Praia vítima de escassez de água. Moradores procuram alternativas
Sociedade

Praia vítima de escassez de água. Moradores procuram alternativas

Na capital cabo-verdiana, a escassez de água e a imprevisibilidade do fornecimento tem forçado os moradores a procurarem alternativas para colmatarem as dificuldades diárias.

"A água vem uma vez por mês, mas não tem um dia certo, e nós temos que adivinhar", relatou Etson Carvalho, de 37 anos, residente no bairro Eugénio Lima.

Para não perder nenhuma gota, caso a água chegue enquanto está fora de casa, Etson deixa a torneira aberta.

"A água quando vem, vai embora o mais rápido ainda. Deixámos a torneira aberta e às vezes vem à noite, quando amanhece, a rua está cheia. Isso acontece sempre e é lamentável", contou, explicando que encheu os reservatórios no início de dezembro de 2024.

A falta de água levou-o várias vezes a comprar em autotanques ou pedir a vizinhos, uma solução nem sempre eficaz, já que muitos enfrentam os mesmos problemas.

Etson e a sua família já passaram dias sem tomar banho, priorizando a alimentação e tentando economizar ao máximo.

A falta de água é um problema recorrente na cidade da Praia, que tem 145 mil habitante, e afetando vários bairros.

Para muitos, a água tornou-se um luxo.

Apesar das contas mensais de água, a população tem que recorrer a alternativas como a compra em autotanques.

António Fernandes, de 56 anos, que também reside em Eugénio Lima, contou que teve um dezembro difícil, com quatro barris vazios e apenas um dia de fornecimento de água.

"Eu tomo banho com uma caneca porque não há água", relatou, destacando as dificuldades para manter as condições mínimas de higiene.

Mesmo reclamando várias vezes, nunca obteve resposta ou solução.

Fernando Carvalho, de 56 anos, morador da Achadinha, resumiu a situação de muitos: "Na minha casa, estou seis meses sem água, só vem aquele folguinho, mais nada".

As reclamações têm sido constantes.

Carolina Évora, cabo-verdiana que vive em Portugal há mais de seis anos, voltou recentemente à capital, com familiares para passarem as festas de fim de ano e foi surpreendida com a falta de água na sua casa no bairro de Achada São Filipe.

"O último dia que a água chegou foi no dia 26 de dezembro. Fiquei surpreendida porque, embora sejamos cabo-verdianos, não estamos habituados a essa falta de água tão prolongada", explicou.

Para atender às necessidades da casa, tem comprado água, o que acarreta altos custos, especialmente considerando a grande quantidade de pessoas na casa.

"Sabemos que a água é um bem precioso, mas sem ela não conseguimos viver o dia-a-dia. Pensava que, com o tempo, a situação tinha melhorado, mas, pelo contrário, o problema persiste. Acredito que a má gestão é a principal causa", concluiu Carolina, apontando a administração ineficaz como um dos fatores que agrava esta crise na cidade.

Margarida Monteiro, de 80 anos, moradora da Várzea, vive sozinha e, com a chegada esporádica da água, tem feito sacrifícios, como "levantar às cinco horas da manhã" para tentar captá-la.

A Lusa tentou obter esclarecimentos junto da empresa Águas de Santiago, mas não obteve resposta.

Há quatro dias, a empresa afirmou na página oficial do Facebook que a escassez de água deve-se a uma avaria no sistema de produção e que todos os esforços estão a ser feitos para restabelecer o fornecimento.

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Comentários

  • Casimiro centeio, 4 de Jan de 2025

    "SOMOS DIFERENTES, FAZEMOS DIFERENTE"
    "ULISSES É SOLUÇÃO" !

    • LUCIANO, 5 de Jan de 2025

      ESTA É A PIOR VERSÃO DO MPD, LIDERADO PELO PM, UCS.
      A SUA IDEIA EM CRIAR A ADS NUNCA CONSTITUIU EM PROL DA MELHORAS EM BENS ESSENCIAIS, E, ADS É O CÚMULO DAS FRUSTRAÇÕES. DESDE A SUA CRIAÇÃO, NASCEU CANCERÍGENO EM TODO O APARELHO DO ORGANIGRAMA.
      NÃO É ALTERNATIVA TER O ULISSES EM UM PRÓXIMO GOVERNO, OU PELO MENOS, NÃO VOTAREI MPD CASO ELA SEJA CANDIDATO.

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