A embarcação que deu à costa na ilha da Boa Vista com oito migrantes africanos partiu do Senegal, tinha como destino a Espanha, e esteve 34 dias à deriva no mar, informou hoje a autarquia local.
Segundo a Câmara Municipal da Boa Vista, a embarcação foi encontrada por volta das 10:00 de sexta-feira, com oito pessoas a bordo, que relatavam às autoridades locais, que após falha do GPS, o barco esteve 34 dias à deriva no mar.
“Disseram ainda que a embarcação partiu do Senegal rumo a Espanha, inicialmente com 21 pessoas a bordo. Com o passar dos dias 13 acabaram por falecer, pelo que, os sobreviventes atiraram-nos ao mar”, informou a autarquia.
A mesma fonte indicou que todos os oito sobreviventes foram encaminhados para a Delegacia de Saúde da Boa Vista.
O presidente substituto da Câmara Municipal, Abel Ramos, disse que representantes da Associação Senegalesa dirigiram-se à Delegacia de Saúde para aguardar o resultado do quadro clínico dos sobreviventes.
“Igualmente, a equipa de Comunidades Imigradas, Solidariedade e Ação Social já se encontram a mobilizar recursos de apoio, nomeadamente, produtos de higiene, vestuários, produtos alimentares, alojamento, entre outros, e oferecê-los conforto neste momento delicado”, deu conta ainda o autarca, que esteve acompanhado de mais dois colegas vereadores, equipa de Proteção Civil e Bombeiros Municipais.
“Também é importante referir que já contactamos a Alta Autoridade de Imigração e Embaixada dos países do Senegal e Mauritânia", pelo que entre os sobreviventes também estão cidadãos de nacionalidade mauritana, precisou Abel Ramos.
Na sexta-feira, o diretor do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros da Boa Vista, Kevin Tomes, disse à Lusa que a embarcação deu à costa na zona norte da ilha, em Cruz Morte.
Além da Câmara Municipal, apoiaram o processo de resgate e salvamento a Turtle Foundation, Polícia Nacional, Polícia Judiciária, Serviços de Fronteira, Delegacia de Saúde e Cruz Vermelha.
Esta não é a primeira vez que embarcações africanas dão à costa em Cabo Verde, sendo o anterior caso em julho de 2021, com apenas um cadáver a bordo, ao largo da ilha de Santo Antão.
Em 16 novembro de 2020, uma embarcação deu à costa da ilha do Sal com 68 migrantes clandestinos a bordo, e vários órgãos de comunicação social deram conta de cerca de 150 pessoas que teriam saído do Senegal.
Quatro dias depois, foram avistados seis corpos no mar da mesma ilha, suspeitando-se que faziam parte da embarcação.
Em novembro do mesmo ano, Cabo Verde e Senegal manifestaram a vontade de reforçar a cooperação e trabalhar em conjunto com os outros Estados africanos para combater a imigração ilegal.
“É preciso reforçar aqui a nossa cooperação ao nível da segurança, ao nível das fronteiras, ao nível deste atendimento deste fenómeno da imigração ilegal”, sustentou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e da Integração Regional de Cabo Verde, no balanço de uma visita de uma semana ao Senegal e à Nigéria.
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