pelos ciclos eleitorais.
Cabo Verde é um país minúsculo e insular. Aqui, o processo de desenvolvimento deve ser pensado num contexto em que o somatório do potencial do seu território ilhéu, descontinuo, será necessariamente o denominador comum em todas as equações, programas e projetos a serem concebidos e executados, vinculados a uma distribuição criteriosa e justa da riqueza nacional.
O potencial de Santiago Norte, pelo impacto que tem e terá no processo de desenvolvimento de Santiago e de Cabo Verde, não pode ser ignorado como tem acontecido até aqui. Abraços de um domingo abençoado para todos os cabo-verdianos.
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