O PAICV pediu hoje a “reposição imediata” do subsídio da farinha de trigo como a “melhor forma” que o Governo tem para diminuir o preço do pão, sublinhando que se trata de “um dos principais alimentos” dos cabo-verdianos.
O pedido foi feito pela deputada Adelsia Almeida, eleita nas listas do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), em conferência de imprensa, na Cidade da Praia, sobre o “aumento gradativo de preços” registado nos últimos tempos.
Para a parlamentar, o Governo tem que reflectir sobre a sua posição ideológica e a teoria do mercado, porque no contexto de incerteza da economia nacional e internacional, em que as famílias cabo-verdianos ainda estão sendo atingidas pelos impactos das crises, “sem rendimentos, sem emprego e aumentos salariais residuais, os cabo-verdianos sentem anualmente a “degradação do seu salário real”.
“Os cabo-verdianos vêm enfrentando um aumento generalizado do custo de vida, com aumento de preços de quase todos os bens de primeira necessidade. Menosprezando a grave situação de aperto em que as famílias vivem, na qual muitas não conseguem levar a panela ao lume, neste novo ano”, afirmou.
Porém, prosseguiu, o Governo decidiu “sufocar ainda mais” o poder de compra dos cabo-verdianos, retirando a subsidiação da farinha de trigo, provocando assim “um aumento brutal” deste produto, de primeira necessidade, “em quase 60 %”, ou seja, um saco de farinha que custava antes 2.890 escudos passa agora a ser vendido a 4.600 escudos.
“Este aumento brutal do custo da farinha está a ter um impacto direto em todos os seus derivados, com destaque para o preço do pão carcaça, que passou de 15 escudos para 20 escudos a unidade”, delcarou a deputado, lembrando que o pão já tinha conhecido um aumento de 50 %, em Abril de 2021, e de 19%, em Fevereiro de 2022, “factos ignorados” pelo Governo, que alega que “o mercado é livre e que se autorregula”.
Segundo a deputada do PAICV, este aumento do preço do trigo tem também impacto direto no ganha-pão dos cidadãos, sobretudo pelas mulheres chefes de famílias, que têm no trigo a “principal matéria prima” para preparem esse produto para venda e retirarem o sustento para as suas famílias.
Por outro lado, a mesma fonte acrescentou que os proprietários das padarias e pastelarias e os distribuidores de pão que já estavam “sufocados” com outros aumentos, como os combustíveis, são obrigados a reduzirem os custos dos seus negócios, o que poderá levar “centenas de jovens e chefes de famílias ao desemprego”.
Para o PAICV, Cabo Verde precisa de um Governo com “rosto humano” e que face ao contexto de crise, adopte “medidas extraordinárias” para ajudar as famílias a enfrentar o “aumento brutal” dos preços de bens de primeira necessidade, socorrendo os cabo-verdianos, dando-lhes a possibilidade de terem à mesa um produto básico na sua dieta alimentar, como é o pão.
“É preciso lembrar que o Governo tem vindo a arrecadar um conjunto de receitas através das taxas que derivam do aumento do preço dos combustíveis, da energia e de outros bens, que lhe permite perfeitamente manter o subsídio da farinha, evitando o aumento da subida do preço do pão, e que pode evitar esse aumento através da diminuição ou retirada do IVA” afirmou a deputada do PAICV, Adelsia Almeida.
A mesma fonte considerou que uma outra forma de o fazer é através da redução das “supérfluas despesas” do Governo com viagens, estadias e subsídios, canalizando os montantes para a subsidiação de produtos de primeira necessidade, evitando a subida dos preços.
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