Estudo. Aumenta a percepção da corrupção em Cabo Verde
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Estudo. Aumenta a percepção da corrupção em Cabo Verde

A Polícia lidera a lista das instituições corruptas na percepção da ocorrência em todas as instituições analisadas em relação a 2014, enquanto as Forças Armadas se destacam pelo maior grau de confiança, segundo dados revelados hoje pela Afrosondagem.

O inquérito relativo a 2017, sobre a qualidade da democracia e da Governação considera que houve um aumento da percepção da corrupção em Cabo Verde e uma diminuição, cada vez maior, na confiança das instituições, mas, entretanto, aponta a Polícia como a terceira instituição mais confiável.

Segundo dados hoje tornados públicos, “as instituições não eleitas continuam a granjear maior confiança dos cabo-verdianos comparativamente às eleitas, com o Presidente da República a merecer o maior grau de confiança, seguido pelo primeiro-ministro.

Ainda assim, o primeiro-ministro é apontado como “a instituição melhor avaliada pelos cabo-verdianos, ultrapassando o Presidente da República, pela primeira vez”, sendo que os vereadores “colhem uma avaliação menos positiva no conjunto das instituições avaliadas”.

Neste quadro, concernente a 2014/17, sobre a corrupção percebida no sector público, regista-se um aumento na ordem de quatro por cento, com a Polícia a liderar a tabela com 23 por cento, seguida dos vereadores (17), funcionários públicos, gabinete do primeiro-ministro, gabinete do Presidente da República, deputados da Assembleia Nacional (16 por cento cada), precedido de juízes e magistrados com 11 por cento.

Já no campo da confiança das instituições públicas, foi marcada pela diminuição quando comparado com 2014 em todas as instituições, com as Forças Armadas a comandar a lista das mais confiáveis, com 62 por cento, seguida dos Tribunais Judiciais (55), da Polícia (53), do Presidência da República ( 49), primeiro-ministro e da Comissão Nacional de Eleições (43).

A Assembleia Nacional surge no sétimo lugar no universo destas dez instituições, com 40 por cento de confiança dos cabo-verdianos, procedida do partido no poder, também com 40 por cento, executivo camarário (35) e dos partidos políticos da oposição (31).

Quanto ao nível dos principais problemas do país nesse quadriénio, 84 por cento dos inquiridos colocam o desemprego no top 10, seguido de crime e segurança (32 por cento), pobreza e destituição (31), saúde e seca (24), educação (13), abastecimento de água (12), falta de alimento/fome (11), lavoura/agrícola e habitação com 7% cada.

O director-geral da Afrosondagem considera que, desde 2011, nota-se uma virada, mas que “a percepção da corrupção é baixa”, mas que “tem vindo a aumentar, o que cria alguma preocupação”.

Recomenda o Governo a tomar medidas mais eficazes para combater este mal, uma vez que cerca de 61 por cento dos cabo-verdianos inqueridos avaliam negativamente o executivo neste combate.

Em relação à Polícia, instituição que, curiosamente surge como a mais corrupta e simultaneamente das mais confiáveis, José Semedo disse que, “provavelmente, por ser uma instituição secular e que os cabo-verdianos, de uma forma geral necessitam, ainda mantém o nível de confiança, que tem vindo a decrescer ao longo dos anos”.

O afrobarometer é apresentado como uma rede de pesquisa africana, não-partidária, que mede as atitudes dos cidadãos em matéria de democracia, governação, economia, sociedade civil, e outros tópicos, iniciado em 12 países em 1999, com expansão para 36 países africanos no Round 6 (2014/2016). Round 7 foi realizado 2016/2018.

Tem o objectivo de “dar ao público uma voz na formulação de políticas, fornecendo dados, considerados de alta qualidade de opinião pública”, destinados aos responsáveis políticos, defensores de políticas, organizações da sociedade civil, académicos, mídia, investidores, doadores e os africanos comuns.

O inquérito é realizado em cada país por parceiros nacionais, pelo que em Cabo Verde está sob a responsabilidade da Empresa Afrosondagem.

Em Cabo Verde, segundo a Afrosondagem, foi inquerido 1200 pessoas com 18 anos ou mais de idade, de 20 Novembro a 05 Dezembro de 2017, com uma margem de erro de mais ou menos 3% e um nível de confiança de 95%.

Com Inforpress

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